O Chile reabriu na segunda-feira o mercado para as carnes bovinas frescas argentinas, que permanecia fechado desde março de 2001 como conseqüência do reaparecimento de febre aftosa em rebanhos argentinos.
A medida foi adotada por recomendação do presidente do Serviço Agrícola Pecuário do Chile (SAG), Carlos Parra, após considerar “satisfatório o resultado da missão oficial que verificou a estrutura e o funcionamento do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) e a implementação do Plano de Erradicação da Febre Aftosa”.
O mercado chileno é um dos principais para as carnes frescas desossadas da Argentina e é complementar às exportações com destino à União Européia (UE) por demandar principalmente cortes dianteiros, os quais não são consumidos no bloco europeu. Em 1997, ano em que a Argentina exportou o maior volume ao Chile, foram registradas exportações de 87,443 mil toneladas, no valor de US$ 137 milhões.
“A notícia é um reconhecimento das garantias sanitárias que nosso país está oferecendo e a satisfação da autoridade chilena com relação ao plano de erradicação da enfermidade que a Argentina elaborou, questão esta que foi monitorada em sua auditoria realizada neste ano”, disse o presidente da Associação das Indústrias Argentinas de Carnes (AIAC), Héctor Salamanco.
Para ilustrar a importância deste mercado, Salamanco disse que o Chile representa potencialmente para o próximo ano uma demanda de 40 mil toneladas, por US$ 70 milhões, o que significa 15% e 10%, respectivamente, dos embarques totais deste produto.
Habilitação
Agora, a Argentina terá que trabalhar nas atualizações dos frigoríficos habilitados pelo Chile e na adaptação dos cortes à nova tipificação que o mercado chileno está impondo.
“Isto é muito positivo para o setor pecuário e para as carnes argentinas”, disse o diretor do frigorífico exportador Quickfood, Miguel Gorelik. Segundo ele, além do significado econômico que potencialmente tem esta abertura do mercado chileno, esta é importante pela conotação que possui para a Argentina e para a imagem de sua pecuária perante o restante do mundo.
Gorelik não quis assegurar quando a Argentina poderá exportar ao Chile, mas sua opinião coincidiu com a de Salamanco, ou seja, ele acha que as exportações poderiam ser de 40 mil toneladas em 2003. Segundo ele, estes dados são “muito bons”, principalmente se considerar que a estimativa é de exportações totais de carne de US$ 400 milhões.
O diretor da empresa Carnes Angus, Agustín Arroyo, destacou o fato do Chile demandar os quartos dianteiros, que não são exportados a outros mercados externos e deviam ser absorvidos pelo mercado interno argentino, mas neste caso, a preços menores. “Desta forma, obteremos aquilo que se conhece como integração da rês, algo muito positivo para o negócio da carne”.
Mercados recuperados
Com o mercado chileno, a Argentina recuperou 52 mercados dos 77 perdidos como conseqüência do reaparecimento de febre aftosa em seus rebanhos em 2001. O presidente do Senasa, Bernardo Cané, está atualmente em Paris participando do Salão Internacional de Alimentação (SIAL), aproveitando sua estadia na Europa para acelerar a reabertura do mercado da Rússia.
Em ordem de prioridades também há gestões com os EUA e o Canadá, somados a outros mercados aos quais a Argentina nunca teve acesso, como México, Coréia do Sul e Japão.
A reabertura do mercado do Chile ocorreu dois dias antes da Argentina completar 9 meses sem a presença de febre aftosa em território nacional. Além disso, foi registrada nos momentos em que o Senasa está reforçando os controles nas fronteiras com o Paraguai por causa das suspeitas sobre um possível foco detectado na localidade de Corpus Christi.
Fonte: La Nación (por Roberto Seifert)