A pecuária brasileira segue “experimentando” os efeitos do clima sobre as ofertas de animais para abate. Por conta da estiagem e das temperaturas elevadas, as pastagens estão bastante precárias na maioria das regiões produtoras, fazendo com que a indústria tenha de preencher as escalas basicamente com animais de confinamento. Porém, esses lotes também estão relativamente limitados. Um dos motivos para isso é o forte encarecimento dos grãos ocorrido a partir de meados do ano, o que desestimulou o investimento de muitos pecuaristas.
Mesmo com a oferta escassa, frigoríficos mostram cautela para novas aquisições, especialmente quando a comercialização envolve os preços maiores dos intervalos vigentes. Representantes da indústria informam que as vendas de carne no mercado atacadista estão desaquecidas em relação às semanas anteriores e, por isso, preferem trabalhar com escalas menores enquanto esperam por aumentos pontuais da oferta de animais. Essas expectativas se baseiam, sobretudo, na necessidade de venda dos confinadores e nos efeitos das primeiras chuvas, que dificultariam a manutenção do peso dos animais prontos para abate.
Entre os dias 11 e 18 de setembro, somente as regiões de Araçatuba (SP), São José do Rio Preto (SP), Bauru (SP), Presidente Prudente (SP) e Noroeste do Paraná (PR) registraram variações negativas na arroba do boi gordo, nas seguintes magnitudes: 0,63%, 0,17%, 0,34%, 0,47% e 1,28%, respectivamente. Como resultado, o Indicador do Boi Gordo ESALQ/BM&FBovespa, que representa média ponderada das quatro regiões paulistas, cedeu 0,46%, fechando em R$ 96,24 nesta terça. A prazo a média ponderada do estado de SP caiu 0,24%, para R$ 96,57.
Em contrapartida, a região do Tocantins registrou o maior acréscimo, de 3,59% em sete dias, com a arroba sendo comercializada à vista e livre do Funrural a R$ 94,56 nessa terça-feira, 18. Nas regiões de Três Lagoas (MS), Campo Grande (MS), Goiânia (GO), Rio Verde (GO), Cuiabá (MT) e Colider (MT) os reajustes ficaram entre 1% e 1,6% no período.
No mercado atacadista da carne com osso da Grande São Paulo, houve desvalorização nos últimos sete dias. O preço do traseiro recuou 1,78%, o do dianteiro, 4,59% e a ponta de agulha, 5,3º%, sendo negociados nessa terça-feira a R$ 8,30/kg, R$ 5,20/kg e a R$ 5,10/kg. Com isso, o quilo da carcaça casada do boi passou para R$ 6,67 no dia 18, valor 3,05% menor que o da terça anterior. Para a carcaça casada da vaca, a diminuição foi de 2,03% em sete dias, com o quilo indo para R$ 6,27.
Entre as carnes substitutas, a suína, após alguns reajustes, mantém-se firme no atacado da Grande São Paulo, com a carcaça comum a R$ 4,19/kg nessa terça. O preço do frango in natura aumentou 2,6% nos últimos sete dias, passando para R$ 3,40/ kg.
Na BM&FBovespa, os contratos futuros de boi recuaram nos últimos sete dias. Os vencimentos de Setembro a Dezembro cederam em média 1,8%. A desvalorização mais significativa foi para Dezembro, que passou dos R$ 102,25 no dia 11 para R$ 99,97 no dia 18.
No mercado de reposição, entre os dias 11 e 18 de setembro, o Indicador do bezerro ESALQ/BM&FBovespa (animal nelore, de 8 a 12 meses, Mato Grosso do Sul) registrou variação positiva de 0,52%, fechando a R$ 707,17 nessa terça-feira, 18. Já a média do bezerro São Paulo registrou pequena variação negativa de 0,18%, fechando a R$ 710,58 nessa terça.
Fonte: Agência Estado, adaptada pela Equipe BeefPoint.
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Aguardar para ver. Os frigoríficos terão que disputar os poucos animais acabados existentes nesta época ou reduzir a escala de operação. A alta dos grãos não impactou apenas aves e suínos. E os confinadores não vão atingir os volumes previstos inicialmente. E as pastagens ainda vão demorar um bom tempo para se recuperarem.