Desde anteontem, quando a UE anunciou a suspensão das importações, o mercado pecuário praticamente travou. As indústrias temem comprar boi num preço elevado pelo valor da carne que vai vender adiante, diz Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos. Segundo ele, mesmo que o Brasil restabeleça o comércio com a União Européia, o volume para o bloco econômico não será igual ao do último ano, da ordem de meio milhão de toneladas. Esse movimento de pressão baixista de preços é normal, na opinião de Sebastião Guedes, presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte. "É momentâneo, especulativo. Está faltando boi e vai continuar faltando no médio e longo prazos", afirma.
Desde anteontem, quando a UE anunciou a suspensão das importações, o mercado pecuário praticamente travou. As indústrias temem comprar boi num preço elevado pelo valor da carne que vai vender adiante, diz Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos. Segundo ele, mesmo que o Brasil restabeleça o comércio com a União Européia, o volume para o bloco econômico não será igual ao do último ano, da ordem de meio milhão de toneladas.
Revisson Bonfim, diretor para a América Latina da Fitch Ratings (agência de classificação de risco), diz que nos últimos anos a indústria brasileira se diversificou, justamente para evitar dependência da UE.
O movimento de baixa, acentuado pelo embargo europeu, potencializa o desempenho mais “bem comportado” que a carne bovina mostrava neste começo de ano, diz Márcio Nakane, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.
“Do ponto de vista do consumidor brasileiro, a situação tende a melhorar, pelo menos enquanto durar o embargo”, afirma Salomão Quadros, coordenador do IGP-M, da Fundação Getulio Vargas. Nos 12 meses encerrados em janeiro, a carne bovina subiu 23,29% no atacado e 21,86% no varejo.
Em Goiás, o aumento da capacidade instalada foi de 20% do ano passado para este e, a estimativa é de que a ociosidade hoje esteja justamente nesse percentual, segundo o presidente do Sindicato das Empresas e Derivados de Carnes (Sindicarnes) de Goiás, José Magno Pato. “Hoje temos oito frigoríficos, até então, habilitados para vender à UE. Juntos, eles somam capacidade de abate de 1,3 mil cabeças por dia. A partir de hoje, eles já estão com 20% de ociosidade”, informa Pato. Sobre a queda forte de preços, ele afirma que, de fato, houve “choque no mercado de boi gordo”, em todo o estado. “Os frigoríficos pisaram no freio de compra”, informa o presidente do Sindicarnes.
Esse movimento de pressão baixista de preços é normal, na opinião de Sebastião Guedes, presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte. “É momentâneo, especulativo. Está faltando boi e vai continuar faltando no médio e longo prazos”, afirma.
Outra preocupação neste momento é sobre o cumprimento dos contratos já firmados. O presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes, diz que é preciso que a Comissão Européia flexibilize para que seja embarcada toda a carne certificada e que está industrializada em todo o País e até a caminho dos portos.
“Mas eles estabeleceram que só embarcam carnes que já tivessem com o documento que marca a data que o navio vai sair. O restante das cargas, segundo ele, está sendo contida. “Há de 10 mil a 12 mil toneladas de produto aguardando embarque para a Europa nos portos brasileiros. Isso sem contar toda a carne contratada, que já está industrializada no interior do País”, acrescenta Pratini.
As informações são dos jornais Gazeta Mercantil e Folha de S.Paulo.