Com a redução do segundo giro do confinamento, o produtor tende a deixar o animal no pasto, evitando os altos custos dos grãos. Mas isso fará com que uma maior oferta de animais seja postergada, já que o gado leva mais tempo para ficar pronto para abate na pecuária extensiva.
A forte alta da arroba bovina no final de 2010 pode voltar a ocorrer neste ano, por conta de uma inesperada oferta restrita de bois para abate, uma vez que a alta dos grãos está limitando o número de animais em confinamento, disseram analistas e pecuaristas. “Não estou dizendo que os preços vão atingir os níveis recordes daquele ano, mas os preços devem manter a alta recente”, disse Maurício Nogueira, diretor da Bigma Consultoria.
Em novembro de 2010, os preços da arroba bovina atingiram níveis recordes, superando R$115,00 com base no indicador Esalq/BM&FBovespa, por causa da baixa oferta de boi gordo para abate. “Não estamos vendo uma entrada de boi (gordo para abate) como se esperava…”, explicou Nogueira. “Está muito semelhante ao que se viu em 2010”, acrescentou.
Ele lembra que naquele ano os preços da carne reagiram e os frigoríficos mantiveram o ritmo dos abates. E acrescenta que a alta da arroba neste ano também dependerá da reação dos preços da carne no varejo. Mas neste ano o salto nos preços de grãos, que compõem a ração, está levando os produtores a limitarem o número de animais confinados neste segundo turno —esses bovinos entrariam no mercado entre outubro e dezembro.
Com a redução do segundo giro do confinamento, o produtor tende a deixar o animal no pasto, evitando os altos custos dos grãos. Mas isso fará com que uma maior oferta de animais seja postergada, já que o gado leva mais tempo para ficar pronto para abate na pecuária extensiva. Inicialmente, a estimativa da Bigma para os animais terminados em confinamento era de crescimento acima de 4 milhões de cabeças, mas com a alta da soja e do milho a consultoria já trabalha com um número mais conservador.
O confinamento representa cerca de 10% do número total de abates estimado pela Bigma em quase 40 milhões de cabeças neste ano. Em relatório recente, o Rabobank também destacou que a oferta dos confinamentos pode ficar aquém do esperado inicialmente, refletindo o aumento do farelo de soja e do milho e os preços relativamente baixos dos futuros do gado.
O indicador Esalq/BM&Bovespa, base São Paulo, referência para o mercado físico, que estava em R$89,00 no início de agosto, atingiu na quinta-feira R$96,05. O cenário de alta diverge da expectativa inicial da indústria que esperava oferta maior de animais para abate, sinalizando um ciclo de baixa de preço no setor.
O diretor da Bigma ressalta ainda que a forte demanda interna e a recuperação das exportações de carne bovina também podem impulsionar os preços da arroba bovina. “Nós já vimos uma retomada das exportações brasileiras de carne bovina neste começo de semestre”, observou. E acrescentou que internamente o baixo nível de desemprego e a melhora da renda contribuem com o setor.
Fonte: Reuters, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.