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CNA deve formalizar denúncia de cartel nesta quarta-feira

Amanhã, a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) deve concluir, juridicamente, uma denúncia de formação de cartel por parte dos frigoríficos, a ser encaminhada à Câmara dos Deputados, para investigação. Segundo a instituição, as maiores empresas do setor criaram uma tabela unificando o preço do produto, independente da região.

Nas últimas duas semanas, a CNA tem conclamado o setor a se unir, boicotando os abates, para reverter um quadro que chamam de cartelização do setor. Por isso, desde o último dia 18, os pecuaristas diminuíram o ritmo de entrega de animais. Eles também resolveram buscar soluções para a venda, como a formação de cooperativas e agências.

Em contrapartida, surgiu um boato no mercado de que uma investigação contra as indústrias poderia fazer com que países concorrentes do Brasil peçam para a Organização Mundial do Comércio (OMC) averiguar a formação de preços no país. “Não vamos nos intimidar porque a OMC não tem nada a ver com o mercado interno”, afirma Antenor Nogueira.

Segundo analistas de mercado, nos primeiros dias da retenção dos animais, houve reação nos preços. Mas a estiagem nas principais praças produtoras está forçando os pecuaristas a descartar os animais. “As escalas de abate dos frigoríficos praticamente se normalizaram”, diz o analista de mercado da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa.

Flávio Sisti, da FS Parceria Pecuária, diz que o movimento dos produtores não teve o resultado esperado porque o consumo interno está baixo e o clima tem afetado o mercado. “Nesta época do ano, geralmente o preço cai, pois estamos em plena safra”, diz o analista da corretora SLW, Rodrigo Simons.

Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Sérgio de Zen, há uma tendência de os pecuaristas venderem o gado somente para atender demandas financeiras imediatas. No entanto, como a maioria dos grandes frigoríficos têm plantas nos principais estados produtores, quando há falta de animal em um lugar, eles buscam em outro.

“As lideranças propuseram o boicote, mas cada pecuarista tem a sua necessidade financeira”, afirma o gerente-comercial do Independência Alimentos Ltda., João Luiz Mella. Segundo ele, nos primeiros dias do boicote houve uma empolgação da parte dos produtores, mas o movimento desacelerou e 90% do abate estão normalizados.

Para Mella, se os concorrentes do Brasil vierem a denunciar o País na OMC, a ação dos pecuaristas se configurará como “um tiro pela culatra”. Outro grande frigorífico, o Friboi Ltda. informou que não teve dificuldades de abate nas últimas duas semanas e que só se pronuncia sobre a OMC se a denúncia ocorrer.

De acordo com Rosa, os 17 maiores frigoríficos do Brasil detêm 98% das exportações, que no ano passado totalizaram US$ 2,5 bilhões, e os sete maiores ficam com 30% dos abates no Brasil.

Fonte: Gazeta Mercantil, adaptado por Equipe BeefPoint

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