ABS Pecplan será parceira para divulgação do sistema
O Sistema Integrado de Rastreabilidade Bovina (Sirb), desenvolvido pelo Grupo Planejar, do Rio Grande do Sul, empresa do Grupo RBS, será implantado em três das principais empresas rurais do país, no maior acordo de rastreabilidade bovina do Brasil. No primeiro momento, serão acompanhados 90 mil animais da Agropecuária Jacarezinho, da CFM Agropecuária e da Fazendas Bartira, todas de São Paulo. A estimativa, entretanto, é de chegar a 600 mil bovinos rastreados até julho de 2002, por meio das propriedades integradas às três empresas.
As exigências impostas pela União Européia (UE) para a importação de carne bovina a partir de 2002 ganharam o mundo e, hoje, a garantia de origem e rastreamento dos animais pode representar o passaporte para a entrada na maioria dos mercados. Por isto, o acompanhamento da vida do exemplar a partir do nascimento, com dados de crescimento, deslocamentos, abate e comercialização virou sinônimo de garantia sanitária.
Um projeto piloto de implantação do Sirb já está sendo implementado no Uruguai, na fazenda Don Florentino, de Luís Mário Fros, em Rivera. O diretor da Planejar, Luciano Medici Antunes, explica que o objetivo é difundir o sistema no mercado uruguaio, que começa a definir a implantação dos sistemas de rastreabilidade bovina. Só que lá, ao contrário do Brasil, a adesão deverá ser compulsória: todo produtor será obrigado a adotar o rastreamento em seu rebanho. Leandro Ries, da Planejar, lembra que o Sirb é barato para o produtor e de fácil aplicação. Hoje, a rastreabilidade representa menos de 1% do custo final de um boi gordo.
O Sirb fornece os brincos com código de barras para identificação individual dos animais, que vão acompanhá-los até o abate. Depois, as informações são colocadas no selo que identificará a origem do exemplar. A propriedade que já tem controle rígido de identificação (brinco, transponder, marca a fogo, coleira) também estará preparada para a certificação de origem emitida pelo Sirb – explica Ries.
O sistema funciona totalmente online, via internet, permitindo acesso rápido e atualizado às informações de cada animal controlado. A taxa de inscrição é de R$ 75,00 e a anuidade por pecuarista, de R$ 60,00. O Kit de rastreabilidade tem um custo de R$ 3,30/unidade. A implantação envolve uma visita de certificação da propriedade, cujo custo é diluído à medida que o número de animais controlados aumenta. Segundo Ries, dependendo do número de animais, o custo final por animal controlado vai de pouco mais de R$ 3,30/animal, até quase R$ 10,00/animal, no caso de menos de 100 unidades. Para saber mais, clique aqui.
Os pecuaristas estão correndo contra o tempo. Se a União Européia (UE) cumprir o prazo previsto, a partir de 1º de janeiro de 2002 só serão liberadas as importações de carne de animais rastreados individualmente. A torcida dos frigoríficos exportadores é de que haja um prazo maior para a adaptação à norma, mas ninguém quer pagar para ver.
O governo brasileiro também está procurando adequar a legislação às novas regras. Hoje, a certificação de origem e o sistema de rastreabilidade são regulamentados pela Portaria 35 do Ministério da Agricultura, de 1999, elaborada de acordo com as regras da UE. Nos próximos dias, o ministério deve anunciar novas regras detalhadas sobre o tema, formadas a partir dos critérios estabelecidos por um grupo de trabalho, com representantes de toda a cadeia produtiva. Um dos principais pontos contemplados será a informação sobre o regime alimentar do bovino certificado.
A portaria do ministério ainda não tem data para sair, mas é aguardada para logo (portaria 483). Para Antenor Nogueira, presidente da Comissão Permanente de Pecuária de Corte da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), participante ativo da comissão criada pelo governo para estudar um padrão nacional da rastreabilidade, o caminho é sem volta: “A vantagem do Brasil é que todos os países de fora da UE estão na mesma condição de se adaptar às novas normas. Com uma pecuária eficiente, temos condições de oferecer carne rastreada e certificada em dois anos”, afirma.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, também destaca a importância desse trabalho. “Quem quiser exportar terá de rastrear. O produtor deve pensar no quanto vai agregar de valor à produção. Temos de transformar a trajetória da carne brasileira” – afirma.
Aliança estratégica com ABS Pecplan
A ABS Pecplan, empresa de inseminação artificial que possui mais de 200 agentes de venda no país e fatura R$ 15 milhões ao ano, firmou ontem aliança estratégica com o Grupo Planejar, visando a divulgação e comercialização do Sirb junto aos seus mais de 7.000 clientes atendidos anualmente, de uma base de 20.000 clientes cadastrados. Segundo o diretor da empresa, Donário Lopes de Almeida, a rastreabilidade veio para ficar e, com ela, a necessidade de se melhorar substancialmente a gestão das propriedades rurais. Desta forma, esta aliança se traduz na prestação de um serviço de importância crescente em um mercado cada vez mais exigente.
Os primeiros frutos da parceria foram apresentados ontem: a Agropecuária Meira Fernandes aderiu ao Sirb através de um representante da ABS Pecplan, prevendo a implantação do sistema em 2200 animais meio sangue braunvieh x nelore.
Fonte: BeefPoint, Zero Hora e RBS Rural (por Arnaldo de Souza), adaptado por Equipe BeefPoint