A discussão sobre o novo Código Florestal ultrapassou fronteiras e foi parar nas páginas da revista Science, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo. A última edição da revista, que circula nesta semana, contém uma carta de cientistas brasileiros com fortes críticas as propostas de reformulação da legislação que está em análise no Congresso Nacional.
A discussão sobre o novo Código Florestal ultrapassou fronteiras e foi parar nas páginas da revista Science, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo. A última edição da revista, que circula nesta semana, contém uma carta de cientistas brasileiros com fortes críticas as propostas de reformulação da legislação que está em análise no Congresso Nacional.
Os autores dizem na carta que a revisão da legislação preocupa a comunidade cientifica brasileira, “a qual foi solenemente ignorada na formulação da proposta”. Eles alertam a comunidade científica internacional, público alvo da revista, que as novas leis “irão beneficiar setores que dependem da expansão da fronteira agrícola por meio da conversão de áreas de florestas e cerrados, e reduzirão das exigências para recomposição da vegetação nativa ilegalmente suprimida desde 1965”.
O texto é assinado pelos cientistas Jean Paul Metzger, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP); Thomas Lewinsohn, do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Luciano Verdade e Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP; Ricardo Ribeiro Rodrigues, do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP; e Carlos Alfredo Joly, do Instituto de Biologia da Unicamp.
Na carta, os cientistas avisam que se a nova lei for aprovada as emissões de CO2 crescerão substancialmente, invertendo a tendência de redução apontada recentemente em Copenhagen. Eles preveem também o risco de extinção de mais de 100 mil espécies, “uma perda massiva que compromete compromissos e metas de conservação da biodiversidade”. Segundo os cientistas, os defensores da nova legislação “são, sabidamente, associados a grupos específicos do setor do agronegócio, que reclamam da redução de terras disponíveis para a expansão da agricultura e consideram a legislação vigente de proteção ambiental excessiva e exagerada, por atender aos interesses internacionais capitaneados por organizações não-governamentais ambientalistas”.
Os cientistas lembram no comunicado que estudos recentes mostram que mesmo sem a derrubada de novas áreas de vegetação nativa, a produção de grãos pode ser ampliada, convertendo-se pastagens disponíveis para agricultura e intensificando a produção pecuária nas pastagens restantes. “O Brasil apresenta um grande potencial para atingir um desenvolvimento sustentável conservando seu patrimônio biológico único.”
Eles relatam que apesar da contestação do Ministério do Meio Ambiente e da maioria dos cientistas, “a articulação de políticos tradicionais com grupos econômicos oportunistas e poderosos fazendeiros poderá criar uma condição de difícil resistência”. Eles alertam que a situação é delicada e séria, pois o Brasil corre o risco de sofrer um retrocesso de meio século, com consequências criticas e irreversíveis além dos seus limites.
O assunto será um dos destaques da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência que começa no próximo domingo (25) em Natal (RN). Para a quinta-feira (29) está programada a mesa-redonda “O Código Florestal Brasileiro: mudar ou não mudar?”.
Participarão dos debates o ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli, o diretor de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus Medeiros, o pesquisador do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da USP, Jean Paul Metzger, e o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais (Contag), Alberto Broch. A coordenação estará a cargo do diretor do Departamento de Ciência Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco, José Antonio Aleixo da Silva.
O assunto volta à discussão no dia 3 de agosto, quando os coordenadores do Programa Biota-Fapesp, uma articulação da comunidade científica paulista, promove um evento técnico-científico sobre “Impactos potenciais das alterações do Código Florestal Brasileiro na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos”.
Após a derrota dos ambientalistas nas votações na comissão especial do Código Florestal no Congresso Nacional, a comunidade científica surge como peça de resistência às propostas do relator Aldo Rebelo (PCdoB/SP).
A matéria é de Venilson Ferreira, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeeFPoint.
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Tenham paciência….o Brasil é um dos paises com maior percentual de áreas preservadas do planeta. Isto é um fato objetivo. Quem já teve o privilégio de conhecer bem a região amazônica ou o Pantanal sabe disto. E nada no texto do Novo Código Floresrtal aprovado na comissão da Camara põem em risco este status.
Devemos sim discutir como produzir alimentos e outros produtos que precisamos com o mínimo de impacto. Há áreas mais propicias a produção e outras mais indicadas a preservação. Vamos criar incentivos para fortalecr a vocação natural de cada uma destas regiões.
Que tal os demais paises contribuirem no esforço ambiental, reflorestando parte de seus territórios para chegar mais próximos do Brasil?
Att,
Caros amigos vamos colocar a mãe na consciência e abrir os nossos olhos para não fazer comentários ou estar de acordo com determinados ideais sem conhecer as realidades de cada lado. Vemos fortemente a discussão de ambos os lados deste novo código florestal. Infelizmente pessoas com grande capacidade intelectual, detentoras títulos, defenderem os seus ideais, que realmente são validos pois defendem a sua ciência, o seu meio de trabalho, de sobrevivência com grande afinco. Mas estão pecando veemente em não ampliar a sua discussão, os seus estudos, os seus comentário em não ver que estamos sendo fortemente pressionados por entidades estrangeiras a não permitir que nos Brasileiros, produtores rurais, pecuárias, agricultores cresçamos já que temos condições de sermos os maiores produtores de alimento mundial. Isto já foi publicado que o novo código florestal irá dar, somente aos EUA, certa de 270 milhões de dólares. Porque os EUA, fontes esmagadoras das ONGs atuantes contra o novo código florestal, não contesta o desmatamento que acontece no próprio pais?
O novo código precisa sim ser mais generoso com os PRODUTORES RURAIS. Temos que poder continuar a retirar da floresta, de maneira educada, arvores para construção de nossas benfeitorias, casas, galpões, cercas e demais edificações que são necessários sem sermos considerados LADRÕES de nossos próprios bens adquiridos ao longos de anos de trabalho.