Cepea avalia a relação custo x beneficio da suplementação mineral

Por Marcos Baruselli1

A Asbram, Associação Nacional das Indústrias de Suplementos Minerais, fechou uma parceria com o Cepea para quantificar quais benefícios uma correta suplementação mineral pode proporcionar aos rebanhos, para saber se traduzem, de fato, em maiores retornos financeiros ao produtor rural.

A associação procura, com essa parceria, utilizar-se da experiência da entidade, e de sua proximidade com o dia a dia do criador rural para conseguir dados confiáveis. Os resultados desta análise foram apresentados no IV Simpósio Nacional da Indústria de Suplementação Mineral, realizado em São Paulo nos dias 10 e 11 de novembro de 2005, pelo professor da USP Dr. Sergio de Zen, coordenador do projeto.

Entre os resultados apresentados pela equipe da USP a respeito dos benefícios econômicos da suplementação mineral, tem-se que o uso deste insumo está diretamente relacionado com a redução das taxas de mortalidade de bezerros com menos de um ano de idade.

Outros efeitos da suplementação mineral incluem redução da mortalidade de animais adultos, maior ganho de peso e menor intervalo entre partos, ou seja, melhor eficiência reprodutiva.

O estudo menciona, por exemplo, que a taxa de mortalidade de bezerros em fazendas que não utilizam suplementação mineral é de, em média, 10 % para animais jovens e 8 % para animais adultos. Estes índices reduzem para 5 % e 2% respectivamente, nas fazendas que fazem o uso correto da suplementação mineral.

Já sobre os índices reprodutivos, as fazendas de cria que não adotam a suplementação mineral apresentam em média, segundo dados da USP, um intervalo entre partos de 17 meses, caracterizado por uma baixa taxa de prenhez. Com a implantação da suplementação mineral o intervalo entre partos reduz para 14 meses, com conseqüente aumento da produção de bezerros e da rentabilidade da atividade pecuária. A taxa de prenhez com suplementação mineral correta, sobe, segundo o Cepea, de 33 %, para 80 %.

O estudo avaliou vários estados brasileiros e constatou que em todos eles, a adoção da suplementação mineral sempre esteve associada a um retorno econômico positivo, como mostra o gráfico 1.

Gráfico 1. Ganhos com o uso adequado da suplementação mineral


Em Goiás por exemplo, há um aumento no COE (custo operacional efetivo) de R$ 50 /ha com o uso correto do suplemento mineral comparado à ausência total de suplemento. Contudo há um aumento de R$ 90/ha na receita. Isso significa que o produtor tem um ganho de R$ 40/ha a mais, ao suplementar corretamente.

Os ganhos com o uso adequado da suplementação mineral são expressivos, fazendo desta prática de manejo nutricional uma ferramenta importante para aumentar a produtividade e a receita da fazenda. O contrário também é verdadeiro, ou seja, produtores rurais que não fornecem suplementos minerais aos seus rebanhos acreditando estar fazendo “economia” ou redução de despesas, na verdade está reduzindo a sua rentabilidade, como mostra o gráfico 2.

Gráfico 2. “Economia” e perdas ao retirar a suplementação mineral


Em Goiás por exemplo, na ausência de suplementação mineral, o produtor “economizará” R$ 54/ha se comparado ao que tem gasto (observado a campo). Contudo, há uma redução de R$ 85/ha na sua receita bruta. Isso implica, portanto, num prejuízo de R$ 31/ha, ou seja, economiza R$ 54 e deixa de ganhar R$ 85 por hectare.

Os benefícios econômicos alcançados com a adoção da suplementação mineral em uma fazenda de 1000 hectares localizada no leste do estado de Mato Grosso do Sul, segundo os dados do Cepea, podem ser visualizados no gráfico 3.

Gráfico 3. Evolução do lucro unitário (R$/ha)


Nota-se que a evolução do lucro em R$/hectare entre as fazendas que fazem o uso da suplementação mineral e as que não fazem é muito representativa. Entre as fazendas que não adotam a suplementação mineral, o lucro com a atividade pecuária chega a ser inviável, em razão da baixa produtividade do rebanho, enquanto que aquelas que fazem uso da suplementação mineral tornam-se fazendas rentáveis.

O estudo realça ainda que a suplementação mineral tornou-se uma ferramenta fundamental para aumentar os ganhos em produtividade e rentabilidade na pecuária de corte.

Na ausência de suplementação mineral há uma forte perda de competitividade do setor por outras atividades agropecuárias, como soja e cana de açúcar, dificultando inclusive a permanência na atividade a médio e longo prazo.

O Cepea concluiu em seu estudo que a adoção da suplementação mineral apresenta-se como uma excelente oportunidade para o aumento da taxa de lotação da propriedade rural, sendo ainda essencial para maiores ganhos em qualidade e para a diluição dos custos fixos da fazenda, em razão do aumento da produtividade proporcionado pela suplementação mineral correta.

Por último, o estudo conclui que o uso da suplementação mineral é fundamental para ganhos futuros na atividade pecuária, devendo este insumo ser avaliado pelo produtor rural dentro da ótica da relação custo / benefício.

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1Marcos Baruselli, diretor da Asbram

0 Comments

  1. José Luiz Guimarães de Souza disse:

    A parceria entre a Asbram e o Cepea, para quantificar os benefícios proporcionados aos rebanhos por uma correta suplementação mineral, bem como qual o retorno financeiro proporcionado ao produtor rural, veio em boa hora, pois mostra de forma clara e contundente a importância de tal prática.

    Acredito que de forma geral os produtores estão cientes dos benefícios proporcionados pela suplementação tecnicamente correta, com as boas misturas disponíveis no mercado.

    Porém, com relação ao retorno financeiro, é comum ouvirmos opiniões das mais diversas possíveis. Algumas se constituem em verdadeiros “disparates” e uma das mais comumente ouvidas, “considera o sal mineral como um dos insumos que tem maior peso no custo de produção”.

    Este estudo veio em boa hora, pois além de mostrar os benefícios proporcionados, e que foram muito bem destacados pelo coordenador do projeto Dr. Sérgio de Zen, também mostrou os ganhos na receita com o uso correto da suplementação, como pode ser facilmente visualizado no Gráfico 1.

    Por outro lado, a suplementação mineral geralmente é o primeiro setor que sofre as conseqüências de qualquer crise que afete a pecuária e encontramos situações curiosas como a adoção de práticas citadas a seguir:

    1- “diluição” do suplemento mineral, no sal branco ou comum;

    2- “fornecimento” apenas do sal branco (ou comum), aos animais;

    3- misturas tipo “2:1”, “3:1” e até mesmo “5:1”, etc.

    Os efeitos dessa “economia” e as respectivas perdas ao retirar a suplementação mineral, também pode ser facilmente observada no Gráfico 2.

    Finalizando, o estudo do Cepea apresenta os benefícios econômicos alcançados com a adoção correta da suplementação mineral, facilmente visualizados no Gráfico 3, ou sejam: evolução do lucro unitário (R$/ha); da receita (R$/ano); e seus efeitos a longo prazo.

    Além disso, realça que a suplementação mineral é uma ferramenta fundamental para aumentar os ganhos em produtividade e rentabilidade na pecuária de corte (ganhos, atual ou futuros).

    Se imaginarmos, que um bovino de corte consuma 85 gramas/dia, ou 2,5 Kg/mês, ou 30 Kg/ano ao custo de R$ 25,00 a R$ 30,00/saco, é um gasto muito pequeno tendo em vista os benefícios proporcionados.

    Felizmente, a cada dia que passa, os produtores têm reconhecido o “verdadeiro valor” que os suplementos minerais representam para seu rebanho.

    Parabéns a Asbram e ao Cepea, por tirarem as dúvidas de todos aqueles que trabalham nessa área, quer sejam: profissionais (agrônomos, veterinários, e zootecnistas), técnicos agropecuários, produtores rurais, pecuaristas ou outros.

    Há exatamente 1 ano atrás, o Fórum Técnico foi palco de boas discussões a respeito do uso de suplementos minerais.

    Vale a pena uma visita ao referido Fórum – seção de Nutrição, para conferir as diversas opiniões sobre esse tema.

  2. Bruno de Jesus Andrade disse:

    Às vezes, participando de eventos como cursos, simpósios ou feiras, conversamos com produtores rurais que ainda resistem ao uso da suplementação mineral ou então a usam de forma incorreta, pensando que somente a suplementação e nada mais (forragens e grãos) será necessária para o gado engordar. Cabe a nós, que possuímos acesso ao meio rural difundir essa idéia e explicar de forma equilibrada, o produto ao cliente. Existem muitos produtos de baixa qualidade no mercado, o que nos leva a essa afirmação: nem sempre o mais barato será mais benéfico.

  3. LUIZ FRANCISCO BIACCHI FILHO disse:

    Quero parabenizar a Asbran em nome de seu diretor Marcus Baruseli pelo excelente trabalho, pois por muitos anos foi orientado aqui no Rio Grande do Sul que não havia a necessidade do uso mineral. Seja há quantos anos nosso produtor está deixando de ganhar dinheiro.

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