Reposição Fêmea Nelore – 19/03/09
19 de março de 2009
Mercados Futuros – 20/03/09
23 de março de 2009

Com menor concorrência frigoríficos aumentam abates

Depois de reduzir em 31% os abates de bovinos no Brasil no último trimestre do ano passado, o JBS-Friboi começa a recuperar espaços, sobretudo os deixados por outros frigoríficos que saíram do mercado. Em janeiro, a empresa elevou os abates em 3% e em fevereiro, com a paralisação do Independência, esse percentual avançou para 17%. Outros grupos também estão aproveitando a oportunidade. O Bertin se movimenta rápido, já reativou o segundo turno em sua unidade de Campo Grande (MS) e contratou mais de 500 pessoas.

Depois de reduzir em 31% os abates de bovinos no Brasil no último trimestre do ano passado, o JBS-Friboi começa a recuperar espaços, sobretudo os deixados por outros frigoríficos que saíram do mercado. Em janeiro, a empresa elevou os abates em 3% e em fevereiro, com a paralisação do Independência, esse percentual avançou para 17%. Outros grupos também estão aproveitando a oportunidade. O Bertin se movimenta rápido, já reativou o segundo turno em sua unidade de Campo Grande (MS) e contratou mais de 500 pessoas.

No quatro trimestre de 2008, o JBS-Friboi abateu no Brasil 631,5 mil bovinos, 31% menos que no terceiro trimestre. A empresa informou recentemente que pretende aumentar os pontos de distribuição e contratar até 5 mil pessoas neste semestre para fazer frente à ampliação dos abates esperada para o Brasil.

O Bertin conseguiu expandir em torno de 25% seu abate nos meses de janeiro e fevereiro. No último trimestre de 2008, o grupo abateu 606,4 mil cabeças (queda de 14% em relação ao trimestre anterior), o que significa, a grosso modo, uma média de abate de 201,4 mil animais por mês. Esse número elevou-se para 254 mil em janeiro deste ano e para 251 mil em fevereiro. “Reduzimos em relação ao terceiro trimestre como ação preventiva frente às incertezas em relação à demanda de mercado e à sua capacidade de pagamento”, afirmou o Bertin, em nota.

O Bertin mantém de pé a previsão de inaugurar ainda no primeiro semestre deste ano a unidade de Diamantino, projetada para abater até 4 mil cabeças de gado por dia.

“As empresas estão se agilizando para ocupar a lacuna deixada por outros frigoríficos. Quanto mais o tempo passar, mais difícil vai ficar para o Independência retomar seus atividades”, avalia José Vicente Ferraz, da Agra-FNP. Quando anunciou sua recuperação judicial, em 5 de março, o Independência tinha previsão de retomar abates em Rondônia e em Mato Grosso na semana seguinte. Desde então, a empresa não falou mais com a imprensa, mas segundo apurou a Gazeta Mercantil, o grupo iniciou a demissão de alguns colaboradores, por enquanto, dos departamentos de Marketing e Sustentabilidade. A empresa não se pronunciou sobre a previsão de dispensar também colaboradores das unidades industriais. “O tempo passa, os custos fixos se mantêm e a empresa continua a perder vendas e clientes, tanto no mercado interno quanto no exterior”, avalia Ferraz.

O ex-ministro da Agricultura Marcus Vinícius Pratini de Moraes, atualmente consultor do JBS-Friboi, acredita que poucas negociações consistentes estejam rondando as empresas frigoríficas em dificuldades financeiras. “Antes, tínhamos um frigorífico à venda e 50 querendo comprá-lo. Hoje temos 50 à venda e um ou outro interessado”. Isso não pela constatação de que não há boas oportunidades, mas pela avaliação de que já há muita capacidade instalada no Brasil para pouca demanda, cenário que começou a ser desenhado desde o embargo da União Europeia e agravado pela crise, a partir de setembro.

“Nós, por exemplo, não temos a menor intenção de fazer nenhuma aquisição de frigoríficos este ano”, garante o presidente do grupo Marfrig, Marcos Molina. Como boa parte do setor no Brasil, o Marfrig encerrou 2008 com uma alta ociosidade nas plantas de bovinos. “Temos muito espaço para aumentar produção com o que já temos”, afirma Molina. O Marfrig, segundo ele, aprovou no final do ano passado investimentos de R$ 220 milhões para 2009, sobretudo para modernização e implantação de linha de cozidos e industrializados. “Já investimos R$ 284 milhões em 2008 e agora é hora de consolidar”, justifica Molina.

Pratini acredita que mesmo os grupos que possuem dinheiro em caixa para fazer aquisições estão preferindo aguardar o rumo da economia mundial para tomar decisões. “Além disso, para que comprar agora se os ativos podem se desvalorizar mais em três ou quatro meses”, avalia Pratini.

As informações são de Fabiana Batista, publicadas na Gazeta Mercantil, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.