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Carne orgânica atrai investimentos de exportadores

Na sexta-feira passada o frigorífico paulista Independência – um dos maiores exportadores brasileiros, localizado em Cajamar (SP) – realizou, em Mato Grosso do Sul, o primeiro abate de bois certificados como orgânicos pelo Instituto Biodinâmico (IBD) no Brasil. Foram abatidas 120 cabeças, que propiciaram a produção de 23 toneladas de carne, destinadas ao mercado europeu. Os negócios foram fechados com adicional de 3% a 22% sobre os preços da carne convencional.

Segundo o frigorífico, a Nestlé da Inglaterra está negociando um contrato para a compra de carne bovina orgânica para sua fábrica de alimentos infantis. Outras grandes redes de supermercados também mantêm conversações com o Independência.

Há cerca de 2 anos o frigorífico Independência introduziu a criação orgânica – sistema que veta o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos no pasto, substitui medicamentos por homeopatia e fitoterapia e conta com rastreabilidade completa desde a fazenda ao frigorífico – em duas fazendas do grupo, localizadas em Nova Andradina (MS). Segundo Antônio Russo Neto, presidente do Independência, até o início de 2003, as 20 mil cabeças das duas fazendas serão integralmente orgânicas. Hoje, o grupo Independência mantém 7100 animais certificados ou em processo de certificação como orgânicos (3000 hectares).

Entre as vantagens comerciais da carne orgânica, o presidente do frigorífico menciona a possibilidade de vender todas as peças do animal e não apenas os cortes nobres, mais procurados pela Europa. Segundo Russo Neto, indústrias de embutidos do Reino Unido e da Alemanha são clientes interessantes para os cortes de dianteiro do boi orgânico. “Normalmente, exportamos o equivalente a duas arrobas, a parte nobre.” As outras 14 a 16 arrobas que completam o peso vivo do animal eram destinadas a mercados do Oriente Médio ou às vendas domésticas.

Segundo Russo Neto, até julho de 2002, 18 mil animais estarão em processo de certificação como orgânicos nas fazendas do Independência, num total de 5000 hectares. “Todas as 70 mil cabeças de nossas 31 fazendas funcionarão no sistema de criação orgânica até 2004, se o mercado continuar respondendo favoravelmente ao produto.” Das 31 fazendas – entre propriedades da empresa e arrendamentos – cinco serão convertidas para o sistema orgânico numa segunda fase do projeto do Independência, em 2003.

A criação de gado orgânico começa a se expandir no Mato Grosso do Sul, visando aos mercados das grandes metrópoles brasileiras e do exterior, principalmente a Europa, onde o consumo de carne orgânica vem crescendo 20% ao ano. Segundo Russo Neto, esse aumento da demanda por produtos naturais foi impulsionado pelas crises sanitárias ocorridas recentemente neste continente.

Outros projetos

Além do projeto do Independência, um programa é desenvolvido junto a seis fazendas do Pantanal do Mato Grosso do Sul sob gerência da Organic Connection, empresa que tem como parceiros o IBD, a organização ambientalista Conservation International (CI), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa, o Banco do Brasil e a Universidade de São Paulo. Juntas, as seis fazendas criarão anualmente até 7000 cabeças de bezerro orgânico para engorda.

Pesquisa feita pela Organic Connection em maio passado mostrou que grandes supermercados da Grande São Paulo estariam dispostos a pagar aos frigoríficos preço extra de 15% a 25% em relação ao valor da carne convencional.

fonte: Gazeta Mercantil (por José Alberto Gonçalves), adaptado por Equipe BeefPoint

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