Por Maurício F. M. Ribeiro1
No dia 9 de agosto de 2002, o Governo Brasileiro (na figura do Exc. Sr. Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Marcus Vinicius Pratini de Moraes), assinou um acordo de equivalência sanitária com o Governo Chinês, o qual havia enviado representantes para checar “in loco” a qualidade da produção e indústria de carnes Brasileiras.
Finalmente abre-se um enorme mercado consumidor, almejado por diversas indústrias e empresas. Levando-se em consideração uma população de aproximadamente 1,3 bilhões de pessoas, as expectativas de comércio parecem ser as mais promissoras da atualidade.
Algumas empresas do setor de carnes, principalmente aves, já mantém uma estreita relação com o mercado Chinês, inclusive trabalhando com marcas próprias no território de Hong Kong e já lançando uma ponta para a China Continental.
Mas é sempre válido realçar que Hong Kong foi uma colônia Britânica (e se mantém um território sob administração especial) onde os costumes “ocidentais” de consumo claramente se mesclam com a cultura Chinesa. Por isso a experiência local tem que ser adaptada aos moldes e necessidades da China Continente.
E pensando em China continental, é necessário ter um estudo claro do perfil da população, das particularidades culturais e regionais; e acima de tudo dos costumes alimentícios. Cada província tem uma característica diferente, um modo de preparo particular, e mesmo uma sazonalidade no consumo de carne Bovina.
O Brasil com certeza deu um grande passo com a assinatura do acordo, porém ainda está muito atrás dos produtores Australianos, Americanos e Canadenses que há anos vem desenvolvendo um trabalho de marketing específico para a China. Evidentemente, a carne americana (“American Beef”) foi a que mais investiu em marketing, tornando-se sinônimo de qualidade nas grandes cidades como Beijing, Shanghai e Guangzhou.
A carne bovina Brasileira possui todas as qualidades que “apetecem” o consumidor chinês. O gado criado a pasto; com carne “mais magra” se adapta perfeitamente à culinária chinesa. Estando livre de doenças como a BSE (“vaca louca”) e sem uso de hormônios, a nossa carne desponta como a alternativa mais saudável disponível no mercado, e este é sem dúvida uma das maiores vantagens competitivas do nosso produto.
Mas todas essas qualidades, sem um trabalho sério de marketing; jamais serão percebidas pela população chinesa.
É necessária a união de toda a cadeia da carne, o apoio de entidades e o desenvolvimento de um plano estratégico sério e competente. É preciso “vender” e não ser “comprado”, a cultura do comércio exterior vai ser muito mais necessária do que se imagina nesta nova fase de expansão das fronteiras de exportação. E com a inclusão da China, outros mercados asiáticos tornam-se mais próximos e acessíveis a carne Brasileira.
A “muralha da China” hoje é acessível e uma realidade, e só depende das empresas envolvidas na “Indústria de Carne Bovina” ultrapassá-la, para assim conquistar um mercado com um potencial de consumo inigualável.
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1Maurício F. M. Ribeiro é veterinário, especializado em Comércio Exterior, Pecuarista e diretor da Natubeef Brazil, empresa especializada em Comércio para a Ásia email: mauricio@natubeef.com