Assistindo a novela de cana encostando cada vez mais nos pastos fiquei admirado de que ninguém ressaltou a enorme contribuição que esta agroindústria deu ao aumento estrondoso do valor do patrimônio dos fazendeiros situados em volta destas. O sábio monta no cavalo arreado que está passando e vende as terras supervalorizadas.
A Índia sempre esteve muito presente no Brasil, e podemos até dizer que a pecuária brasileira e tropical na sua grande maioria é fundada pelas raças zebuínas oriundas da Índia com destaque para o Zebu – Nelore.
Houve verdadeiras expedições para Índia de pecuaristas visionários brasileiros em busca de sangue novo, que somente aqui no Brasil podem provar o quanto pesavam. Grandes melhoradores da raça são oriundos destas buscas.
Era uma espécie de voltar para as raízes e nas origens que hoje é mais necessária do que nunca. As raízes dos pecuaristas foram e ainda hoje são formadas pelo espírito dos bandeirantes, corajosos e desbravadores.
Assistindo a novela de cana encostando cada vez mais nos pastos, fiquei admirado de que ninguém ressaltou a enorme contribuição que esta agroindústria deu ao aumento estrondoso do valor do patrimônio dos fazendeiros situados em volta destas. Como também ninguém citou o enorme pulo de qualidade de vida nas cidades, que tem a felicidade de ter estas indústrias no seu território.
São presentes que são dados só no Brasil e o sábio monta no cavalo arreado que está passando, vende as terras supervalorizadas e faz uma reposição à troca de bananas, e começa tudo de novo, esperando a próxima onda de desenvolvimento e valorização que sem dúvida virá.
Mas não são só os donos da terra que deixam o cavalo passar, mas também os municípios e até as indústrias na sua grande maioria não enxergam as oportunidades que surgem quando se tem vapor, energia e fermentação num lugar onde muitas vezes não tinha nada disto antes.
A Argentina, que não tem cana, já está trabalhando com algas para o produção do biodiesel (Oil Fox).
De repente precisa-se de tecnologia, de um ensino melhor e se abrem às porteiras para outras indústrias que precisam do vapor, energia e tecnologia de fermentação e extração como por exemplo à exploração do biodiesel derivado do pinhão manso.
Barretos sempre foi a capital do boi no frigorífico, a de boi em pé ficou para Araçatuba e a indústria de calçados foi para Franca. Somente este ano, começou um curso superior de zootecnia em Barretos, com um atraso de no mínimo 80 anos. Porque é tão difícil aglomerar os elos da cadeia em volta das suas indústrias primárias e fundamentais.
Com umas mil usinas e destilarias que vamos ter no futuro próximo, precisamos nos questionar como aproveitar as oportunidades que vão surgir e como armar um esquema que deixe as indústrias mais versáteis e fortes neste tempo em que a globalização está começando a cavar a sua própria sepultura porque ninguém faz milagres por tempo indeterminado e com uma perspectiva de explosões nos preços de transportes a médio prazo.
Pessoalmente, vejo que a pecuária de corte pode conviver com um sistema de exploração de árvores para a produção do biodiesel e agora está se abrindo um verdadeiro baú na Índia de árvores que podem ser muito úteis para o Brasil e outros países tropicais.
Apesar dos contatos privados entre os empresários dos dois países já existirem há tempos, não tenho relatos sobre um relacionamento estreito entre instituições de ensino e pesquisa agrícola da Índia e do Brasil.
Consideramos o berço dos capins tropicais a África, das leguminosas América Latina, mas foram os australianos que fizeram um grande trabalho de busca de materiais, avaliação e melhoramento de ambos através da famosa CSIRO.
Será que a Embrapa não podia fazer algo similar e repetir as expedições para a Índia, que tem um universo de árvores que são fontes de remédios, biodiesel e madeira como o Nim, Pinhão Manso e a Pongamia, que é uma árvore também fixadora de nitrogênio?
Vamos montar no cavalo que está na nossa frente e abrir os baús que a Índia mais uma vez pode dar para o Brasil.