O Brasil exportou US$ 690 milhões de carne bovina nos dois primeiros meses do ano, mas apesar dos bons resultados do comércio internacional de carne, o ano não começou bem para os pecuaristas brasileiros. Com os custos de produção em alta e os preços da arroba do boi praticamente estáveis, os produtores continuam perdendo renda.
O Brasil exportou US$ 690 milhões de carne bovina nos dois primeiros meses do ano, o que representa um aumento de 52,8% em relação ao ano passado, quando foram exportados US$ 451,6 milhões. O presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, acredita que esse crescimento se deve à gradativa retomada das exportações aos antigos mercados compradores, como a Rússia.
Mas, apesar dos bons resultados do comércio internacional de carne, o ano não começou bem para os pecuaristas brasileiros. Com os custos de produção em alta e os preços da arroba do boi praticamente estáveis, os produtores continuam perdendo renda desde o ano passado.
Os Custos Operacionais Totais (COT) aumentaram 0,59% somente em janeiro, enquanto o preço da arroba caiu 1% no período. As máquinas e implementos agrícolas foram os principais responsáveis por este aumento, de 1,27% em janeiro. Desde janeiro de 2006, a atividade perdeu 5,38% de margem bruta. O preço da arroba praticamente estagnou nos 13 meses.
Neste período, o real valorizou cerca de 6% em relação ao dólar. Os custos, em dólar, tiveram um aumento de 11,88%, enquanto os custos operacionais efetivos (COE) da atividade pecuária cresceram 12,62%. “O resultado disso é uma redução na competitividade brasileira no mercado internacional”, avaliou o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA.
Mas Nogueira acredita que a pecuária pode ter um cenário melhor este ano. “Apesar da desvalorização de 10%, acumulada desde 2003, há uma tendência de alta na arroba do boi este ano. O cenário é mais otimista para a pecuária, que nunca exportou tanto quanto nestes primeiros dois meses”, disse.
E o otimismo vem da tendência de queda na oferta de animais para os frigoríficos. “O pecuarista tem que prestar atenção e se abastecer de mais boi gordo. Esse é um ano em que temos tudo para recuperar as perdas que tivemos nos anos anteriores”, alertou o presidente do fórum.
Os setores envolvidos que mais se beneficiaram nos últimos anos foram os frigoríficos e varejistas. Levantamento divulgado em entrevista coletiva ontem, demonstra que, ponderados os preços de cada corte, a arroba do boi chega ao consumidor nos hipermercados 57,72% acima do valor pago ao produtor. Nos supermercados de classe média essa elevação chega a 113% e nas butiques de carnes o aumento alcança 138%. “Enquanto a indústria e o varejo não se conscientizarem da necessidade de passar um pouco da lucratividade para os outros elos da cadeia, vai ficar cada vez mais difícil para o pecuarista”, destacou Nogueira.
As informações são da assessoria de imprensa da CNA.
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Parabéns foi um otimo atirgo; principalmente por lembrar essa questão dos frigoríficos e varejistas que ficam com a grande parte dos lucros; essa questão tem q ser mais discutida pois cada dia que passa o produtor só vai se desvalorizando chegando a um ponto que não vai dar pra continuiar na atividade.
A classe produtora precisa se unir mais, se conscientizar de sua força na união e cobrar , exigir uma melhor distribuição da lucratividade. A desunião e falta de estruturação dos pecuaristas de corte é que propiciam esta distorção do mercado.