Desde a última segunda-feira, clientes da Cesta do Povo (rede de lojas mantida pelo estado da Bahia para atender à população de baixa renda) podem comprar carne bovina com preço médio 10% inferior aos demais estabelecimentos comerciais. Em alguns cortes, a diferença chega a 20%.
“Iremos diversificar mais os cortes aos poucos”, explica o diretor de Pecuária da Secretaria de Agricultura do Estado (Seagri), Plínio Moura. Os únicos tipos de carne que não serão disponibilizados na rede são os considerados de primeiríssima, como filé mignon e picanha.
Variação também haverá nos preços, que serão regionalizados e dependerão da demanda de cada município. Mas a promessa é sempre de valores de mercado mais baixos para o consumidor final. Os cortes mais nobres, como a alcatra, em Salvador, por exemplo, estarão cerca de 10% mais baratos, enquanto carnes mais populares, como o chupa-molho, podem custar até 20% menos.
Por enquanto, o novo produto está disponível apenas nas 62 lojas de Salvador, mas até dezembro deverá ser encontrado em todas as 424 lojas dos 357 municípios baianos onde a Cesta do Povo está presente. A previsão inicial de consumo é de 100 toneladas mensais, mas espera-se chegar a mil toneladas em quatro meses.
O abastecimento das lojas está a cargo, exclusivamente, de frigoríficos baianos. Inicialmente, apenas oito indústrias estão fornecendo as carnes.
“São os únicos que já estão preparados para entregar o produto congelado, embalado a vácuo e pesando de 800 a 1.200 gramas. Em breve, outros seis frigoríficos estarão se adaptando às exigências”, explica o diretor de operações da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), gestora do programa Cesta do Povo, Josemário Galvão.
A necessidade de melhorar a indústria frigorífica baiana vai além do fornecimento para a rede Cesta do Povo. “Só não exportamos carne bovina ainda por falta de adequação das indústrias, que precisam seguir padrões e normas internacionais”, comenta Moura.
No entanto, o atendimento às exigências para atender à demanda da Cesta já será um passo para o aperfeiçoamento rumo à exportação. “O importante também é que já estamos incentivando o setor pecuário baiano”, destaca.
A opção pelo congelamento da carne foi em função do prazo de validade. Enquanto o prazo de duração da carne resfriada é de 60 dias, a congelada se mantém em estado ideal para consumo por um ano, segundo Galvão.
Para conservar o produto, cada loja da Cesta do Povo deverá receber dois freezers. Ao todo, serão adquiridos 800, que exigirão investimentos da ordem de R$ 1,2 milhão, bancados pela Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia. Até agora 400 freezers já foram comprados. Os demais chegarão até junho do próximo ano.
Além de oferecer risco zero de perda e mais segurança para o consumidor, que poderá comprar carne inspecionada, o diretor de operações da Ebal espera intensificar o combate à carne clandestina. Esse é o principal ponto destacado também pelo diretor de Pecuária da Seagri. “A clandestinidade sofrerá um grande golpe com a chegada de carne bovina de qualidade e mais barata na Cesta do Povo”, afirma Moura.
Segundo ele, cerca de 48% dos animais abatidos na Bahia são comercializados clandestinamente. “Esperamos uma queda em torno de 15% nesse percentual, ainda este ano”, calcula.
Fonte: A Tarde/BA (por Danniela Silva), adaptado por Equipe BeefPoint