O crescente apetite por produtos de carne bovina da China tem tornado o país o principal destino de exportação para a carne bovina argentina. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina reportou que a China recebeu 17.051 toneladas de carne bovina argentina até o final de junho. Isso equivale a 35% de todas as exportações de carne bovina argentina nesse ano, substituindo o Chile como seu principal destino, que recebeu 10.051 toneladas.
Somente em junho, a Argentina exportou 5.058 toneladas de carne bovina para a China, por aproximadamente US$ 26,5 milhões.
Os consumidores chineses t6em direcionado um firme crescimento na demanda por carne bovina na última década, apesar de manterem uma preferência tradicional pela carne suína e de frango. Com o consumo per capita de carne bovina na China de menos de 6 quilos em 2014, comparado com 40 quilos e 13 quilos de carne suína e de aves, respectivamente, de acordo com o Rabobank, há espaço para mais vendas.
Esse crescimento no consumo também vem ocorrendo em meio a um cenário de maiores preços. Com preços médios de US$ 10/kg, os preços da carne bovina estão entre os mais altos globalmente, de acordo com o analista da indústria do Rabobank, Chenjun Pan. Ele estima que a demanda por carne bovina da China continuará crescendo apesar da queda geral na economia chinesa. Além disso, a produção doméstica na China não será capaz de suprir essa demanda. As importações terão um papel importante para suprir as 2,2 milhões de toneladas a mais necessárias em 2025.
Em julho de 2014, o presidente chinês, Xi Jinping, disse que o país estava disposto a fortalecer o comércio agrícola com a Argentina, durante uma visita a uma fazenda de criação de gado a 70 km de Buenos Aires.
A China precisa de recursos naturais para alimentar a crescente classe média, agora representando um quinto da população de 1,36 bilhão de pessoas, e está aumentando suas compras de carne bovina da Argentina em parte graças às relações bilaterais “muito boas”, disse o gerente geral do Instituto de Promoção da Carne Bovina Argentina, Carlos Vuegen. “O teto para crescimento é muito alto”.
A China, por exemplo, está comprando grandes quantidades de cortes com baixos preços e a crescente demanda tem pressionado os preços para cima. Além disso, redes de hotéis cinco estrelas e serviços de alimentação corporativos também estão aumentando as compras, disse ele, e oportunidades adicionais de vendas são particularmente altas no norte, onde o consumo é maior.
Com a Rússia agora em recessão, “grande parte do produto que ia para a Rússia agora está indo para a China”, liderados por carne bovina, salame e linguiça.
No entanto, há desafios. A Argentina ainda não pode vender cortes com osso nem miúdos à China, apesar de o vizinho Uruguai poder. “Estamos buscando um tratamento igual”, disse Vuegen, adicionando que a firme demanda por miúdos tornou os preços atrativos na China.
Uma preocupação mais imediata é a decisão da China de reduzir o valor de sua moeda, que pode tornar as exportações argentinas a esse mercado mais caras e, dessa forma, menos atrativas.
Entretanto, o economista chefe do MacroVision Consulting em Buenos Aires, Esteban Fernandez Medrano, disse que embora o impacto da desvalorização seja negativo, não é provável que reduza muito as exportações porque a China “não pode substituir facilmente suas importações de alimentos pela produção doméstica”.
Pan alertou, entretanto, que em longo prazo, a Argentina “pode ter dificuldade de se tornar um importante exportador à China” no futuro devido à situação “política instável [eleições ocorrerão em outubro] e aos preços não competitivos da carne bovina”. Ele alertou que isso pode levar os importadores chineses a favorecer outros países exportadores no futuro.
Fonte: http://www.globalmeatnews.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.