Os maiores frigoríficos do Brasil e da Argentina se uniram. Ontem, o Friboi confirmou a aquisição do Swift Armour S.A Argentina. O valor não foi revelado, mas estima-se que tenha atingido US$ 200 milhões. Com isso, a empresa brasileira torna-se a primeira multinacional de carnes do país. Para analistas, o negócio vai se tornar tendência no setor.
O Friboi adquiriu 85,3% do controle acionário do atual presidente da empresa, Carlos Oliva Funes, que continuará no cargo, com os 14,7% restantes, e dos fundos de investimentos JP Morgan Latin America e Greenwich Street. Parte da negociação foi financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que concedeu financiamento de US$ 80 milhões. Segundo o contrato, o frigorífico terá de gerar divisas para o país no valor correspondente a uma vez e meia do concedido, ou seja, US$ 120 milhões.
Juntas, as duas empresas devem exportar este ano US$ 900 milhões, 40% a mais do que em 2004. Na Argentina, a Swift tem duas plantas, enquanto o Friboi tem 14 unidades brasileiras.
Cota Hilton
“O que está em jogo em uma transação como essa é a cota Hilton”, diz o analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari. Na Argentina, o volume permitido de comercialização de cortes nobres com a União Européia é de 28 mil toneladas por ano, para apenas cinco mil toneladas anuais do Brasil.
O ex-presidente da Abiec, Edivar Queiroz, acrescenta que outras diferenças de mercado entre os dois países também influenciam negociações desse porte. “A Argentina pode ter aprovada a exportação de carne in natura para os Estados Unidos antes do Brasil”, afirma.
Para Molinari, as aquisições ou fusões são estratégicas para a conquista de mercados.
“Ou os frigoríficos nacionais se expandem para se tornarem gigantes no mercado internacional ou serão engolidos”, acredita o analista do Instituto FNP, José Vicente Ferraz. Para ele, uma negociação dessas é boa para o mercado interno, uma vez que fortalece a empresa nacional.
Mas Molinari acrescenta que, ao mesmo tempo em que o pecuarista terá um comprador com maior credibilidade, poderá perder mercado para os argentinos. “Ao invés de aumentar a produção nacional, o frigorífico pode, simplesmente exportar mais por outra planta”, afirma.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi) e Valor (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint