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Coleta de amostras de forragem em pastagens

Muitos técnicos e produtores costumam coletar forragem no pasto para calcular a necessidade de suplementação para os animais. A coleta de amostras de forragem em pastagens, no entanto, é um desafio para técnicos, produtores e pesquisadores. A capacidade de selecionar o material a ser ingerido depende de uma série de fatores como, por exemplo, da oferta de forragem.

Na grande maioria das vezes, faz-se a coleta total do material, ou seja, o capim é cortado rente ao solo ou na altura do pastejo. Apesar de bastante simples, este método de amostragem não é adequado, pois o material recolhido não representa aquele que está sendo consumido pelos animais.

Santos et al. (2004) avaliaram a composição químico-bromatológica da forragem em uma pastagem diferida de braquiária decumbens no período da seca. Os autores coletaram o material a ser analisado de duas formas distintas: coleta total e com o auxílio de animais fistulados no esôfago. Na coleta total a forragem era cortada rente ao solo.

A figura 1 mostra os teores de proteína bruta, cálcio e fósforo e a digestibilidade “in vitro” da matéria seca do material coletado rente ao solo e com o auxílio de animais fistulados no esôfago.


Figura 1: Teor de proteína bruta (%PB), digestibilidade “in vitro” (%DIVMS), cálcio (%Ca) e fósforo (%P) de amostras coletadas em pastagens diferidas de braquiária decumbens pelo método de coleta total ( ð ) e com o auxílio de animais fistulados no esôfago (D).

Adaptado de Santos et al. (2004).

A partir dos resultados observados, Santos et al. (2004) concluíram que a dieta selecionada pelos animais em uma pastagem diferida de braquiária decumbens apresenta maior digestibilidade e maiores teores de proteína bruta, proteína insolúvel em detergente neutro e ácido, cinzas e fósforo e menores teores de fibras, carboidratos totais e magnésio quando comparada com os valores da forragem disponível.

A análise de amostras de forragem para auxiliar a formulação de suplementos, tanto minerais quanto protéicos e/ou energéticos, é interessante, porém apresenta uma série de limitações.

Dentre estas, se destacam a capacidade de seleção dos animais e o desconhecimento do seu consumo de matéria seca no pasto. Os dados de Santos et al. (2004) mostram claramente que o material colhido pelos animais apresenta um valor nutritivo superior ao material disponível.

A coleta de amostras com o auxílio de animais fistulados só se justifica em situações de pesquisa, pois exige animais especialmente preparados para isso. No entanto, a coleta do material total não é representativa do material consumido, podendo conduzir o técnico responsável pela formulação do suplemento a erros grosseiros.

No caso da área avaliada por Santos et al. (2004), por exemplo, o teor médio de fósforo no material total foi 0,06% e na extrusa foi de 0,29%. No primeiro caso (teor de 0,6% de P), o consumo de um suplemento mineral com 90 g/kg de fósforo para atender as exigências de novilhos nelore deveria ser superior a 130 g/dia, enquanto no segundo caso (0,29%), um consumo de 10 a 20 g/dia de suplemento seria suficiente.

A coleta de amostras simulando-se o pastejo dos animais (ou seja, tentando coletar as mesmas partes da planta que os animais em pastejo estão coletando), apesar de subjetiva, é uma alternativa mais indicada que a coleta total.

0 Comments

  1. Renan Fernandes da Costa disse:

    Muito Bom, parabéns aos autores, a amostragem de forrageiras é um bom dado se feita corretamente, e foi bom lembrar que se usada para se fazer suplementação, os animais são seletivos quanto a planta a ser ingerida, devendo se fazer amostras pré-selecionadas.