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Certificação para exportação gera conflitos

Em nosso comentário do dia 23 de agosto levantamos dois assuntos importantes e ainda mal resolvidos dentro da cadeia da carne bovina (Decisão de implantação da tipificação de carcaças bovinas tem que ser para valer). Na ocasião tratamos do relacionado à implantação do sistema de tipificação e classificação de carcaça bovina. Hoje vamos abordar o relacionado com a implantação do sistema brasileiro de identificação e certificação para fins de rastreabilidade.

A exigência de certificação para exportação de carne bovina para a Comunidade Européia passou a vigorar a partir do início desse mês. Infelizmente a disputa entre os produtores e o setor de abate continua.

Desestimulados pelo fato de não saberem quem iria bancar os custos adicionais diretos e indiretos da certificação, a maioria dos produtores optou pela não implantação do SISBOV. De outro lado, o setor de abate interessado na exportação de carne bovina, ao invés de tomar atitudes visando estimular os produtores a entrar no sistema, optou por deixar como estava acreditando sempre que as exigências acabariam sempre postergadas. Além disso, os métodos usados para elaboração das normas, as próprias normas e as discussões sobre a competência para cadastrar e certificar também têm contribuído para a falta de interesse e pela pouca importância que os componentes da cadeia da carne bovina têm mostrado pela implantação do sistema que permite a certificação. De fato, a cadeia da carne bovina se mostrou incapaz até agora de levar a bom termo a implantação do sistema de certificação, assim como não conseguiu ainda implantar o sistema de classificação e tipificação de carcaças.

Essa limitação da cadeia da carne bovina em lidar com assuntos de interesse comum, portanto acima dos interesses imediatos de indivíduos ou de grupos, tem sido e continuará sendo um fator que contribui para a formação de uma imagem negativa. Além disso, no caso da certificação, os prejuízos poderão ser imediatos. Primeiro, se o impasse continuar e se os procedimentos e normas para certificação não forem deixados de lado, as exportações para a Comunidade Européia logicamente diminuirão. Isso teria tanto uma influência negativa nos preços, se outros mercados não forem abertos para colocação dessa carne, como na balança comercial. Segundo, se atitudes e procedimentos que podem contribuir para gerar desconfianças forem tomadas, tanto pelo setor de abate como pelas certificadoras e produtores, tanto a credibilidade do sistema brasileiro de certificação de carne bovina, como da cadeia da carne, serão colocadas em dúvida.

Todos os setores da cadeia da carne bovina precisam estar conscientes que o momento é crítico e que mais do que nunca essa problemática da certificação da carne bovina precisa ser bem resolvida o mais rápido possível. Quanto mais tempo levar, maiores serão os prejuízos, tanto financeiros como de credibilidade.

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