Embalados pelos excelentes resultados obtidos em 2001, governo e exportadores brasileiros de carnes têm esperança de que a abertura de novos mercados possa manter aquecidos os embarques nos próximos anos. Mas, ao contrário de produtos como soja, açúcar e suco de laranja, em frango, suínos e bovinos este processo depende muito mais da costura de acordos sanitários do que propriamente da queda de tarifas.
É o que acontece na carne bovina. De olho na China, o setor sabe que, apesar da existir um acordo sanitário com o país, faltam critérios bilaterais de certificação para que as exportações brasileiras sejam liberadas, e espera avanços nesse sentido durante viagem do presidente Fernando Henrique ao país em abril.
O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Ênio Marques, lembra que também é preciso desatar um nó político para chegar à China. Isso porque o Brasil restringe a importação de alguns produtos chineses, como alho e tripa, e esta barreira os chineses querem derrubar para negociar na área de carnes, inclusive suína e de frango. A Abiec calcula que, resolvidos o impasse e a questão sanitária, o Brasil poderia exportar US$ 20 milhões por mês para esse país.
Os EUA também interessam. Mas, para vender carne in natura aos americanos, o Brasil tem de retomar a avaliação de risco no Circuito Pecuário Sul, paralisada quando a aftosa reapareceu no Rio Grande do Sul, em agosto de 2000. A Polônia, com quem acaba de ser assinado um acordo sanitário, e a Rússia, para onde vende apenas carne destinada à industrialização, são outras apostas para a carne bovina brasileira.
Na visão de Marques, sem Rússia e China é impossível o país chegar perto dos números do ano passado, quando o Brasil exportou 750 mil toneladas equivalente-carcaça de carne bovina. “Será muito difícil repetir as exportações de 2001”, diz, realista.
Fonte: Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha e Giuliano Ventura), adaptado por Equipe BeefPoint