Síntese Agropecuária BM&F – 17/10/02
18 de outubro de 2002
Mato Grosso começa terceira etapa de vacinação antiaftosa
22 de outubro de 2002

CICB quer agregar valor ao couro

O setor coureiro traça estratégia para agregar valor ao couro que exporta e tornar o produto brasileiro mais competitivo. O vice-presidente de gestão estratégica do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Amadeu Fernandes, explica que está sendo encaminhada ao Governo Federal uma proposta neste sentido, a fim de que a matéria-prima fique no país e seja elaborada e manufaturada aqui.

Ele ressalta que a indústria de curtumes é forte, importante e duradoura em um país, quando há outra transformadora do couro em calçados e manufaturados. Ele cita como exemplo os Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e China. Para ele, o exemplo chinês é o mais expressivo, pois há um protecionismo à indústria local tanto pela iniciativa privada quanto pelo governo. O resultado são 11 bilhões ao ano em exportações de couros, calçados e manufaturados e geração de milhares de empregos.

Em dezessete anos, de 1985 a 2002, o Brasil dobrou o abate de bovinos e com ele a produção de couro cru, mas a industrialização de couros, calçados e manufaturados regrediu, ressalta. O CICB defende que seja criado imposto de exportação na ordem de 18% (hoje é de 9%) para evitar a exportação desta matéria-prima.

Fernandes ressalta que os produtos brasileiros de valor agregado e o couro acabado sofrem barreiras alfandegárias nos países desenvolvidos. Na Europa, sofrem taxação de 6,5% e a matéria-prima (wet blue) tem entrada livre. “Esta é uma forma de concorrência desleal, visando a proteger os seus empregos, deixando a matéria-prima livre e taxando o couro acabado”.

CICB projeta mudanças para setor coureiro

Para 2010 o CICB projeta produção brasileira mínima de 40 milhões de unidades de couros para industrialização. Desse total, 30% devem ser consumidas no mercado interno e outros 28 milhões de unidades estarão disponíveis para exportação.

Para otimizar a exportação de couro e priorizar os produtos de maior valor agregado, foram traçados quatro cenários. A recomendação básica é de que seja suspensa a exportação de couro salgado.

No primeiro, denominado cenário baixo, é estimado que o Brasil, no mínimo, repetirá em 2010, a mesma estrutura quantitativa de exportação de 2001, com 29% da produção nacional exportados sob a forma de produtos manufaturados; 50% sob a forma wet blue; 13% como couro crust e 8% como couro acabado.

No segundo (cenário médio), políticas públicas resultariam na discreta alteração da estrutura da exportação de couro para 2010. O Brasil pode exportar, daqui a oito anos, 35% da produção nacional de couros, na forma de produtos manufaturados; 35% em wet blue; 15% em crust e 15% em couro acabado. No cenário médio-alto, estas políticas públicas resultam em significativa alteração na estrutura da exportação, com 50% em manufaturados; 10% em wet blue; 15% em crust e 25% em couro acabado. No cenário alto, toda a produção brasileira exportável, de 28 milhões de unidades, pode ser exportada em forma de produtos manufaturados.

Numa visão realista do mercado, os quatro cenários foram classificados como impossível (baixo), possível (médio), desafio viável (médio-alto) e utopia possível (alto).

Fonte: Diário Popular/RS (por Luciara Shneid), adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.