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Combate à aftosa supera fronteiras

Resumo

Enquanto um representante do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa) visita Monteagudo, na Argentina, para verificar possíveis focos da doença, o delegado federal do Ministério da Agricultura no Estado, Flávio Vaz Netto, determinou ontem ao chefe do Departamento de Defesa Agropecuária, Antônio Ângelo Amaral, que solicite o apoio da Polícia Federal para intensificar a fiscalização de carros e pessoas que cruzam a ponte internacional que liga Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, à cidade vizinha Paso de los Libres, na Argentina. A intenção é impedir a entrada de carne clandestina no Estado.

Em Salvador, termina hoje a 29a Reunião da Comissão Sul-americana de Erradicação da Febre Aftosa (Cosalfa), organizada pelo Centro Panamericano de Febre Aftosa, Panaftosa/OPAS/OMS, onde representantes de 11 países discutem diretrizes para erradicar a doença.

Em Pernambuco começa a primeira fase da campanha de vacinação deste ano, na qual o governo estadual tenta driblar a falta de recursos.

Leia a matéria completa:

O coordenador adjunto do Comitê Bacia do Prata, Pitta Pinheiro, e o técnico Gilfredo Darsie, representando o Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa), visitam hoje, na localidade de Monteagudo, na Argentina, estabelecimentos rurais a fim de averiguar os rumores de atividade viral naquela região, próxima à fronteira com o Estado do Rio Grande do Sul. “Vamos procurar elementos que confirmem ou descartem as suspeitas de aftosa”.

O dirigente fez questão de frisar que o Panaftosa foi convidado pelo próprio Serviço de Sanidade Animal da Argentina (Senasa) para a realização da vistoria. Na oportunidade, serão recepcionados às 11 horas no escritório do Senasa, na cidade de El Soberbo, pelo técnico de epidemiologia da entidade, Gastón Funes, e pelo coordenador provincial do Senasa em Missiones, Enrique Ciancagline.

Pitta negou que a equipe tenha sido impedida de ingressar na Argentina. “A programação previamente estabelecida para ontem não foi cumprida devido a um desencontro. Não havia um técnico do Senasa para nos acompanhar, então, retornamos”. A atividade, afirma, acabou sendo adiada para hoje. Segundo ele, não há atividade programada para Santo Tomé, município argentino que faz divisa com São Borja, sobre o qual há rumores de focos.

Panaftosa

Diretores de Departamentos de Saúde Animal de 11 países da América do Sul iniciaram, ontem, as discussões em torno de ações harmonizadas visando ao controle e erradicação da febre aftosa e à garantia de maior alcance em nível de cobertura através da parceria internacional. A meta dos países latino-americanos, dentro de uma situação que eles consideram de emergência, é a total erradicação da doença, que atinge o gado bovino, até o final desta primeira década do século XXI.

No Brasil, onde, de acordo com o Ministério da Agricultura, mais de 70% dos recursos alocados para a defesa da saúde animal são destinados ao combate da febre aftosa, 120 milhões dos 165 milhões de cabeças já estão livres da doença.

O evento, reunindo autoridades brasileiras, da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Venezuela e Uruguai, é a XXIX Reunião da Comissão Sul-americana de Erradicação da Febre Aftosa (Cosalfa), organizada pelo Centro Pan-americano de Febre Aftosa, Panaftosa/OPAS/OMS.

Além dos 11 países, participam da Cosalfa representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial, do Programa de Saúde Pública Veterinária da Organização Mundial da Saúde (Opas) em Washingon, e de outras instituições internacionais como a Usaid e a FAO.

As discussões prosseguem hoje, no Pestana Carlton Bahia Hotel. A agenda inclui a votação de temas como a análise da situação sanitária dos países, relatórios das auditorias na região do projeto da Bacia do Prata, propostas de trabalho para atividades de combate à doença no continente e diretrizes estratégicas do Plano Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa. Segundo o Programa de Saúde Pública Veterinária da Organização Mundial de Saúde, a febre aftosa é a principal doença animal em termos de impacto nas transações comerciais internacionais.

Fronteiras

Enquanto no Uruguai houve dois mil focos de febre aftosa durante o ano passado, o Brasil registrou 37 focos: 30 na região Sul, cinco na área da Amazônia, um em Roraima e um no Maranhão. Neste ano, ainda não foi apontada nenhuma incidência. No entanto, a doença está presente em países como Argentina, Paraguai, Peru e Equador. “A nossa preocupação agora é como atuar em conjunto no Cone Sul, pois a doença não respeita fronteiras”, afirmou o representante do BID, Basilo Souza.

O crescimento das exportações brasileiras, que, no ano passado, tiveram um incremento de 29%, no caso da carne bovina, confirma o controle da doença no País.

Segundo o diretor da Opas, EUA, Albino Belotto, a intenção dos Estados Unidos, que participa do encontro como ouvinte, é erradicar a doença do hemisfério, já que a presença da febre aftosa na América Latina representa uma ameaça muito próxima aos criadores norte-americanos. O medo é um fato, pois durante a reunião da Cosalfa, os EUA enviaram, além do representante da Opas, cinco técnicos do Departamento de Agricultura e um diretor da Usaid.

Bahia

A Bahia está na fase de consolidação como zona livre da doença, cujo certificado internacional foi concedido há um ano pela Organização Internacional de Epizootias (OIE). O grande trabalho do Estado está no controle das fronteiras de estados como Pernambuco e Piauí, que ainda não erradicaram a doença.

O controle também favorece a abertura às exportações, que agora dependem dos investimentos que estão sendo feitos em quatro frigoríficos, os quais estão se capacitando para obtenção do SIF internacional.

Pernambuco começa vacinação

A Secretaria de Produção Rural e Reforma Agrária (SPRRA) lança hoje a primeira fase da Campanha de Vacinação contra a Febre Aftosa em Pernambuco, com o desafio de driblar a escassez de recursos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa) ainda não liberou a verba de R$ 600 mil destinada às ações de defesa agropecuária. Enquanto o dinheiro não chega, o governo pernambucano inicia a campanha com R$ 300 mil dos cofres estaduais.

O diretor de Defesa e Fiscalização Agropecuária da SPRRA, Antônio Félix, diz que o ideal seria investir R$ 1 milhão em cada etapa da campanha. “Vamos torcer para que os recursos cheguem antes do encerramento da imunização no dia 30 de abril. Se isso não acontecer, tentaremos fazer o melhor trabalho possível apesar da limitação”, observa. A expectativa da secretaria é imunizar 95% do rebanho atual de 1,2 milhão de cabeças, superando o fraco desempenho da segunda fase da vacinação em 2001, quando pouco mais de 50% do plantel foi imunizado.

Félix explica que os recursos são destinados à divulgação da campanha, fator essencial para conscientizar os criadores de bovinos e bubalinos. Segundo ele, durante os 45 dias de vacinação o governo vai fazer publicidade em rádios, jornais e carros de som, além da distribuição de folders e panfletos com orientações aos pecuaristas. “Os animais que não forem vacinados até o dia 30 de abril, só poderão fazê-lo na segunda fase da vacinação, prevista para os meses de setembro e outubro”, alerta o coordenador da campanha.

Com isso, o criador perde o direito de receber a guia de trânsito animal, ficando impedido de participar de torneios, feiras e exposições agropecuárias, e de sair dos limites do Estado. Para fazer esse controle, Félix afirma que a secretaria está intensificando a fiscalização em todas as barreiras sanitárias fixas de Pernambuco e ampliando a inspeção com barreiras móveis.

A expectativa da secretaria é que não falte vacina para essa etapa da campanha. Segundo o diretor, o Estado fez uma previsão de 2,5 milhões de doses junto ao Ministério da Agricultura. “Na sondagem que fizemos, havia estoque suficiente”, calcula. Pernambuco tem hoje cerca de 250 estabelecimentos credenciados para comercializar o produto.

Ministério pede apoio da PF para conter carne clandestina

O delegado federal do Ministério da Agricultura no Estado do Rio Grande do Sul, Flávio Vaz Netto, determinou ontem ao chefe do Departamento de Defesa Agropecuária, Antônio Ângelo Amaral, que solicite o apoio da Polícia Federal para intensificar a fiscalização de carros e pessoas que cruzam a ponte internacional que liga Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, à cidade vizinha, Paso de los Libres, na Argentina.

O objetivo é coibir a entrada clandestina de carne argentina. O produto está sendo adquirido por moradores de Uruguaiana em açougues do outro lado da fronteira. Em apenas um estabelecimento da zona comercial de Paso de los Libres, cerca de 500 quilos de carne com osso foram comercializadas para brasileiros nos últimos sete dias. O produto era procedente da província de Entre Rios, onde dezenas de focos de febre aftosa foram registrados no ano passado. A entrada clandestina coloca em risco o programa de erradicação da aftosa no Estado.

Os moradores de Uruguaiana passaram a comprar carne na Argentina depois da desvalorização do peso em relação ao dólar. A desvalorização deixou os preços dos produtos argentinos atrativos para os habitantes da fronteira.

Até à tarde de ontem, a Polícia Federal não havia recebido nenhuma solicitação para auxiliar os agentes do ministério na fiscalização dos veículos que passam pela aduana integrada de Paso de los Libres. Amaral deve acompanhar hoje a fiscalização em Uruguaiana. O Chefe do Serviço de Sanidade Animal do Ministério da Agricultura no Estado, Hélio Pinto, disse que uma campanha de educação sanitária será um somatório aos trabalhos de fiscalização realizados pelo agentes do ministério, pela Brigada Militar e pela Polícia Federal.

Fonte: Correio do Povo/ RS, Zero Hora/ RS (por Mauro Maciel), Gazeta Mercantil e A Tarde/ BA (por Silvia Nascimento), adaptado por Equipe BeefPoint

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