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Chile impõem mais barreiras à carne brasileira

Além de impedir a carne de Mato Grosso do Sul, o Chile também está fazendo exigências à carne dos demais estados. Estão paradas na fronteira do Chile com a Argentina, oito carretas de frigoríficos do Brasil, totalizando 216 toneladas do produto. Cerca de 10% das exportações brasileiras são para aquele destino e o Brasil é hoje o principal fornecedor de carne para o Chile. O embargo chileno pode trazer grandes prejuízos, pois o país é o segundo maior comprador de carnes de Mato Grosso do Sul. Somente no ano passado, foram mais de US$ 17 milhões, enquanto neste ano o volume até setembro ficou em US$ 6,7 milhões.

O governo chileno quer que a origem desta carne seja certificada, comprovando que o gado abatido não é de Mato Grosso do Sul. Desde o último dia 7, o Chile proibiu a entrada de carne oriunda daquele estado devido ao foco de aftosa no Paraguai, na fronteira com o município sul-matogrossense de Sete Quedas.

Na última quinta-feira (14), o Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa) enviou informações complementares sobre as medidas sanitárias na fronteira. “Todas as garantias necessárias nós passamos antes da medida. Foi arbitrária e desleal a ação”, disse o diretor do Departamento de Defesa Animal do Mapa, João Cavallero.

No dia anterior, o governo chileno havia enviado um fax explicando quais são os requerimentos técnicos considerados para que o embargo seja retirado. De acordo com o adido agrícola da Embaixada do Chile, Gonzalo Ibanez, o governo quer que seja impedida a saída de animais de Sete Quedas, que os animais sejam submetidos à investigação epidemiológica e o plano de trabalho na fronteira seja iniciado. Cavallero, no entanto, argumenta que todas as recomendações já foram tomadas.

“Não aceitamos a restrição do Chile porque Mato Grosso do Sul sempre foi transparente com as questões sanitárias. Muito me estranha a posição dos chilenos, porque na reunião realizada no último dia 4 no Panaftosa, os representantes daquele país não se manifestaram contra a entrada de produtos brasileiros”, diz o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul), Léo Brito. Para ele, a proibição da entrada da carne brasileira vai atingir diretamente o preço do produto no Estado, que responde por 47% das exportações brasileiras.

Para Ibanez, só existem duas maneiras de o impasse ser resolvido: o embargo ser retirado ou as cargas reordenadas, de modo que os caminhões que entrem no País contenham apenas carnes de estados que não o Mato Grosso do Sul. Desde que as importações foram impedidas, o custo da carne no Chile já subiu 20%.

Retaliação

O coordenador do Fórum Nacional da Pecuária de Corte, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, encaminhou mensagem na quinta-feira (14) ao ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, pedindo a adoção de medidas retaliatórias contra o Chile. O dirigente sugere que o governo brasileiro suspenda as importações de produtos agropecuários do país vizinho ou pelo menos os submeta a exigências sanitárias mais rigorosas.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi) e O Popular/GO, adaptado por Equipe BeefPoint

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