No mês maio, o milho foi o destaque de queda enquanto o açúcar teve a maior alta entre as commodities agrícolas nas bolsas americanas, segundo dados compilados pelo Valor Data.
Com o bom andamento da safra 2023/24 do cereal nos Estados Unidos, graças ao clima favorável, os contratos de segunda posição do milho na bolsa de Chicago recuaram 12,21% em maio, cotados, na média, a US$ 5,4552 por bushel.
Após as perdas causadas pela seca na temporada passada, o avanço da semeadura do milho nos EUA aumentou o otimismo do mercado com a projeção do Departamento de Agricultura do país (USDA) para a colheita. A estimativa é de uma safra de 387,75 milhões de toneladas, 11% mais que no ciclo 2022/23.
O plantio do cereal chegou a 92% da área até o último domingo (28), acima do percentual de 84% da média para os últimos cinco anos. Um avanço que só foi possível com o clima adequado para as lavouras.
De acordo com Roberto Carlos Rafael, sócio-proprietário da Germinar Agronegócios, diante da perspectiva de produção elevada, os estoques de passagem dos EUA devem se recuperar após um ciclo de baixa. “E quanto maior a perspectiva para as reservas, menores tendem a ser os preços em Chicago”, avalia Rafael.
Quanto maior a previsão para as reservas, menor tende a ser o preço”
— Roberto Rafael
No caso da soja, os contratos de segunda posição recuaram 8,69%, para US$ 13,3260 por bushel, na bolsa de Chicago. O clima nos EUA também influenciou o preço da oleaginosa em maio. Além disso, os bons números da colheita de soja no Brasil contribuíram para a baixa.
Também negociado em Chicago, o trigo teve baixa de 6,83% em maio, para US$ 6,3261 por bushel na média. A pressão, mais uma vez, decorreu do acordo que autoriza o embarque de grãos produzidos no Ucrânia pelo Mar Negro. O pacto entre russos e ucranianos, intermediado pela Turquia e Organização das Nações Unidas (ONU), foi renovado em 18 de maio, mesmo em meio às incertezas sobre a participação russa no acordo, que vigora desde julho de 2022.
Segundo analistas de mercado, o acordo para escoamento de grãos pelo Mar Negro beneficia em alguma medida também os embarques de trigo russo. Isso porque o acordo acaba levando a uma maior aceitação pelo mercado do cereal produzido na Rússia. E essa oferta é mais um fator de pressão sobre as cotações.
Entre as “soft commodities” negociadas na bolsa de Nova York, o destaque foi o açúcar que subiu 5,68%, para 25,43 centavos de dólar por libra-peso considerando a segunda posição.
Para Maurício Murici, analista da Safras & Mercado, comparada ao resultado de abril, quando as cotações avançaram quase 18%, a valorização de maio pode ser considerada uma estabilidade.
“Desde abril, o que tem sustentado o mercado é a quebra de safra na Índia, que atua como fator de apoio no médio prazo. Já o retardo na colheita da cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil completou esse quadro de suporte aos preços em maio”, diz o analista.
Ele pondera que o atraso na safra no Brasil deve ter um efeito apenas no curto prazo nos preços em Nova York, já que as previsões climáticas para os canaviais do Brasil em junho são favoráveis.
O cacau também subiu em maio na bolsa, sustentado pela redução da oferta global, que já registra três temporadas consecutivas de déficit. Os contratos de segunda posição da amêndoa subiram 2,43%, a US$ 2.987 por tonelada, na média. No caso do algodão, a alta foi modesta, de 0,21%, para 81,95 centavos de dólar por libra-peso.
Do lado negativo da bolsa, ficaram o suco de laranja e o café em maio passado. Os contratos de suco de laranja concentrado e congelado recuaram 3,10%, a US$ 2,5929 por libra-peso.
Já os contratos de segunda posição do café arábica fecharam em queda de 2,34%, a US$ 1,8446 por libra-peso. O mercado de café foi dominado pela volatilidade no último mês, em alguns momentos influenciado pela alta no mercado de robusta em Londres, em outros refletindo o clima favorável para a safra brasileira em 2023/24.
Fonte: Valor Econômico.