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China ‘aperta’ Hong Kong e afeta exportações brasileiras de carnes

Autoridades da China apertaram o cerco a Hong Kong, reforçando o combate à triangulação de carnes na verdade destinadas ao seu mercado, uma prática comum, prejudicando as exportações brasileiras de carne.

Sinais das restrições chinesas a Hong Kong já se manifestavam desde o início do ano, mas o alerta aos frigoríficos brasileiros soou mesmo em abril. Até então, as dificuldades para vender carne a Hong Kong eram vistas como “temporárias” e as atenções das companhias estavam voltadas para países produtores de petróleo como Rússia e Venezuela, cujas compras de carnes do Brasil desabaram em meio ao declínio dos preços da commodity.

Agora, com a retomada das exportações de carnes para esses países – que puderam ‘respirar’ com a reação das cotações do petróleo -, Hong Kong concentra as preocupações.

Entre os frigoríficos de carne bovina, a avaliação é que as restrições da China a Hong Kong também afetaram o resultado das exportações, ofuscando a recuperação de Rússia e Irã, afirma Antonio Camardelli, presidente da Abiec, entidade que representa os exportadores do ramo.

No mês passado, as exportações brasileiras de carne bovina totalizaram 107,7 mil toneladas, redução de 8,8% na comparação com as 118,1 mil toneladas de igual período do ano passado. Principal comprador da carne brasileira, Hong Kong reduziu os embarques em 33,2% na mesma comparação, a 21,2 mil toneladas. Na prática, a queda das vendas para Hong Kong, de 10,5 mil toneladas, superou o recuo geral, de 10,3 mil toneladas.

Para os próximos meses, Camardelli é mais otimista, em boa medida pelo possível anúncio de reabertura do mercado da China à carne bovina brasileira.

Além do otimismo com a abertura do mercado chinês, Camardelli também acredita em recuperação das vendas para Hong Kong. “O volume de maio seguramente vai ser maior”, afirma. Essa avaliação é corroborada pelo diretor-presidente da MarfrigBeef Brasil, Andrew Murchie. “Já normalizou novamente”, disse ele na última sexta-feira, em entrevista a jornalistas.

Confiante na retomada de Hong Kong, o presidente da Abiec também destaca a retomada das vendas para a Rússia, segundo maior importador da carne brasileira. Em abril, as vendas para os russos cresceram 9,3%, somando 22 mil toneladas. No acumulado do ano, as exportações para a Rússia ainda apontam queda de 30,3%. “Continuamos otimistas com Rússia e Irã, principalmente”.

Embalado por essa recuperação e também pela perspectiva de aumento das vendas para países como África do Sul, Iraque, bem como a iminente reabertura do mercado da Arábia Saudita, Camardelli reafirma a projeção de que a exportações vai deslanchar no segundo semestre a bater novo recorde, ultrapassando a receita de US$ 7,2 bilhões alcançada no ano passado.

Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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