Enquanto no Brasil a pecuária orgânica é praticamente desconhecida segundo pesquisa da WWF-Brasil, na Europa, em países como Alemanha, Itália, Holanda, França e Reino Unido, a demanda pelo produto cresce, em média, 10% ao ano. E essa carne é proveniente do Brasil.
A Aspranor (Associação Brasileira de Produtores de Animais Orgânicos), que reúne 13 propriedades e 150 mil cabeças de gado orgânico, deve fornecer 24 mil animais certificados como orgânicos para o Friboi abater este ano. O volume é o dobro do ano passado. “Acredito que iremos crescer 100% ao ano por um período bastante longo”, avaliou o presidente da entidade, Henrique Balbino, acreditando também no crescimento do mercado interno.
O gerente de marketing e responsável pela área de carne orgânica do Friboi, Flávio Saldanha, acha que o potencial de crescimento das vendas do produto no mercado interno é grande. Segundo ele, 55% a 60% da carne produzida – e comercializada com a marca Organic Beef Friboi – já ficam no mercado interno e o restante é destinado à exportação.
Já o presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO), Homero José Figliolini, aposta no crescimento entre os consumidores que já compram outros produtos orgânicos. Ele também preside a Cooperativa dos Produtores Orgânicos do Pantanal, a Cooperbio, no Mato Grosso do Sul, que reúne 22 fazendas de produção de gado, num total de 70 mil animais. Parte do rebanho é certificada e outra está em fase de certificação.
Segundo Figliolini, até o fim do ano a cooperativa fornecerá gado para abate em frigorífico terceirizado e vai vender carne com a marca Cooperbio no mercado interno. “Exportaremos depois que tivermos controle do volume de produção, do fornecimento e da padronização”, avisou.
Dentre os 763 entrevistados pela WWF-Brasil, 70% desconheciam o que é carne orgânica e as características do sistema de produção. Além disso, 28% informaram que já viram carne orgânica nos mercados e 31,8% disseram que pagariam entre 5% e 30% a mais pelo produto desde que este atenda “às expectativas de melhor qualidade”.
O preço pago ao pecuarista pela arroba do boi orgânico, no entanto, é apenas 3% a 7% superior à arroba do gado convencional. “Cobre o custo, que é 7% maior, por causa do maior período de tempo no campo”, afirmou Balbino a Alda do Amaral Rocha, do Valor.