Os estoques mundiais de cereais subiram para 849 milhões de toneladas neste ano, conforme as mais recentes estimativas da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), segundo dados divulgados nesta quinta-feira (4).
Em março, a FAO previa um volume de 767 milhões de toneladas. O aumento acentuado se deve à revisão e à incorporação dos dados de grãos da China no sistema de previsões da organização.
Apesar do aumento neste ano, os estoques ainda ficam abaixo dos da safra 2017/18, quando a produção foi recorde.
A China ficou dez anos sem fazer censo agrícola e incorporou uma produção acumulada de 312 milhões de toneladas no período de 2007 a 2017 aos números que já dispunha na série histórica. Com isso, produção e estoques mundiais foram inflados pelo país asiático.
A maior defasagem nos números veio do milho, que o governo chinês elevou em 266 milhões de toneladas no período. A nova estimativa mundial de estoques do cereal para este ano é de 345 milhões de toneladas. Em março, a estimativa era de 267 milhões.
No caso do arroz, o estoque subiu de 175 milhões, em março, para os atuais 182 milhões, enquanto o de trigo foi a 267 milhões, um pouco acima do volume previsto anteriormente.
Os preços médios dos cereais mantêm tendência de queda, segundo o índice de acompanhamento da FAO. No mês passado, cereais e açúcar recuaram, enquanto os lácteos subiram e as carnes ficaram praticamente com preços estáveis.
Os cereais recuaram, em média, 2,2% no período. Essa queda se deve basicamente ao trigo, que caiu devido à acentuada oferta de produto, à demanda fraca e às previsões de boa safra.
Já a queda do milho ocorre devido a uma boa oferta do cereal e perspectivas de safra recorde na Argentina. O país deverá exportar próximo de 30 milhões de toneladas, podendo superar o Brasil no mercado externo.
O preço dos lácteos sobe devido a compras antecipadas das empresas, que esperam queda de produção na Oceania, afetada por enchentes.
As carnes têm preços estáveis, mas a necessidade de importação da China pode melhorar os preços externos neste ano. Já o açúcar, graças à oferta de produto, mantém a queda.
Fonte: Folha de São Paulo.