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Com surgimento de mercados mais atrativos, Austrália exporta menos carne para a Rússia – e o Brasil?

O surgimento da Rússia como um mercado consistente e de bom tamanho para a carne bovina da Austrália desde 2008 forneceu uma alternativa valiosa aos tradicionais grandes mercados de exportação da Austrália, que são Japão, Estados Unidos e Coreia.

O surgimento da Rússia como um mercado consistente e de bom tamanho para a carne bovina da Austrália desde 2008 forneceu uma alternativa valiosa aos tradicionais grandes mercados de exportação da Austrália, que são Japão, Estados Unidos e Coréia do Sul. As exportações à Rússia ficaram em média 44.459 toneladas nos últimos cinco anos, posicionando o país como o quarto maior destino de exportação da Austrália.

Entretanto, embora a desaceleração inicial nos envios em 2012, para 31.054 toneladas, e mais declínios ocorridos no começo de 2013 (as exportações no primeiro trimestre caíram 52% com relação ao ano anterior) não tenham sido notícias boas para a indústria australiana, seu impacto foi bem pequeno, à medida que outros mercados absorveram essa carne bovina australiana adicional com sua maior demanda, especialmente China e Oriente Médio.

As exportações australianas à Rússia caíram em 2012, à medida que uma grande desvalorização da moeda brasileira aumentou sua competitividade no mercado às custas da carne australiana. Um aumento nos envios de carne paraguaia à Rússia, decorrentes das restrições de acesso a mercado de seu maior mercado, o Chile, também aumentaram a competição por carne bovina australiana. Ilustrando as questões de competitividade enfrentadas pela Austrália em 2012 está a comparação dos preços relativos do gado nesses três países.

Em 2012, os preços do novilho comercial brasileiro (São Paulo), quando ajustados para o dólar americano, ficaram em média US$ 329 por 100 quilos, enquanto os preços dos novilhos comerciais do Paraguai ficaram em média US$ 282/100 quilos. Por outro lado, o preço australiano indicativo no novilho ficou em média US$ 357 por 100 quilos, bem acima do preço do Brasil e do Paraguai. Essa diferença de preço, combinada com a moeda e com a tarifa preferencial de acesso que Brasil e Paraguai têm (11,25% comparado com 15% da Austrália) aumentaram os desafios de competitividade de preços enfrentados pelas exportações de carne bovina australiana à Rússia em 2012.

É interessante notar, quando se observa os preços relativos do gado no começo de 2013, que houve uma convergência significante entre os três países. Em março, o indicador australiano ficou em média US$ 336/100 quilos, enquanto o brasileiro ficou US$ 332/100 quilos e o paraguaio ficou US$ 323/100 quilos. Isso reflete uma redução nos preços do gado australiano e um aumento nos do Brasil e Paraguai (as taxas de câmbio permaneceram relativamente sem mudanças). Considerando que os preços do gado representam uma proporção significante dos custos de produção da carne bovina e ignorando a diferença no processamento e nos custos de envios entre os três países, que deveria ter se mantido relativamente estável durante esse período, teoricamente, a capacidade da Austrália de competir na Rússia em termos de preço teria melhorado.

Então, por que as exportações de carne bovina da Austrália permaneceram estáveis para a Rússia no começo de 2013 quando a competitividade de preços aumentou? As exportações recordes à China e Arábia Saudita no começo de 2013, ambos mercados onde o Brasil não entra, justificam isso em parte.

Como a Austrália tem uma competição limitada com o Brasil nesses mercados, os preços recebidos podem ser maiores do que em mercados onde o Brasil é um grande competidor. O Brasil, por outro lado, não tendo acesso a esses mercados, precisa vender carne bovina a preços menores nos mercados que tem acesso e competir com o produto australiano, sendo a Rússia um exemplo perfeito.

A carne bovina irá onde o preço for maior, de forma que os premiums que estão sendo pagos em mercados alternativos, particularmente naqueles onde o Brasil não tem acesso, estão direcionando o produto para outros mercados que não a Rússia, a preços maiores – ajudando a apagar o impacto das exportações menores do que o esperado da Austrália à Rússia em 2013.

Comentário BeefPoint: Quando teremos acesso a esses mercados que pagam mais, que a Austrália já acessa há muitos e muito anos?

A reportagem é do Meat and Livestock Australia (MLA), traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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