As novas regras para o Sisbov foram baixadas de forma unilateral, sem a devida participação dos principais interessados, segundo o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira.
Segundo Nogueira, no momento de aprovar as mudanças, foi uma surpresa. O documento não continha nenhuma das recomendações feitas pelos produtores.
Além disso, disse Nogueira, no momento de aprovar as medidas, a composição do Comitê Técnico estava desequilibrada. “Apenas quatro representantes da produção e oito do governo e dos frigoríficos”.
“O documento era estarrecedor. As penalidades eram dirigidas apenas aos produtores, a ninguém mais”, acrescentou o representante da CNA.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Isabel Dias de Aguiar), adaptado por Equipe BeefPoint
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Está na hora de parar com esta mania de andar para trás no que se refere ai SISBOV.
Toda vez que se tomam medidas corretivas, vem uma ala, com teorias ultrapassadas.
Temos que copiar o que os europeus fazem quanto a rastreabilidade, pois esta é a única forma de vender no melhor mercado do mundo que é a Europa.
E na Europa o produtor que não rastreia corretamente não é punido, só deixa de receber os subsídios fabulosos. Quer punição maior que esta?
Mais uma vez a falta de visão!
É impressionante a falta de visão de cadeia de nossas lideranças. Ao longo do último ano e meio tivemos toda sorte de idas e vindas no SISBOV, fruto da falta de responsabilidade do MAPA, que por pressões dos ditos “líderes” da pecuária brasileira se negaram a implementar um sistema robusto e auditável.
Chegaram ao seu ápice na formulação de um sistema “factível para o pecuarista”, que de robusto e auditável não tinha nada, inclusive com aquela proposta ridícula de identificação com marca a fogo, do início do século passado, chamado de “ordem e progresso”.
O resultado? Uma visita a Bruxelas onde fomos todos considerados moleques, e onde nossas “lideranças” e seus argumentos foram simplesmente desconsiderados.
Pois bem, o passo seguinte foi a visita da missão européia ao país em setembro, quando nosso MAPA teve de se comprometer a implementar mudanças imediatas para evitar o embargo. E é isso o que está se tentando fazer.
O MAPA finalmente está entendendo que não adianta apenas escrever regras que um ou outro elo da cadeia pode ou deseja cumprir, mas sim os controles que nossos clientes e consumidores desejam ver atendidos. Neste sentido foi reiniciada a discussão do novo SISBOV.
Ao longo dos últimos anos temos investido em nutrição, genética, sanidade e mão de obra, além é claro de cumprir as exigências legais de pagamento de custos trabalhistas, impostos (Funrural, imposto de renda, CPMF, e tantos outros), e inclusive a contribuição sindical, que banca nossos “lideres” da CNA.
Pois bem, nestes dois últimos anos temos executado a rastreabilidade. Tem sido um novo desafio, é burocrático, exige controle, é honeroso, mas fazemos com o objetivo de garantir nossa presença no mercado internacional, e no nosso caso, temos sido remunerados por isso (aqui no RS o diferencial pode chegar a R$60/animal). Além da visão de cadeia, temos tido resultados econômicos e não queremos deixar de fazer!
Pois bem, ao tomar ciência da participação da CNA na última reunião do Comitê do SISBOV fica claro que o objetivo não é construir um sistema robusto e auditável, nos moldes daquilo que vemos como exigência e tendência de demanda de nossos clientes, mas sim a continuidade da tentativa inócua de convencer nossos clientes a legitimar a informalidade e a falta de controle dos produtos que estes clientes venham a adquirir.
Ao invés da busca do diálogo para operacionalização de um sistema mais robosto, vemos mais uma vez a tentativa de formalizar um sistema “para inglês ver”, Fica no ar a dúvida de que “nossas lideranças” estão mais preocupadas em manter as facilidades para os que não querem ter seus rebanhos controlados.
É lógico que um sistema robusto de rastreabilidade pode evidenciar desmandos tributários, dificultando o uso da pecuária como ferramenta de sonegação e lavagem de dinheiro, portanto, não é de se espantar que existam tantas pressões contra tal sistema.
O que não podemos aceitar é que os profissionais de pecuária, que pagam seus impostos, cumprem a legislação, investem no seu negócio e buscam a melhoria da cadeia da carne, sejam afetados pela insistência de alguns que usam a pecuária como ferramenta de desmandos tributários.
O SISBOV é voluntário, portanto, se estes últimos não desejam participar – pelos motivos que sejam – que não participem.
É imperativo que o MAPA construa um sistema operacionalizável e que atenda as demandas dos consumidores globais, para que nós, profissionais da pecuária, possamos continuar a ter a oportunidade de atender aos nossos atuais clientes e,futuramente, pleitear a abertura de novos mercados.
Felipe Verissimo
Pecuária de Corte – RS