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Chile admite voltar a importar carne do RS

O Chile espera apenas que o Rio Grande do Sul comprove que está livre de febre aftosa há pelo menos seis meses para autorizar as importações de carne bovina do Estado. Os requisitos sanitários estabelecidos pelo governo chileno foram publicados no Diário Oficial do país no último dia 20 de março, e contemplam países e regiões que perderam o status de área livre de aftosa, como o Uruguai e o Rio Grande do Sul.

Na segunda quinzena de abril, uma missão chilena chegará ao Estado para verificar as medidas adotadas em relação à aftosa e ver de perto a estrutura dos frigoríficos. O Uruguai também está no páreo. O Chile sinaliza, no entanto, que não tem preferência por fornecedor. As primeiras compras serão feitas de quem oferecer as garantias sanitárias exigidas pelo país, assegura o coordenador nacional da campanha de prevenção à febre aftosa do Servicio Agrícola Y Ganadero (SAG), Hector Galleguillos, “a autorização das importações vai depender dos antecedentes sanitários e de análises de risco produto-país”.

Desde o surgimento da crise da aftosa no Mercado Comum do Sul (Mercosul) em março do ano passado, o Chile adotou medidas adicionais para proteger seu rebanho bovino. Único país da América do Sul livre de aftosa sem vacinação desde 1987, reforçou o controle sanitário nas fronteiras com a Argentina, ao sul, e com o Peru, ao norte, e suspendeu as importações de animais e produtos de risco provenientes de países infectados. “A manutenção do país livre de aftosa sem vacinação requer um programa de prevenção eficaz, baseado em vigilância ativa e em detecção precoce, além de um sistema quarentenário rigoroso para o ingresso de produtos de origem animal. A responsabilidade de manter o Chile livre da enfermidade é de toda a sociedade, e não apenas de um único órgão”, explica Galleguillos.

Nem por isso as medidas oficiais de controle sanitário aplicadas em mais de 70 pontos de ingresso no país são menos rigorosas. Todas as bagagens dos viajantes, por exemplo, são abertas e revistadas, e os veículos, desinfetados. Outra preocupação é com o pastoreio que ocorre todos os anos, de dezembro a abril, nas encostas da Cordilheira dos Andes. Conhecido como “veranada”, o ritual de levar bovinos e caprinos até as pastagens verdejantes que surgem com o degelo dos Andes no verão, foi cercado este ano por cuidados especiais, para impedir que animais chilenos entrassem em contato com exemplares argentinos. Os rebanhos ficaram separados por uma extensa faixa de terra onde não se permitiu o pastejo, e o controle oficial foi mais uma vez intenso. “Contratamos veterinários e técnicos extras para fazer o acompanhamento clínico e sorológico do gado autorizado durante a temporada”, garante Galleguillos.

Se falta pouco para o Estado retomar as vendas de carne bovina ao Chile, o mesmo não ocorre com a carne suína. Além de exigir a comprovação de inexistência de peste suína clássica e de inspecionar as instalações dos frigoríficos estrangeiros, o Chile só importa carne suína de países ou regiões livres de aftosa sem vacinação. A primeira exigência, o Estado tem condições de atender. Quanto à segunda ninguém arrisca prever quando os países do Mercosul, em conjunto, poderão levantar a imunização de seus rebanhos, sem risco de uma recaída.

Fonte: Zero Hora (por Irineu Guarnier Filho), adaptado por Equipe BeefPoint

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