O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, entrega na próxima terça-feira (18/6) os certificados para as primeiras quatro empresas habilitadas a fazer a certificação do rastreamento bovino e bubalino, implantado por intermédio do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). A cerimônia acontecerá às 10h, no auditório do ministério.
As empresas que receberão a habilitação são a Planejar (RS), Gênesis (PR), Certificações Brasil (SP) e Serviço Brasileiro de Certificação (SP). Juntas estas empresas já têm um rebanho de 309 mil animais rastreados. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Luiz Carlos de Oliveira, outros quatro grupos já protocolaram pedidos de habilitação para certificação de rastreamento. “Eles estão sendo auditados”, disse, acrescentando que não revelará os seus nomes enquanto não for concluído o processo de auditoria.
O Sisbov foi lançado em janeiro deste ano pelo ministro. O sistema permitirá o rastreamento dos animais desde o nascimento até o momento em que a carne é processada para ir à mesa do consumidor. “A introdução desse modelo é fundamental para assegurar aos consumidores brasileiros uma carne de melhor qualidade e mostrar ao mercado internacional que o Brasil está empenhado em garantir a sanidade dos produtos que oferece”, destacou Pratini de Moraes.
O cronograma para implantação de dispositivos (usualmente chip ou brinco) que permitam identificar e monitorar os animais tem os seguintes prazos: propriedades voltadas à produção para o comércio com a União Européia (UE) devem integrar o Sisbov até junho de 2002, pois esse será o requisito indispensável à exportação para aquele mercado; criadores cuja produção esteja direcionada aos demais países precisam aderir ao sistema até dezembro 2003 para continuar exportando; todos os pecuaristas dos estados livres de febre aftosa ou em processo de declaração necessitarão estar integrados até dezembro de 2005 e os demais até dezembro de 2007.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Industrializada (Abiec), mais da metade das exportações brasileiras é destinada à União Européia (de um total de R$ 1 bilhão em 2001). “A UE é um mercado estratégico”, diz o secretário-executivo da Abiec, Ênio Marques.
Marques considera o prazo curto para os pecuaristas se adequarem ao sistema. Os frigoríficos já fazem a rastreabilidade, mas ele não crê que eles deixem de exportar por conta disso. “Não faltarão animais ofertados para a União Européia”, diz o secretário de Defesa Agropecuária, Luiz Carlos de Oliveira.
Garantia de qualidade
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) deverá firmar convênio nos próximos dias com uma das certificadoras, facilitando o acesso de seus associados. “A rastreabilidade é o início de um processo de garantia de qualidade”, diz o presidente da comissão de pecuária da CNA, Antenor Nogueira.
O maior rebanho rastreado é o da Planejar, de Canoas (RS). A empresa já tem 171 mil animais acompanhados nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O diretor-executivo da companhia, José Luiz Vianna, afirma que a certificadora está focada em grandes empresas pecuárias, como a CFM, a Jacarezinho e a Conexão Delta G.
As metas da Planejar, por isso, são ambiciosas: 40% do mercado brasileiro até 2007, quando se estima que 16 milhões de bovinos/ano serão rastreados e 1,5 milhão de animais até julho de 2003. Para utilizar o sistema, o pecuarista precisa desembolsar R$ 75 para a inscrição, R$ 60 para a anuidade e R$ 1 por animal registrado no banco de dados.
A Brasil Certificações Ltda., de São Paulo (SP), tem hoje 55 mil animais no sistema no Centro-Oeste e São Paulo. Segundo o diretor-técnico da empresa, Vantuil Carneiro Sobrinho, a previsão é que até o final do ano serão 100 mil reses. No Instituto Gênesis, de Londrina (PR), a previsão é de que a empresa passe de 23 mil para mais de 250 mil animais rastreados.
Entre as certificadoras, a única que apenas audita o processo é o Serviço Brasileiro de Certificação Ltda., ao custo de R$ 1 por animal. A empresa tem hoje um rebanho de 60 mil animais acompanhados no Centro-Oeste, Minas Gerais e São Paulo. “O número é pequeno porque os produtores esperaram o credenciamento da empresa para participar do Sisbov”, afirma a diretora do SBC, Cristina Lombardi. De acordo com Cristina, há uma maior concentração de plantéis certificados no Centro-Oeste porque é nesta região que se concentram os frigoríficos exportadores.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint