A safrinha de milho desta temporada 2021/22 no Brasil segue em condições favoráveis no campo na maioria dos Estados produtores, com mais de 87% da área já semeada, segundo levantamento mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Nesta temporada, o cultivo respeitou a janela considerada ideal para a cultura e a tendência é de aumento de 41,8% da colheita em relação ao ciclo anterior, para de 86,1 milhões de toneladas. A quebra do ano passado também não tirou o ânimo do produtor em expandir área, visto que os preços internacionais e no mercado doméstico estão bem atrativos. A área plantada deverá ocupar 16 milhões de hectares, ante 15 milhões do ano passado.
O cenário inicial desta safrinha — que, apesar do apelido, é a principal do país — é bem diferente do observado em 2021. O produtor de milho bem que tentou investir mais para aproveitar as já firmes cotações do cereal no ano passado, mas seca e geadas em grandes Estados produtores frustraram os planos e causaram uma quebra de mais de 20% na produção, com prejuízo bilionário para a atividade.
Dados da Spark Inteligência Estratégia apontam que os agricultores investiram 30% mais na compra de sementes na última safrinha, com a comercialização do insumo passando de R$ 7,9 bilhões. O aumento pode ser justificado por dois motivos, explica a consultoria: houve aumento de área, mas também o agricultor quis um produto com mais tecnologia.
“O produtor tem apostado em híbridos modernos para controle de lagartas. Essas tecnologias também apresentam tolerância a herbicidas e constituem hoje ferramentas estratégicas ao manejo de lavouras”, afirma Raquel Ribeiro analista de mercado da Spark que coordenou o estudo que ouviu mais de 3 mil agricultores.
No monitoramento da consultoria, de 2019 para 2021 a biotecnologia de terceira geração saiu de 23% para 63% da área semeada no ciclo. As cultivares de segunda geração alcançaram 30% do plantio, enquanto a primeira geração respondeu por 1% do total. Em outros 7% não houve nenhum uso de tecnologia.
Raquel ressalta, no entanto, que o incremento não tem a ver somente com o aumento de área plantada. “A pesquisa revela que o produtor de milho prioriza genética de qualidade, biotecnologia de ponta e sementes tratadas para buscar mais produtividade e rentabilidade”, acrescentou.
O investimento, em parte, mostrou ser efetivo na redução do uso de agrotóxicos, outro item que tem grande peso na planilha de custos do agricultor. A pesquisa da Spark mostrou que 57% das áreas cultivadas em 2021 tiveram ao menos uma aplicação de lagarticidas, enquanto este índice estava acima de 70% há dois anos.
Fonte: Valor Econômico.