Produtores e criadores de gado brasileiros estão preocupados com o impacto das alterações na cobrança da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre a competitividade do setor.
A mudança, em vigor desde 1o de fevereiro, elevou a alíquota do tributo de 3% para 7,6% e deve pressionar os preços dos insumos indispensáveis para a atividade pecuária, alerta o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira. “Existe um compromisso deste Governo de que não haveria aumento dos impostos. O Fórum exigirá que o Governo exerça uma fiscalização nos aumentos dos preços dos insumos decorrentes da mudança da Cofins, para que o setor não tenha novamente de pagar a conta de outros segmentos da economia”.
Segundo o estudo da CNA e do Cepea/USP houve em janeiro um aumento dos preços dos principais insumos pecuários, o que aponta uma antecipação do repasse do aumento da Cofins. O novo critério de não-cumulatividade do imposto afeta mais fortemente setores que dependem de matéria-prima importada, o que ocorre no ramo de e alimentação animal e fertilizantes, essenciais para o bom desempenho das pastagens e, portanto, da boa criação pecuária.
O estudo aponta que o Custo Operacional Total (COT) da pecuária de corte subiu 0,29% em janeiro, enquanto que o preço pago pela arroba do boi caiu 0,89% no período. Isso significa perda de renda para o produtor, o que vem ocorrendo desde o ano passado. Entre março e dezembro de 2003, o COT subiu 6,92%, enquanto que os preços pagos pelo boi aumentaram apenas 1,85%. Segundo Nogueira, essa redução da rentabilidade desestimula a atividade em médio prazo, podendo comprometer expectativas de expansão de rebanho.
Um dos sinais de desestímulo à atividade, apurado no estudo, foi a queda do interesse por investimento em pastagens. O mercado de sementes de forrageiras apresentou preços estáveis ou até mesmo em queda no mês de janeiro, época em que os produtores realizam compras desse produto. “Isso demonstra o desinteresse nos investimentos em melhoramento das pastagens”, disse Nogueira.
Fonte: CNA, adaptado por Equipe BeefPoint