Síntese Agropecuária BM&F -30/04/2005
30 de abril de 2005
Panorama do agronegócio
3 de maio de 2005

Cepea/BM&F: aumento do volume de gado confinado em 2005

Em março, a estiagem que atingiu grande parte das regiões produtoras do Centro-Sul, sobretudo o Mato Grosso do Sul, onde a oferta de gado de pasto é maior, dificultou a retenção de animais. O mercado pecuário voltou a ter cara de “safra”, com oferta relativamente elevada frente à demanda dos frigoríficos, na maioria dos estados.

Mesmo com as freqüentes reclamações sobre os preços de venda, dos aumentos dos custos de produção e de outras dificuldades para comercialização dos animais, muitos agentes apontam para o aumento do volume de gado confinado neste ano. Estima-se que o estado de São Paulo seja o líder em confinamento e, de acordo com pecuaristas desta região consultados pelo Cepea, o sistema estaria aumentando especialmente pelo fechamento de contratos antecipados com frigoríficos exportadores e pela pressão de outras culturas, sobretudo da cana, por terras, exigindo maior produtividade por hectare. A oferta global de animais confinados deve crescer também pela verticalização empreendida por certas unidades processadoras.

Dentre os grandes produtores de gado (seja confinado ou a pasto), apenas o Rio Grande do Sul, por conta da severa estiagem, e São Paulo apresentaram ofertas comparativamente menores em março, mas não o suficiente para evitar as contínuas pressões sobre os valores negociados. Muitos frigoríficos alongaram suas escalas de abates a ponto de se afastar do mercado por alguns dias.

O Indicador Esalq/BM&F fechou o mês a R$ 56,42, valor abaixo do praticado há um ano, mesmo nominalmente. Se considerada a inflação do período (IGP-DI), na comparação entre o preço do último dia de março de 2005 com o do último dia de março de 2004, a perda chega a 12%. Considerando ainda os aumentos de custos de produção, que no ano passado ficaram por volta de 11% no estado de SP, a situação mostrou-se ainda mais alarmante aos pecuaristas.


Nem mesmo a reabertura do mercado russo, no início do mês, chegou a melhorar as cotações da arroba no físico brasileiro. O fim do embargo beneficiou seis estados: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul – o Mato Grosso e o Tocantins continuaram impedidos de exportar para a Rússia. O impacto da retomada das exportações para esse país juntamente com a ligeira alta do dólar chegaram a refletir positivamente nas cotações futuras, mas no final do mês, ocorreram novas quedas.

As exportações, que de janeiro para fevereiro diminuíram 4,3%, voltaram a crescer em março. Considerando apenas o produto in natura, o aumento de fevereiro para março deve ficar na casa dos 30% – informações preliminares. No mercado interno, a média dos cortes se manteve estável, com o quilo da carcaça casada no atacado da Grande São Paulo subindo 0,3% no acumulado do mês.

Observando indicadores macroeconômicos domésticos e também o ritmo de exportações, constata-se que as vendas, no global, estariam maiores que nos anos anteriores. O nível de preços que tem assolado a margem dos pecuaristas, na verdade, estaria refletindo um crescimento da produção maior que o da demanda, seja interna ou externa.

O mercado de reposição, por sua vez, seguiu fraco visto que, aos olhos dos pecuaristas, as condições atuais de mercado desestimulam aquisições de animais para engorda. Embora os ajustes do mercado futuro de boi gordo negociados em março para vencimento em junho de 2005 tenham registrado variações positivas – os contratos com vencimento em junho/05 valorizaram 0,71% em março -, a desvalorização do preço do gado, promovida, sobretudo, pela oferta maior do que a demanda, somada às condições de pastagem, contribuíram para que o pecuarista de engorda tivesse cautela ao efetuar novas aquisições.

Fonte: Boletim Agromensal Cepea/BM&F, adaptado por Equipe BeefPoint

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