Os métodos de controle químico e biológico de cigarrinhas disponíveis até o momento são pouco eficazes. No entanto, em algumas situações, onde o nível de infestação é muito elevado, estes tornam-se necessários. Apesar do nível econômico de dano ainda não ter sido determinado, Valério & Koller (1992) sugerem que o controle químico deve ser implementado após a constatação de uma população média entre 20 e 25 ninfas grandes (tamanho semelhante ao da cigarrinha adulta) por metro quadrado. Os autores lembram ainda que, como no campo há ninfas de diferentes idades, em certas ocasiões será necessário fazer uma nova aplicação do produto após um intervalo de cinco a sete dias. Já Silveira Neto (1994) sugere que as áreas de maior infestação sejam demarcadas no período de pico populacional (fevereiro) e que, nestas áreas, seja feito um controle com produtos químicos e biológicos a partir do início da próxima estação chuvosa, quando aparecem os primeiros adultos (novembro). Neste caso, o controle deve seguir o esquema proposto na Figura 1.
Figura 1: Controle integrado de cigarrinhas das patagens.
De acordo com o esquema proposto por Silveira Neto (1994), deve ser feito um controle químico quando surgirem os primeiros adultos após o início da estação chuvosa. A Tabela 1 mostra uma lista de inseticidas para aplicação em pastagens. Os inseticidas irão agir, principalmente, sobre os adultos de cigarrinhas, um vez que as ninfas ficam protegidas por uma espuma.
Tabela 1: Relação de inseticidas para aplicação em pastagens.
Após o controle químico inicial, devem ser feitas aplicações do fungo Metarhizium anisopliae quando aparecerem as ninfas da segunda e terceira gerações. O M. anisopliae pode ser aplicado nas formulações pó molhável ou granulada, na dosagem mínima de 2,0 x 1012 conídios/ha (cerca de 200g de fungo puro) usando-se 200 a 300 l de água/ha. O nível de controle com o M. anisopliae, em condições de campo, varia de 10 a 60% (média de 40%), sendo necessário elevada umidade, seguida de veranicos, e temperaturas na faixa de 25 a 27oC para a obtenção de bons resultados. De modo geral, o sucesso deste método de controle depende de: qualidade do fungo, quantidade de fungo aplicada por unidade de área, método de aplicação, isolado ou raça utilizada, condições de temperatura, radiação e umidade por ocasião das aplicações.
Comentário do autor: Como vem sendo ressaltado desde o início desta série de artigos, tanto o controle químico quanto o biológico são de baixa eficiência. Os produtos biológicos encontrados no mercado apresentam, de modo geral, baixa qualidade, sendo ainda necessários uma série de cuidados no momento da aplicação do fungo a fim de se obter algum sucesso. Normalmente, os produtos químicos de ação sistêmica proporcionam melhores resultados, porém o custo da aplicação é elevado. Além disto, alguns produtos que apresentam bons resultados não estão registrados para pastagens, visto que este mercado não é muito atraente para as firmas de inseticidas. Um exemplo seria o Imidacloprid, que poderia ser utilizado para o controle de cigarrinhas, aplicando-se uma calda de 800 l/ha. Para se obter bons resultados no combate a cigarrinha, é importante, portanto, associar o maior número de medidas preventivas possível (principalmente, utilizar espécies resistentes).
GALLO, D.; NAKANO, O. et al. Manual de Entomologia Agrícola. Editora Agronômica Ceres. 1988. 649p.
SILVEIRA NETO, S. Controle de insetos nocivos às pastagens de Brachiaria spp. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 11., Piracicaba, 1994. Anais. Piracicaba :FEALQ, 1994. p.73-97.