O Chile decidiu na terça-feira passada fechar seu mercado para os produtos pecuários da Argentina, seguindo os passos do Uruguai e do Brasil, como conseqüência do reaparecimento de febre aftosa no país. O Ministério da Agricultura chileno informou que o alerta declarado se manterá até que os informativos técnicos indiquem “a superação do problema”.
Por outro lado, a União Européia (UE) decidiu suspender as compras de carne bovina provenientes dos departamentos de San Martín, Rivadavia, Orán, Iruya e Santa Victoria, em Salta, e o departamento de Ramón Lista, em Formosa. O impacto desta medida, no entanto, não é significativo, porque na zona de “emergência e vigilância” não há estabelecimentos autorizados a exportar carnes com destino a este mercado. A densidade de propriedades rurais é baixa nesta região de forma que o movimento de animais é escasso.
Brasil, Uruguai e Peru decidiram fechar seus mercados à importação de carne argentina de forma temporária na semana passada após o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) ter confirmado o foco de aftosa no norte de Salta.
Segundo o presidente da Câmara Argentina de Produtores de Carne Bovina, Javier Martinez, “em meados de setembro se inicia um período de aumento da demanda, de forma que esta suspensão (chilena) afetará não somente aos frigoríficos, mas também aos produtores”. O empresário disse que o Chile é um mercado importante, não somente pelo volume de vendas, mas também, porque permite otimizar a venda de novilhos de exportação.
Durante os sete primeiros meses do ano, a Argentina exportou ao Chile 15,23 mil toneladas de carnes frescas, por um valor de US$ 24,64 milhões. As vendas de carnes argentinas a este país tinham sido retomadas em outubro passado, após dois anos de suspensão por causa da aftosa. “Esperamos que o Chile aceite a proposição de regionalizar a área de suspensão das compras. A Argentina está em condições de oferecer garantias para isso”.
O diretor executivo do Argentine Beeg Consortium (ABC), Héctor Salamanco, interpretou a decisão chilena de bloquear o mercado “como uma medida de precaução que tem como objetivo se defender até conhecer em detalhes qual é o nível do risco sanitário”. Em sua opinião, a detecção da aftosa no Noroeste “é um fato menor, de certa forma previsível no contexto de um programa de erradicação da enfermidade. Adequadamente controlado, não é motivo de maiores preocupações”.
No entanto, em Salta começou a ser aplicado o rifle sanitário no rebanho de quase 50 suínos, onde foi descoberto o vírus da aftosa, e está sendo feita a análise das causas do aparecimento da enfermidade. Foi considerado o risco pela fronteira com a Bolívia, que nos últimos meses registrou oito casos de aftosa, a falta de controles sanitários nos matadouros municipais, a falta de vacinação em alguns campos (por questões econômicas e culturais) e a escassa fluidez de informação da sede central do Senasa às províncias.
Fonte: La Nación (por Analía H. Testa e Carlos F. Pastrana), adaptado por Equipe BeefPoint