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Carne maturada

Por Fabiana Donato Aviles1

Você já foi a uma churrascaria e se deparou com um garçom vindo lhe servir uma “picanha maturada”, você rapidamente se delicia com uma carne suculenta, saborosa e macia. Já se perguntou o que é uma carne maturada?

Carne maturada nada mais é que um processo natural de amaciamento da carne. É um processo que não acontece da noite para o dia.

Este processo pode ser influenciado por algumas variáveis, tais como, espécie e raça do animal, velocidade de glicólise, quantidade e solubilidade do colágeno, comprimento do sarcômero das miofibrilas, força iônica e degradação das proteínas miofibrilares (Felício, 1997).

Maturação consiste em manter a carne fresca a uma temperatura superior ao seu ponto de congelamento que é -1oC, com o objetivo de torná-la mais macia e com aroma peculiar (LUCHIARI, 2000). Ela torna a carne mais tenra e aromática, sendo esta mudança devida, sobretudo à atividade enzimática (PARDI et al., 2001).

A maturação é o processo controlado de atuação das enzimas naturais da carne bovina que agem nas proteínas causando proteólise (LUCHIARI, 2000).

De acordo com FORREST et al. (1979), o amaciamento que tem lugar durante a maturação é devido, em parte, à degradação de alguns dos tecidos conjuntivos do colágeno do músculo, através da ação das catepsinas. Além das proteínas musculares sofrerem a ação das enzimas proteolíticas, são sujeitas ainda à desnaturação que atinge também o colágeno em conseqüência da queda rápida do pH.

O processo de maturação se inicia logo após o abate do animal. Deve ser realizado em câmara de resfriamento a 0oC com temperatura e umidade rigorosamente controladas, por um tempo mínimo de 8 dias.

Os fatores mais relevantes do processo de maturação são o tempo e a temperatura.

Os melhores resultados são obtidos de 8 a 12 dias. Não existe nenhum impedimento em se manter a carne por mais de 12 dias. Alguns estabelecimentos maturam carnes por 28 dias e em alguns casos, até por mais tempo. Porém, quando de boa qualidade e procedência, vai atingir o seu ponto ideal de maturação entre 8 e 12 dias, tempo suficiente para assegurar maciez (LUCHIARI, 2000).

Logo depois da desossa essa carne é embalada a vácuo. Essa embalagem impede a multiplicação dos microrganismos aeróbios, que representam a maioria dos contaminantes naturais da carne, responsáveis pela sua deterioração, mas propicia condições favoráveis ao desenvolvimento de bactérias láticas. Estas vão produzir ácidos que reduzem o pH da carne, dando-lhe maior durabilidade.

Com relação à temperatura, quanto mais alta, mais rapidamente há manifestação dos efeitos da maturação sobre a carne, porém também é mais alto o risco de contaminação microbiológica, portanto maior a probabilidade de deterioração da carne. Por outro lado, quanto menor a temperatura da carne resfriada, mais tempo para as enzimas atuarem e menor seria o crescimento bacteriano. Dentre microrganismos deterioradores mais ativos estão os aeróbicos (necessitam de O2) outros em menor atividade, seriam anaeróbicos, ou aeróbicos facultativos. Uma alternativa utilizada para evitar esse fenômeno de contaminação é a utilização de embalagens a vácuo, ou atmosfera modificada com teores residuais de oxigênio baixo e os anaeróbicos, que crescem em ausência de oxigênio, no interior dos cortes (PEREIRA, 2004).

O líquido encontrado nas embalagens da carne maturada embalada a vácuo, que tem uma coloração escura é esperado. Este líquido é decorrente da quebra das fibras musculares, liberando proteínas, água e compostos solúveis. A cor escura é rapidamente revertida a um vermelho vivo, quando a embalagem é aberta. Esse é um fenômeno natural, onde a mioglobina, proteína estrutural da fibra muscular, em ausência de oxigênio assume a coloração vermelha escuro, expondo a mioglobina à presença de oxigênio, ocorre a ligação mioglobina-oxigênio que assume uma nova conformação e passa a ter coloração vermelha vivo brilhante. Após algumas horas de exposição ao meio ambiente, mesmo em presença de oxigênio, a carne tende a uma coloração vermelha escuro, que pode chegar até á cor marrom.

Para saber mais informações sobre carne bovina, acesse o site do Serviço de Informação da carne – SIC: www.sic.org.br e agora também temos a versão em inglês: www.sic.org.br/english.

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1 Fabiana Donato Aviles é zootecnista do SIC (Serviço de Informação da Carne)

O endereço de contato do SIC é:

SIC – Serviço de Informação da Carne
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