Com o fim da oferta de animais confinados e semiconfinados, previsto nos próximos dias, o valor da arroba deverá sofrer alguma reação daqui para frente. Mas não alcançará o esperado no início do semestre. Alguns analistas e pecuaristas chegaram a apontar uma tendência de até R$ 70 para a cotação no pico da entressafra, o que não se confirmou.
Segundo o zootecnista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa, o cenário dos próximos dias indica valores entre R$ 64 a R$ 66 para São Paulo, que é o mercado balizador no País. Hoje se paga R$ 62 pelo boi rastreado naquele Estado. No Paraná a arroba vale R$ 60.
A oferta de animais suplementados, confinados ou semiconfinados, em São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, até agora esteve travando o mercado e segurando possíveis reações na cotação da arroba. ”Mas o boi ainda tem força para subir um pouco mais”, previu.
No geral essa reação deverá acrescentar de R$ 2 e R$ 4 em cima dos preços praticados atualmente. Não existe ”força” para subir mais do que isso. Segundo o analista, este ano, o pico da entressafra deverá se deslocar para novembro.
Essa mudança se deu a fatores que seguraram as cotações, explicou. A retração no consumo interno da carne bovina, o maior volume de carne exportada e forte influência do mercado de exportação de couro, de certa maneira, seguraram uma possível reação. O Brasil exporta 75% do couro que produz e o mercado internacional não reagiu, ao longo de 2003, conforme o esperado.
Daqui para frente, terminada a oferta de bois suplementados, que não é alta (1,5 milhão de cabeças, concentradas em SP, PR, MS e GO), as pastagens ainda não estarão recuperadas.
A oferta de semiconfinamento, este ano em 2,8 milhões de cabeças, também não altera a falta de bois. ”Tem chovido bem, mas o déficit hídrico ainda é grande. Com exceção de alguns pontos da região Norte, pasto mesmo só daqui 30 a 40 dias caso o clima siga favorável” observou Rosa.
Compra
Com as ofertas de gado suplementado diminuindo, quase 90% já foram negociados, os frigoríficos paulistas intensificaram esta semana as buscas em outros Estados.
Com as compras, de acordo com o analista, foi possível cumprir escalas variadas. ”Algumas indústrias trabalharam com programações de abate de dois a sete dias, porém, mesmo os mais adiantados já não fecham negócios com facilidade”.
Apesar de São Paulo somar maior número de animais suplementados, é o Paraná hoje que tem maior disponibilidade de animais terminados. Esses bovinos, de acordo com Tito Rosa, são provenientes de pastos de inverno, no sul do Estado, que estão saindo para a entrada das lavouras.
Fonte: Folha de Londrina/PR (por Cláudia Barberato), adaptado por Equipe BeefPoint