A exportação de carne bovina in natura e congelada do Brasil para o Chile está liberada a partir de hoje. A autorização foi dada ontem pelo governo chileno, conforme informações do diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado. "O comércio de carne bovina com o Chile está liberado a partir de hoje", garantiu Cançado.
A exportação de carne bovina in natura e congelada do Brasil para o Chile está liberada a partir de hoje. A autorização foi dada ontem pelo governo chileno, conforme informações do diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado. “O comércio de carne bovina com o Chile está liberado a partir de hoje”, garantiu Cançado. Os frigoríficos poderão dar início aos embarques do produto assim que a decisão for publicada no site oficial do SAG, o que, segundo o informe, deverá acontecer nos próximos dias.
A retomada da exportação de carne bovina in natura para o Chile acontece de maneira gradual, segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz. “Após o início das importações de carne de suínos, o Chile está gradativamente retomando as importações de carne bovina brasileira”, afirmou.
Cançado explicou que 18 unidades de frigoríficos pleiteavam a liberação das exportações, das quais 16 tiveram o pedido atendido. Ainda não há, porém, detalhes sobre as plantas que foram aprovadas, nem sua localização. Cançado acrescentou que o objetivo agora é descobrir quais os critérios que levaram à desaprovação de duas unidades. “Mas acreditamos que isso pode ser revertido em breve, em questão de semanas, e todas as 18 unidades possam exportar para o Chile”.
Segundo notícia do jornal Valor Econômico, as 16 unidades estão localizadas em Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. São três da Bertin, três da Marfrig, duas da JBS, uma do Minerva, uma do Frisa, uma do Frialto, uma da Sadia, duas do Independência, uma da Arantes Alimentos e uma do Mataboi.
O diretor executivo da Abiec acrescentou que o passo seguinte é retomar as vendas aos níveis de 2005, quando o comércio com aquele país foi fechado. Naquela época, o Chile deixou de reconhecer regiões do Brasil como livres de febre aftosa. Desde então, 36 unidades de frigoríficos ficaram impedidas de exportar carne bovina para aquele país. “Vamos trabalhar para que as 36 unidades voltem a exportar, pois todas têm o mesmo padrão de qualidade”, garantiu.
Hoje o potencial de exportação de carne bovina para o Chile alcança cerca de 100 mil toneladas por ano, conforme cálculos da Abiec. O Brasil pode se tornar em breve o principal fornecedor de carne bovina para o Chile, tomando mercado de países como Argentina e Uruguai, que representam, respectivamente, 45% e 41% do volume importado.
A demanda chilena vem sendo atendida por Uruguai e Paraguai, mas Cançado acredita que é possível recuperar a participação de 41% que o Brasil tinha antes do embargo chileno. Depois da restrição, que gerou uma série de reclamações do governo e dos exportadores brasileiros, a fatia caiu para apenas 1%, uma vez que só uma planta de carne bovina do Rio Grande do Sul podia exportar ao Chile.
“Temos condições de fornecer maiores volume e com preços melhores. Além disso, o Paraguai e o Uruguai estão fortes nos EUA e na União Europeia”, disse, justificando a expectativa de recuperação
Cançado criticou a demora na liberação das exportações pelo governo chileno. “Foram três anos para o reconhecimento do Brasil como área livre de aftosa e mais 4 meses para a habilitação das 16 unidades”. “Outros países precisaram de 1 ano e meio entre o reconhecimento e as primeiras habilitações”, concluiu.
As informações são da Agência Estado, Valor Econômico e Mapa, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
Informações atualizadas em 23/04/2009.
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Prezados leitores do BeefPoint
Esta notícia realmente é muito animadora e bem recebida. Finalmente, o Brasil conseguiu reabrir o mercado de carne bovina para o Chile.
Retornei ontem (dia 22/4/09) de uma viagem que realizei àquele país. Fiquei impressionado com que lá vi. Certamente é o país mais estável, economica e politicamente da América do Sul. A crise pouco afetou o Chile, embora quase 70% da sua economia seja proveniente da exportação.
O consumo de carne bovina por pessoa é bastante respeitável embora um pouco cara para o povo: cerca de US$ 12,00 a carne de primeira e US$ 8 a de segunda (o salário mínimo de lá é ao redor de US$ 320,00). Conversei com dezenas de populares entre eles garçons e acogueiros e todos me afirmaram que caso a carne bovina caia de preço uns 10% (os brasileiros vendem a carne mais barato que os uruguaios) o consumo deve crescer na mesma escala.
Outro fenômeno que está acontecendo é que a carne de salmão que até o ano passado era mais barata que a bovina subiu muito de preço, pois a produção este ano decaiu mais de 30 % devido a uma virose (virus ISA) que matou uma grande quantidade destes peixes. Isto de certa forma aumentou o consumo de carne bovina.
Tudo indica que aos poucos os chilenos sairão da crise e que o consumo de carne brasileira poderá ser muito mais alta do que a prevista pela ABIEC. Caso os frigoríficos brasileiros saibam vender a carne num preço bem acessível competirão com vantagem com as carnes dos outros países, pois os açogueiros a venderão num preço mais baixo e numa quantidade muito maior.
Outra pergunta que fiz foi sobre o sabor da carne brasileira. Por incrível que pareça cerca de 30 a 40% responderam que nossa carne tinha um gosto diferente e até mais saborosa que a atualmente consumida (que por sinal é muito varíavel; a de boa qualidade do Uruguai e em menor grau do Chile e de qualidade discutível ou mesmo ruim a do Paraguai).
Agora que esta batalha diplomática foi ganha nossos frigoríficos devem trabalhar adequadamente para não colocar nada a perder. Os pecuaristas também têm que fazer a lição de casa para que a febre aftosa não mais retorne em nosso meio.
Um forte amplexo e parabéns à cadeia da carne por mais esta vitória! Vamos comemorá-la com alegria!
Enrico Lippi Ortolani
Profesor Titular da Fac. Med. Vet. Zoot. USP