Marcello, parabéns pelo artigo. Você abordou com clareza um dos pontos centrais da reforma do Código Florestal, incluir ou não as áreas de preservação permanente na reserva legal, com números gerados pelos dois lados envolvidos (bastante próximos por sinal). A proximidade dos números do Ipam e da Embrapa me lembrou os cursos de negociação (ou resolução de conflitos, como prefiro) em que se ensina que é preciso haver uma "zona de acordo possível" para o conflito se resolver. Os números parecem indicar que há.
Marcello,
Parabéns pelo artigo. Você abordou com clareza um dos pontos centrais da reforma do Código Florestal, incluir ou não as áreas de preservação permanente na reserva legal, com números gerados pelos dois lados envolvidos (bastante próximos por sinal).
A proximidade dos números do Ipam e da Embrapa me lembrou os cursos de negociação (ou resolução de conflitos, como prefiro) em que se ensina que é preciso haver uma “zona de acordo possível” para o conflito se resolver. Os números parecem indicar que há.
Quanto maior o número de fatores envolvidos em uma negociação, maiores as chances de se encontrar um solução passível de ser aceita por ambos os lados, ao contrário do que em geral se imagina. Você cita “as dimensões continentais, as diversidades regionais e climáticas do Brasil, o tamanho das propriedades rurais, a quanto tempo as áreas já são usadas para produção agrícola e pecuária, bem como a localização dessas áreas com relação aos grandes centros de consumo”, e eu acrescento o tempo dado aos produtores para se adequarem ao novo Código. Há que haver entre as infinitas combinações destes fatores, uma solução que agrade a ambos os lados. Espaço para manobrar não falta…
O que parece faltar é interesse em resolver o conflito ao invés de “ganhar a briga”. Se não ajudou em nada o vexame palanqueiro do Ministro Minc, me assusta mais neste momento a postura da CNA. Quando da eleição da Senadora Kátia Abreu para a CNA, escrevi outro comentário mencionando que esse seria um divisor de águas na história da agricultura nacional, e não achava que a mudança era necessariamente para melhor.
Se a captura da relatoria do projeto fundiário da Amazônia pela Senadora, que claramente não representa o equilíbrio entre agro e meio ambiente, não parecia adequada, as mudanças introduzidas pela bancada ruralista no projeto são um vexame digno do nosso Legislativo. Lembram do editorial do Marcelo Carvalho sobre a competência em se promover que tanto falta ao agronegócio? Depois deste projeto é preciso dizer que “a mulher de César não basta parecer honesta, se não o for de fato.”
O agronegócio pode até comemorar no curto prazo, a depender dos vetos do Lula. Afinal, quando tudo parecia perdido frente a onda ecológica que varre o planeta, algumas pessoas jurídicas, latifundiárias da Amazônia, pegaram uma excelente carona num projeto destinado a pequenos produtores. No longo prazo, porém, temo pelo desgaste que o país como um todo, e o agronegócio em especial, vão pagar em termos de sua sua imagem nos mercados que queremos conquistar ao redor do mundo. Sera que valeu a pena?
A CNA está perdendo uma ótima chance de promover uma nova agricultura brasileira. O pacto pela soja ecologicamente responsável (que balançou feio nos últimos dias) e projeto semelhante que se desenha para a carne são o caminho para calar Irlandeses protecionistas e eco-xiitas. Fazer valer o discurso de que podemos crescer muito sem derrubar uma única arvore é o que nos deve, urbanos e rurais, a CNA.