O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, deve assinar nesta semana portaria regulamentando a rastreabilidade da carne bovina brasileira, medida que obrigará os exportadores a fornecer informações completas sobre o produto antes do embarque.
Espécie de carteira de identidade do boi, esses dados informam a data de nascimento do animal, os sistemas de alimentação e de manejo efetuados na fazenda e o dia do abate.
Numa primeira fase, a exigência será para a carne destinada à União Européia, pois, conforme informa a ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), de Uberaba (MG), que reúne os maiores criadores brasileiros de gado de corte. No dia 2 deste mês, os europeus decidiram comprar somente a produção de origem conhecida.
Seu presidente, José Olavo Borges Mendes, no entanto, afirma que a União Européia deu ao Brasil um prazo até julho para a adaptação à nova medida. “O programa vai dar mais qualidade à carne brasileira e aumentar o interesse internacional pelo produto”.
A decisão européia de identificar a origem da carne deve-se ao aparecimento de doenças como o mal da vaca louca e a aftosa, que atacaram o gado de países como Reino Unido e França, contaminaram o produto e fizeram o consumo desabar na Europa.
Luiz Carlos de Oliveira, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, informou que em breve a rastreabilidade será exigida também para a carne exportada para outros países.
A portaria do governo se explica também pelo forte incremento das exportações nacionais de carne bovina no ano passado. A Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (ABIEC) calcula que o faturamento tenha ultrapassado US$ 1 bilhão. No primeiro semestre de 2001, a entidade projetava US$ 800 milhões para os 12 meses do ano, valor que já superava os US$ 760 milhões de 2000.
O Brasil não possui ainda um sistema de rastreabilidade da carne bovina regulamentado pelo governo. Excetuando-se as empresas que saltaram à frente e que já possuem o histórico dos seus animais, os cadastros incluem apenas informações genéricas sobre os rebanhos como um todo.
“A rastreabilidade vai muito além. Permite identificar, a partir de um corte de carne na gôndola do supermercado, a vaca que o produziu, o nome da fazenda, do frigorífico e até o que o animal comeu”, explica Renato Cavalini, presidente das Fazendas Bartira, pertencente ao grupo Brascan, que anunciou, no final de 2001, uma parceria com outras grandes empresas para a implantação de um megaprojeto de rastreabilidade com certificação de origem.
Fonte: Agrofolha – Folha de São Paulo adaptado por Equipe BeefPoint