A carne bovina é uma das principais fontes de minerais, em especial ferro e zinco, minerais que são indispensáveis para um crescimento saudável, bem como vitaminas e proteínas.
Por Daniel Magnoni, Cardiologista e Nutrologo
HCor / Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – SP
A carne bovina é uma excelente fonte nutricional. É uma das principais fontes de minerais, em especial ferro e zinco, minerais esses que são indispensáveis para um crescimento saudável, bem como vitaminas e proteínas.
O homem é um mamífero onívoro, ou seja, que se alimenta de carnes e vegetais. Nossos ancestrais buscavam seus alimentos através da caça e da pesca, além de frutos que colhiam, em uma incessante atividade coletora. Com o passar dos milênios, o homem passou a ter outras atividades e perdeu em parte algumas características de caçador / coletor.
Assim, para obter seus alimentos protéicos e de alto valor nutricional, passou a domesticar outros animais. No processo evolutivo, seguiu comendo carne de mamíferos, aves e peixes, além de consumir também alguns de seus derivados como o leite e os ovos.
Nossos ancestrais, como fazem todos os mamíferos, tomavam leite na primeira infância, mas com a domesticação de animais, passaram a tomar leite por toda a vida, sendo que alguns adultos não toleram plenamente o leite, pela incapacidade que os mamíferos têm de absorver a lactose na vida adulta, causa frequente de diarréias e distúrbios do trato intestinal.
Para o crescimento das crianças, minerais como ferro e zinco são fundamentais e a carne é uma excelente fonte nutricional. Além do que as crianças durante o crescimento necessitam de proteínas. As proteínas são fontes de aminoácidos que constituem a base do crescimento, podendo ser exemplificadas como os tijolos de uma construção. A carne bovina, como os demais alimentos de origem animal, são as principais fontes de proteínas de alto valor biológico, ou seja, proteínas que fornecem todos os aminoácidos essenciais para o crescimento. Os aminoácidos essenciais são aqueles que nosso organismo não consegue sintetizar a partir de outros e, se não forem fornecidos, haverá alguma carência.
Não há qualquer contra-indicação para o consumo de carne em gestantes, outra grande dúvida da população geral. Na gestação é importante uma alimentação completa para permitir o crescimento adequado do feto, que por sua vez, também necessita de grandes quantidades protéicas. A carne é um dos principais alimentos que fornecem as proteínas e aminoácidos essenciais para o crescimento fetal.
A freqüência de consumo da carne bovina depende mais dos hábitos alimentares que de uma recomendação nutricional. No Rio Grande do Sul, a carne faz parte dos hábitos alimentares diários da população, que em geral come carne pelo menos uma vez por dia.
Em regiões como a Norte e, mesmo a Nordeste do Brasil, o peixe é mais consumido que a carne bovina. O importante é que se consuma uma alimentação variada, com alimentos de diferentes origens, permitindo uma diversidade de nutrientes, sem restrições que possam interferir numa alimentação completa.
Os problemas de saúde como obesidade, diabetes e doenças do coração não estão relacionados especificamente ao consumo de carne vermelha.
Na verdade, o grande vilão da alimentação humana de nosso século são as gorduras e os carboidratos em excesso. Outro grande vilão é a gordura trans. As carnes não possuem essas gorduras com ácidos graxos “trans”. O consumo de carne com alto teor de gordura pode ser perigoso no tocante a gordura saturada. As carnes, quando consumidas em excesso podem prejudicar os níveis de colesterol e triglicérides, um ponto favorável à carne brasileira é a diferenciação com a gordura entremeada, típica da carne argentina e uruguaia. Grande parte da carne vendida no Brasil possui pouca gordura entremeada, sendo a gordura externa facilmente removida no momento do preparo.
As gorduras ricas em ômega 6, sabidamente são pró-inflamatórias, podem favorecer o aparecimento de doenças cardiovasculares.
Os animais que nossos ancestrais caçavam, em geral tinham pouca gordura, pois estavam soltos e buscavam sua alimentação livremente na natureza. Os animais criados em cativeiro para alimentação humana, algumas vezes têm muito pouca atividade e por esse motivo acumulam grande quantidade de gordura. É preferível o consumo de carne bovina em que os animais sejam criados soltos em pastagens, recebendo alimentação selecionada, mas em movimentos e não completamente estabulados.
Para um crescimento saudável, as proteínas devem fornecer todos os aminoácidos essenciais.
Os vegetais não costumam ter proteínas de alto valor biológico, ou seja, que forneçam todos os aminoácidos essenciais, bem como não são fontes de Ferro, Zinco, Selênio e vitamina B12, importantes para o perfeito metabolismo do homem moderno.
Por fim, o consumo de carne, pode e deve ser estimulado, o problema reside na quantidade e na qualidade da carne apresentada para consumo.
6 Comments
Prezados
Quero parabenizar essa materia, pois não vejo nenhum marketing positivo para o consumo de carne vermelha.
Sabemos que o consumo de carne vermelha faz bem para a saude, temos que fazer um divulgação em massa sobre isso.
Grato
Flavio
Meus parabens! Objetivo e esclarecedor este trabalho do Dr. Daniel, magnifico! E muito obrigado.
Dr. Daniel
Parabéns pelo Artigo.
Gostaria de salientar o fato de que a carne produzida no Brasil possui uma relação Omega 6:Omega 3 bastante FAVORÁVEL a saúde. Experimentos realizados na UFRGS no RS (MEDEIROS 2008) mostraram que para animais terminados em pastagens com níveis crescentes de suplementação com milho de até 1,2% do PV, a relação Omega6:Omega 3 esteve abaixo de 4, considerada adequada e saudável. Já os animais no mesmo experimento terminados em confinamento com dieta de 50% de concentrado apresentaram uma relação igual a 4. Segundo as modernas recomendações dietéticas este é o valor adequado, devendo ser buscado como equilibrio. Carnes de outras espécies como Suino e Aves possuem relações menos favoráveis quanto a estes ácidos graxos. Este balanço de ácidos graxos é de fundamental importancia pois o excesso os ácidos graxos Omega 6 tem propriedades PRÓ-Inflamatórias enquanto os Omega 3 exercem função contraria. Este fato, associado a todas as propriedades nutricionais muito bem citadas pelo senhor mostram o papel fundamental da carne bovina em uma dieta equilibrada.
Esta sendo conduzido na UFRGS junto ao Instituto de Cardiologia do RS um trabalho sem precedentes no Brasil avaliando os efeitos do consumo de carne bovina nos niveis de colesterol e trigilicerídios em humanos. Os resultados preliminares são fantásticos e ratificam a NÃO RELAÇÂO entre alteração lipidica (colesterol alto) e o consumo regular de carne bovina, independentemente de se produzida a pasto ou em confinamento. Creio que em breve estes dados já estarão publicados!
Abraço,
Fábio Schuler Medeiros
Excelente artigo de divulgação científica sobre consumo de carne e saúde. Entretanto, o Dr. Daniel se equivocou ou talvez tenha alguma explicação para dizer que "As carnes não possuem essas gorduras com ácidos graxos trans". A verdade é que os ruminantes hidrogenam lipídios no rúmen e acumulam alguns ácidos graxos trans, não necessariamente prejudiciais à saúde. O site do Departamento de Agricultura dos EUA (http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/cgi-bin/list_nut_edit.pl) traz análises, por exemplo, de carne moída com 20% de gordura; a cada 100 g dessa carne tem-se 1,232 g de trans. Não me lembro de análises do gênero na carne bovina brasileira de alta confiabilidade, mas não creio que haja motivo para diferenças devido à genética ou alimentação, pois é uma particularidade própria dos ruminantes, que também excretam os a.gs. trans no leite.
Meus cumprimentos ao Dr. Daniel Magnoni, que eu admiro muito.
Otimo artigo!Parabéns. irei compartilhar
Prof Felicio
Fico feliz em ouvir uma autoridade na carne dar respaldo ao que já venho afirmando há tempos. De fato, o ano retrasado fizemos uma palestre pelo SIC em Esteio e demonstramos aos presentes a importância da paridade Ômega 3:Ômega 6 pelos seus contrapontos (efeito inflamatório e antiinflamatório) e citamos a presença dos ácidos graxos trans de ocorrência natural, comprovadamente inócuos à saúde humana, senão benéficos.
Vamos à luta, prof, continuando a citar os inúmeros benefícios que a carne vermelha pode conferir à saúde humana, enquanto grande parte da mídia ainda teima em combatê-la.
Abs
Prof Dra Licinia de Campos