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Código Florestal: ruralistas e ambientalistas em trégua

Em clima de hostilidade desde o início do governo Lula, dirigentes ambientalistas e ruralistas esboçaram ontem, 22, durante seminário promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sobre meio ambiente e produção de alimentos, uma aproximação política que pode resultar em uma proposta consensual de alteração do Código Florestal Brasileiro, em vigor desde 1965.

Em clima de hostilidade desde o início do governo Lula, dirigentes ambientalistas e ruralistas esboçaram ontem, 22, durante seminário promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sobre meio ambiente e produção de alimentos, uma aproximação política que pode resultar em uma proposta consensual de alteração do Código Florestal Brasileiro, em vigor desde 1965.

A presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), lançou a proposta de revisão do Código Florestal por meio de um “pacto nacional com sanção social”, baseado em conhecimento científico e dados econômicos e sociais. “Cometemos erros, mas não intencionais. O Brasil tem 56% de cobertura vegetal nativa original e o debate chegou a tempo de salvar o ambiente”, afirmou.

O acordo proposto pela CNA deveria conter um compromisso de “desmatamento zero” da floresta Amazônica, da Mata Atlântica, do Pantanal, das áreas de preservação permanente (APPs) e regiões “sensíveis” de topos de morro. Além disso, deve incluir o pagamento por serviços ambientais por “450 milhões de hectares preservados”, a legalização das áreas de agropecuária consolidadas e a descentralização da legislação ambiental da União para os Estados.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que estava à vontade diante da plateia de estudantes e dirigentes rurais, acenou com a abertura de um diálogo mais concreto com a bancada ruralista. “Aceitamos a ciência para mediar, porque fixar 80% como reserva legal na Amazônia é metafísica. Mas o debate sobre rastreamento do gado e uso da água são fundamentais.

Braço direito da ex-ministra Marina Silva, o ambientalista João Paulo Capobianco defendeu um amplo consenso sobre o tema. “Os ambientalistas sabem que é preciso um acordo. Ninguém quer acabar com a agricultura. Temos que eliminar o desmatamento e recuperar o que for possível”, disse.

Mesmo em clima amistoso, Kátia Abreu aproveitou o seminário para rebater ao que considera ataques de ONGs ambientalistas. “Estou cansada de “prêmio motosserra”, cansada de deboches. Acusações recíprocas não são boas. Temos que agir sem violência, raiva nem rancor”, afirmou, em clara referência ao Greenpeace. “Os produtores reagem porque foram provocados por ONGs que os colocam no canto do ringue”.

Produtor e consultor, o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli, disse que a tensão entre os dois lados tem levado experiências importantes, como a integração lavoura-pecuária-florestas, a ficar “no pelourinho”. Para o mediador dos debates, o ex-ministro Roberto Brant, a CNA tem dificuldades para dialogar com todos os segmentos do setor, e optou por uma “conservação compatível” com a produção agropecuária.

A matéria é de Mauro Zanatta, do jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.

0 Comments

  1. regynaldo zavaglia junior disse:

    otimo artigo!!! precisamos lutar para preservar nossos rios,nossas matas, mas precisamos incluir nas APP a reseva florestal; é o minimo!!!!

  2. Paulo Westin Lemos disse:

    Nós produtores já nos conscientizamos de que o que é econômico precisa ser ambientalmente e socialmente sustentável, ponto pacífico. Resta aos ambientalistas se conscientizarem que se não é econômico, não é sustentável. O sonho dos ambientalistas ONGs de tornar o Brasil um jardim botânico intocável é insustentável simplesmente porque o desenvolvimento econômico e social é fundamental para a sustentabilidade. A locomotiva vai andar de uma maneira ou de outra, então seria muito mais produtivo e eficaz, normatizar e conduzir o processo de desenvolvimento conforme as necessidades e cuidados que cada região precisa do que estancar, proibir, punir e prender simplesmente. Por quanto tempo será que se conseguirá manter por exemplo a Amazonia em seu estado primitivo, com as pressões sociais e econômicas crescendo sem parar. Ronaldo Caiado já disse há bastante tempo e com razão que o maior inimigo da natureza é a pobreza. Se não tomarmos cuidado, veremos não problemas ambientais por causa do desenvolvimento mas sim por causa da fome e falta de emprego e de opções de sobrevivencia dos povos de cada região.