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Claro que há saídas para a crise…

Por Francisco Vila1

“Quanto mais turbulento o ambiente, mais robusta precisa ser a estrutura do edifício”. Esta regra básica da engenharia vale tanto para as áreas de risco de terremotos quanto para a saída de crises políticas ou para estratégias empresariais em setores que sofrem de sucessivos choques de modernização. Sabemos, também, que quanto mais alto o prédio, mais profundas e sólidas devem ser as suas fundações. E, quanto mais longo o período de construção mais minucioso precisa ser o planejamento técnico, logístico, econômico e financeiro. Pois, sempre pode pintar uma crisezinha no meio da realização da obra.

O fundamento: as características da “economia do boi”

Aplicando as regras da engenharia civil como metáfora de referência ao setor de gado, podemos constatar que a produção bovina é uma ´construção econômica´ de longo alcance. Os famosos ´ciclos pecuários´ variam entre 5 e 7 anos e o período de fabricação da carne de boi, cronometrado entre o dia de nascimento do bezerro e o dia do abate, consome, na média brasileira, algo em torno de 24 a 36 meses, dependendo do sistema de produção. Só para ter uma noção: um telefone celular é manufaturado em 180 minutos, a montagem de um carro demora menos de um dia, a vida econômica do ´frango industrial´ não pode ultrapassar 59 dias e a produção de suínos confinados conta com 175 dias de engorda.

Enquanto isso, o nosso boi anda pastejando uns bons anos antes de cumprir sua função de virar picanha. Nada de problemático, desde que o cliente pague! Trata-se, então, de um período longo de maturação que, conforme a engenharia, requer sólidos fundamentos de programação. E isto não pode ser ignorado!

Além do extenso período de produção, a pecuária enfrenta uma série de desafios adicionais desconhecidos pela grande maioria do outros bens de consumo. Ao iniciar a engorda, não se sabe, por exemplo, o preço de venda, nem o mercado de destino daquilo que produzimos durante longos meses. E, para completar o ´clima de incertezas´, nem tampouco conhecemos, de certo, o custo dos principais insumos estratégicos, desde adubo até os vários tipos de ração, além de não ter uma noção clara se, no dia do abate, o regulamento definitivo da rastreabilidade terá saído ou não, e se este mecanismo será aplicável para o nosso caso.

Este é o cenário típico do setor bovino cuja intensidade de risco cresce com o grau de tecnificação do sistema produtivo em uso. Torna-se evidente que a construção da ´sustentabilidade de negócio´ de uma atividade tão complexa exige uma estrutura estratégica sólida e flexível ao mesmo tempo.

Atacar ou fugir?

Desde os tempos remotos da humanidade existem duas estratégias para reagir a ameaças: atacar ou fugir. Traduzindo este comportamento para a atual crise bovina temos a opção entre diminuir o ritmo da produção para hibernar até a chegada de melhores tempos ou uma postura pró-ativa que tente ´transformar a crise em oportunidade de negócio´. A questão assim é: reduzir a atividade ou enfrentar a crise com uma estratégia de aceleração de nosso processo de modernização. Como sempre, a resposta depende das circunstâncias específicas de cada caso e da mentalidade empreendedora dos responsáveis pela fazenda.

Para melhor fundamentar nossa opção (de acelerar), convém identificar o caráter da crise atual. Pois, trata-se de uma ´crise do bem´ e não de um acúmulo de problemas técnicos, comerciais, explosão de custos catastróficos ou de outros ´males´. O preço da arroba está ´ruim´ porque a produção pecuária está ´boa demais´. E já que ninguém vai desmontar suas infra-estruturas de confinamento ou derrubar as cercas elétricas do rotacionado para voltar à milenar tradição da pecuária extrativista é de esperar que a atual sobre-oferta veio para ficar durante alguns anos!

Certamente não serão os esforços louváveis e necessários da SIC ou do novo Instituto da Carne que transformarão o atual panorama da crise dos preços (tecnicamente benigno) rapidamente num cenário com cotações da arroba com os níveis desejados. Vejamos a seguinte simulação: se o marketing acelerado conseguir a façanha de aumentar o consumo do brasileiro em 1 quilo per capita isto ampliaria a demanda anual numa dimensão de 1 milhão de bois. Um número impressionante, porém, isto representaria apenas 2,5 a 3% de acréscimo sobre o abate atual.

Por outro lado, somente a variação do abate de vacas ou a aceleração dos sistemas de alto empenho implantados em cerca de 5 a 10% das fazendas de ponta já darão conta deste ´salto da demanda´. Nem se discutem aqui as reais perspectivas da ´elasticidade da demanda´, que pode reagir menos do que se espera ao estímulo de um marketing mais agressivo. A observação de mercados mais maduros revela uma tendência estrutural de redução de consumo de carne bovina em função da substituição de outras carnes ou de hábitos de alimentação mais diferenciados.

Sendo assim, não deve ser ´por aí´ (aumento de demanda e recuperação dos preços) que nós devemos repensar o nosso caminho para os próximos anos. E, também, não resulta em muito benefício concreto criticar a alta dos insumos, xingar os frigoríficos ´cartelistas´ ou, ainda, esperar algo de milagroso do governo que, se vier, será mais do que bem vindo.

A solução começa em casa, ou seja, na fazenda do produtor. Enquanto a crise navega lá fora, podemos, nós, aproveitar para fazer algumas lições de casa que sempre ficaram para trás durante os anos de crescimento agitado e da experimentação febril de uma dúzia de tecnologias de aceleração da produção.

Por onde começar o ataque à crise?

Para descermos ao nível prático, vejo cinco caminhos para ´aproveitar a crise´. Cada iniciativa possui tecnicidades, necessidades de meios e timings diferentes. Para criar coragem e treinar nossas energias criativas deveríamos começar com as coisas mais fáceis e com períodos de incubação curtos. ´Nothing more successful than success´ ensinam os americanos, campeões mundiais na prática de transformar problemas em soluções.

Destes cinco caminhos, três encontram-se dentro ou em torno de nossa porteira e os dois restantes visam uma atuação num maior raio geográfico e temporal fora da porteira. Sabendo que o maior erro é tentar solucionar situações complexas com remédios pontuais e simplistas, é evidente que no espaço de um artigo dificilmente caberá a abordagem completa de todas estas opções. Por isto vamos, por agora, focar na pista menos complicada e mais veloz, dentro da porteira.

Começaremos (de preferência já amanhã!) com uma radical análise de nossos CUSTOS. Se não dá para ganhar no preço, resta sempre a saída pelo melhor gerenciamento dos custos. Sem pretender uma abordagem completa do assunto, passamos a listar algumas medidas eficazes para incrementar a consciência e a transparência de nossos custos de produção:

1- Qualquer ´auditoria interna´ começa com um mini-diagnóstico da estrutura e da evolução dos custos diretos e indiretos ao longo dos últimos 5 exercícios. Em paralelo, descrevemos os ´saltos tecnológicos´ implantados ao longo deste período. Pois, parte do aumento dos custos deve-se ao processo de modernização em curso (custos benignos) e uma outra parte tem a ver com o descontrole gerencial típico para épocas de crescimento (custos malignos).

2- Quem deve elaborar o diagnóstico? Para evitar que a raposa tome conta do galinheiro, parece pouco eficaz chamar os atuais responsáveis pela contabilidade para esta tarefa. Nem o nosso contador, nem nós próprios, possuímos distância objetiva suficiente para abordar a questão em moldes profissionais diferentes da prática de improviso dos últimos anos. Se tivéssemos, já teríamos feito. Assim, convém contratar um contador com fama de ´durão´ para fazer a limpeza nos livros da propriedade. Este pode ser encontrado por indicação de um fazendeiro amigo que já passou por este processo ou delegando a tarefa para o auditor que trata de nossas outras atividades produtivas. O importante é contar com alguém sem vícios e com uma boa prática na contabilidade industrial.

3- Como é bem provável que uma parte do aumento dos custos caiba na categoria de ´custos benignos´ da modernização tecnológica e para poder separar, com rigor, estas despesas da categoria dos desperdícios, pode ser útil aproveitar a faxina para chamar também o nosso consultor técnico para executar uma ´auditoria técnica´ em paralelo. Certamente, ocorreram desvios entre o planejamento inicial e as modificações executadas no domínio de novas infra-estruturas e processos de produção. Isto produz custos desnecessários que precisam ser transferidos da categoria de ´custos benignos´ para a lixeira dos ´custos malignos´.

4- Com um auditor contábil contratado do lado esquerdo, com o consultor técnico do lado direito e o núcleo composto por nosso gerente, nosso contador e nós mesmos no meio, criamos um fórum de debate criativo que, dentro de poucas semanas, tira a poeira da nossa rotina gerencial dos últimos anos. Sem conhecer a sua fazenda, aposto que uma economia entre 5 e 10% do custo anual não seria nenhuma surpresa como resultado desta limpeza.

5- Também nós, os donos, temos que fazer a nossa lição de desenvolver a disposição de matar algumas ´vacas sagradas´. O criador-amador de gado de elite sabe perfeitamente do que estamos falando. Está consciente, também, de que a criação de ´centros de custos´ dificilmente resistirá a uma avaliação crítica da economicidade do gado PO. Uma segunda área sensível são as despesas com a sede da Fazenda. No caso de ocuparmos dois jardineiros para tratar do parque em volta da casa sede e da piscina e uma cozinheira para atender à família durante o final de semana, a solução é criar uma conta fictícia da ´esposa´ e fazê-la pagar estas mordomias merecidas. Não se trata de arrumar mais um tema para a convivência matrimonial, mas sim de um truque contabilístico para tirar estas despesas não operacionais da contabilidade de custos de produção. Seremos nós que abriremos a ´conta esposa´ e seremos nós que pagaremos tudo, até sem necessariamente abordar este artifício com a parceira. Depois teremos que ver se não existem outros ´esqueletos´ nos armários da escrita da fazenda.

6- O argumento ´fiscal´ pode ser válido, mas não é excludente. Como usamos na fábrica três tipos de contabilidades (uma para os sócios saberem como anda o negócio, outra para o fisco e uma terceira para o banco), precisamos também na fazenda separar os custos que dizem respeito à atividade econômica de ´produzir carne´ dos outros que não têm nada a ver com isso. Só depois saberemos quanto ganhamos ou quanto perdemos no final de cada exercício. Pois, na contabilidade real dos sócios teremos que calcular um custo de arrendamento, bem como as depreciações corrigidas em função do consumo físico dos bens duráveis como máquinas, equipamentos e infra-estruturas. O auditor já saberá separar ´direitinho´ estas várias categorias da contabilidade analítica.

7- O objetivo final deste diagnóstico técnico e econômico de nossa atividade é criar a possibilidade de calcular o nosso custo real de produção ´de baixo para cima´. Ou seja, podemos identificar o nível de preço necessário para cobrir os custos, bem como uma taxa de retorno sobre o valor patrimonial da nossa fazenda.

Para o que serve o gerenciamento de custos?

O conhecimento detalhado da estrutura dos custos e, nomeadamente, da reagibilidade dos custos variáveis em função da oscilação dos preços de insumos e da simulação de diversos cenários de cotações da arroba do boi nos permite, não apenas negociar com maior segurança o período de comercialização mais favorável como também, o preço adequado para a otimização de nosso sistema de produção. Uma visão clara do real custo de produção é também pré-condição indispensável para uma racional operação na Bolsa de Mercados & Futuros.

E, num ambiente com cada vez mais fatores de risco, a blindagem do preço do produto tornou-se uma ferramenta capaz de contrabalancear volatilidades do mercado que possam inviabilizar um trabalho tecnicamente perfeito na fazenda. Só que, tudo isso apenas faz sentido se tivermos conhecimento pleno da estrutura e do patamar de nossos custos.

Auditar e posteriormente monitorar os custos de produção são os primeiros passos para enfrentar a crise via ´gerenciamento dos custos´. Normalmente, o processo de (1) definir o escopo das auditorias técnicas e contábeis, de (2) contratar os profissionais adequados e de (3) colaborar ativamente no processo de auditoria não deveria consumir mais do que três meses. Os benefícios são transparentes e imediatos e os custos da operação são mais do que compensados pelos ganhos a curto, médio e longo prazo com esta ´medida de profissionalização gerencial´ de nossa estrutura produtiva. E, concluído este trabalho da ´limpeza estratégica´ podemos avançar em direção dos outros caminhos para sair da crise.

E aqui mais uma consideração final. Como deu para notar, não sou muito fã da ´opção fugir´. Todavia, não quero dizer com isso que o ´congelamento´ ou a ´redução gradativa do volume de produção´ não sejam alternativas legítimas e até viáveis. Todavia,

1o – a modernização da pecuária veio para ficar,

2o – mercado mundial sempre vai precisar da carne brasileira,

3o – ainda existem imensas reservas de qualidade e de escala na grande maioria das fazendas e, para finalizar,

4o – o natural processo de concentração, que diminuirá o número de produtores ao longo da próxima década, e recomporá a estrutura da oferta são, em seu conjunto, fatores muito convidativos para pensar a pecuária numa dimensão mais profissionalizada e assim com maior rentabilidade.

Porém, é preciso ´atacar´ com estratégias e táticas afinadas. Trataremos disso (se ainda tiver a paciência para acompanhar estes raciocínios, tanto filosóficos como operacionais) em conversas futuras neste Espaço Aberto.

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1Francisco Vila é economista e consultor

0 Comments

  1. Nagato Nakashima disse:

    Sr. Francisco Vila,

    Brilhante colocação, mas óbvia.

    Todo empresário, micro ou grande, desleixado ou organizado, sabe que o conhecimento do custo da produção é importante, como também o corte dos desnecessários para superar a crise. Até quando?

    Agora é preciso entender que a situação vivida pelo agronegócio brasileiro, em relação ao preço praticado da arroba do boi é o fruto do modelo implantado na década de 60 e 70 do século passado, que persistirá e enquanto pecuarista continuar vendendo a matéria prima da carne persistirá o círculo vicioso.

    Para superação da crise é preciso uma reengenharia do agronegócio brasileiro desde o ano de 1.500.

    Nagato Nakashima
    Consultor de Agronegócio

  2. Antonio Bogás Hernandes disse:

    Este artigo é uma descrição do que precisa ser seguido para quem não quiser viver de saudosismo, num futuro não muito distante.

    Entendo que a pecuária, terá mudado sua cara nos próximos cinco anos, não na próxima década, como cita Francisco Vila.

    É só observar o que ocorreu com a suinocultura e com a avicultura. Tanto que hoje, parece ser bucólico dizer que vou comer um frango caipira, ou uma leitoa caipira.

    Será que chegaremos um dia a dizer, vou comer uma novilha caipira? Até porque, hoje, acredito que 80% de nossa pecuária ainda é assim.

    Uma minoria de pecuaristas está preocupada, com qualidade, oferecendo uma carne macia, com alto grau de cisalhamento, etc. Já na suinocultura e na avicultura, ficaram os que se profissionalizaram e produzem qualidade.

    Na pecuária temos a maioria dos pecuaristas por condição e não por opção. Por condição, porque herdaram sesmarias dos pais, dos avós, e acham legal dizer que tem fazenda.

    Veja só, a maioria dos médicos do interior, se não forem fazendeiros, não são médicos.

    Portanto caro Vila, se é que posso chamá-lo assim. O que você escreveu é o que terá que ser seguido.

    Quando a pecuária for de fato uma atividade empresarial, onde se tenha que produzir qualidade para não ser excluído do mercado, administrando-se custos, talvez possamos vender carne ao preço que os canadenses e americanos vendem a tonelada, caso contrário, fazenda para muitos é lugar de passar férias.

  3. Paulo Henrique F. de Quadros disse:

    É uma bela propaganda para a classe dos economistas, mas será que isto que foi comentado não é mais um custo para o produtor?

    A esta altura do campeonato quem já não enxugou todos os seus custos ou está fora ou deve ter vendido para o homem das malas de dinheiro que compra gado de pecuaristas com dinheiro vivo.

  4. Jose Luiz Couto Pedreira disse:

    Parabéns ao Sr. Francisco Vila!

    Até quando nós pecuaristas estaremos olhando para nossos umbigos e reclamando dos “cartéis” dos preços de insumos e do preço do boi e esquecendo dos nossos custos e falhas produtivas.

    Que a cadeia da carne tem que se organizar e a nossa força de milhões de cabeças de boi tem que ser ouvida é inegável. Mas ou mudamos a nossa gestão dentro da porteira ou não vamos a lugar nenhum.

    Que me perdoe o Sr. Nagashima, porém nem 5% dos nossos pecuaristas sabem o custo final do seu produto para poder afirmar que o preço da @ está caro ou barato.

    Trabalho também com consultoria pecuária e esta é a situação que mais encontro no campo.

    O seu artigo Vila é extremamente educador e instigante para a classe pecuarista.

    Parabéns mais uma vez,

    José Luiz Pedreira

  5. Bruno de Jesus Andrade disse:

    É muito fácil terceirizar o erro.

    “A culpa é do governo”, ou “Pra que produzir com qualidade se ninguém compra?”, ou então a melhor “Porque eu vou fazer se o meu vizinho não faz?, Tá dando certo!!”.

    Digo que é muito complicada essa forma de raciocínio, pois além que mostrar que não somos capazes, favorece muito o aparecimento de outros problemas e assim temos um círculo vicioso e pessimista.

    Os chineses, muito sábios, já diziam que é na crise que temos oportunidades. E eles estão certos, não é por sorte que existe a milhares de anos o pensamento chinês em muitas empresas pelo mundo. Vamos conhecer “Nossa terra” (fazenda) e fazer dela uma arma muito poderosa.

  6. hugo monteiro santiago disse:

    Prezado Senhores,

    Em primeiro lugar, gostaria de manifestar minha satisfação em participar deste “fórum” de debates, que permite troca intensa de informações e opiniões.

    Primeiramente, gostaria de fazer um comentário ao feito pelo Sr.Nagato Nakashima. Realmente todos os pequenos e grandes empresários deveriam saber da importância do conhecimento do custo de produção, entretanto, no setor agropecuário (bem como em tantos outros setores), poucos ainda o sabem com precisão.

    Talvez essa seja uma das principais premissas financeiras necessárias para a viabilidade de quaisquer negócios. Entretanto, apenas o bom entendimento desta, não é o suficiente para a garantia do negócio como um todo.

    A garantia do preço de venda também é necessária para a manutenção e a viabilidade da atividade (cálculo da margem).

    Os riscos inerentes à atividade devem e podem ser minimizados e não “menosprezados”.

    Quando digo “riscos”, refiro-me desde os riscos fito-sanitários, aos riscos sistêmicos e também aos riscos financeiros (dentre outros tantos). Com relação aos primeiros, não sou apto a comentar, mas com relação ao último, tenho algo a acrescentar.

    Talvez, se grande parte dos pecuaristas tivessem feito a proteção de preços antecipadamente (via BM&F, contratos a termo, ou quaisquer outros instrumentos financeiros disponíveis no mercado), não estariam passando por um momento tão delicado como o que presenciam hoje.

    Apenas para ilustrar, em Janeiro de 2005, quem quisesse vender o gado de confinamento ao final de outubro, conseguiria vendê-lo (na BM&F) a R$ 67,90/@.

    Hoje, o preço da arroba para Outubro é de R$ 55,85 (queda de quase 18%). E quem teve a sorte de ‘blindar o risco’ em outubro/novembro de 2004, poderia ter fixado o preço de outubro de 2005 acima de R$ 72,00.

    Achar que Bolsa de Valores é um “jogo de azar”, é um ledo engano. Na verdade, trata-se de um mercado cuja transparência é uma das virtudes do mesmo, e está à disposição de todos os que efetivamente compreendem a necessidade da “minimização dos riscos”.

    Porém, para utilização eficaz desta ferramenta financeira, torna-se necessário o efetivo conhecimento do custo de produção.

    Um abraço,

    Hugo Monteiro Santiago
    Operador de Mercados Futuros

  7. Vitor Santos disse:

    Concordo com o Francisco, pois sou Zootecnista e trabalho com a bovinocultura aqui na região Sul do MT.

    Na atual situação em que a Pecuária Nacional está passando nada mais é do que adaptarmos o mais rápido possível aos “pacotes tecnológicos” da modernização do nosso segmento, para assim, estarmos aptos ao progressivo mercado mundial de proteína animal, no qual o Brasil é líder mundial nesta produção, mesmo com todas as dificuldades.

    Logo o que fazer no momento atual: fugir?

    Talvez esta não seja a melhor solução, cautela sim nos negócios para sair da crise.

    Vitor Santos.