Gladiador é o campeão da raça nelore da Expoagro/MT
22 de julho de 2002
RS: Rio Pardo investe no superprecoce
24 de julho de 2002

Certificação de carne bovina avança no País

A recente prática da rastreabilidade na pecuária bovina dá os primeiros passos no Brasil. Dados extra-oficiais mostram que apenas entre 10% e 15% do rebanho brasileiro está identificado, de um total de 170 milhões de cabeças. A adoção desta prática, de rastrear animais, é exigência da União Européia (UE), que importou no ano passado US$ 330,4 milhões em carne bovina do Brasil.

Identificar todos os animais do rebanho gerará um custo aos produtores que, segundo analistas do setor, será repassado aos consumidores finais. “Os animais dentro desse sistema serão considerados um produto de maior valor agregado”, afirma o pesquisador do Centro de Pesquisas Avançadas em Economia Aplicada (Cepea) da USP, Sérgio de Zen.

Custo repassado

O pesquisador diz que ainda é cedo para identificar o tamanho dos repasses, mas acredita que para o mercado interno deverão existir dois tipos de produtos, a carne bovina rastreada e a não-rastreada.

O custo com a rastreabilidade está estimado entre R$ 3 e R$ 6 por animal, de acordo com o tamanho do rebanho. Quem faz a previsão é o diretor da CFM Agropecuária, Fábio Dias, propriedade que identifica seus animais desde setembro do ano passado. Segundo ele, o preço por animal é de 1% do valor de venda de um bezerro desmamado.

“Esse procedimento dura para a vida toda e tem custo aceitável. É mais barato do que vacinar contra febre aftosa, o que temos que fazer todos os anos”, diz. Apesar dos custos, Dias afirma que a diferença entre animais rastreados e não-rastreados nos últimos leilões da CFM não foi significativa.

O diretor da Allflex Brasil, Vincent L’Hennaf, uma das principais empresas de identificação animal do mundo, não acredita que os pecuaristas irão repassar os custos que terão com a rastreabilidade. “A relação custo/benefício é muito grande. Além disso, a identificação eletrônica pode ser uma solução na gestão das fazendas”, diz.

Nova fábrica

Dentro de um mês a Allflex inicia em Joinville (SC) as operações de sua nova fábrica de brincos para identificação, com a qual nacionalizará a produção, depois de 18 anos no Brasil. A unidade, que recebe investimento de US$ 8 milhões, ocupa 1,5 mil metros quadrados em um condomínio industrial recentemente inaugurado na cidade catarinense.

Embora esteja de olho no potencial do mercado brasileiro, em razão da exigência de rastreabilidade bovina, a companhia inaugura a fábrica destinando a maior parte da produção à exportação. Hoje o grupo, que tem faturamento global de US$ 75 milhões, possui uma unidade em São Paulo, onde faz as gravações de números nos brincos que traz do exterior. Em Joinville, além da gravação, fará a injeção do plástico e a codificação dos microchips, no caso dos brincos eletrônicos.

“No Brasil nascem anualmente 35 milhões de bezerros/ano, o que demonstra grande potencial de negócios, e os brincos não são empregados apenas no segmento bovino, mas também em outros, como o suíno, por exemplo. Temos mais de 60% do mercado de produtos de identificação no Brasil, mas para 2003 prevemos vender entre 7 milhões e 8 milhões de brincos aqui, o que resultará em faturamento de US$ 4 a 5 milhões no País”, diz o executivo, que não revela a produção total da fábrica.

Como um dos principais objetivos da planta é a exportação, inclusive para suas próprias unidades em outros países, a proximidade com os portos catarinenses e de Paranaguá (PR) foi determinante para a escolha do local. Outro aspecto foi o fato de Joinville ser um pólo de produção de plásticos, tendo, por conseqüência, mão-de-obra e fornecedores no segmento. “No mundo o grupo fabrica um milhão de brincos por dia e a planta de Joinville, que terá funcionamento de três ou quatro turnos, será uma das mais importantes”, diz L’henaff.

Identificação visual

Conforme o executivo, inicialmente serão produzidos no Brasil os brincos para identificação visual, já que o mercado para a versão eletrônica ainda é pequeno. “No mundo 98% dos brincos produzidos são visuais”. A identificação por brinco pode ser feita de duas formas: uma é a visual, com a impressão a jato de tinta ou laser, e a outra é a eletrônica, por meio de microchip, com leitura por radiofreqüência.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Alexandre Inácio e Elmar Meurer), adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.