O segundo dia do Seminário Internacional de Vigilância em Sanidade Animal e Zoonose tratou das doenças que acometem os animais e podem ser transmitidas ao homem, como a Raiva, Leptospirose, Tuberculose, Hidatidose, Teníase e Cisticercose. Os participantes do painel destacaram o ineditismo e a importância do seminário em reunir profissionais das áreas da saúde e da sanidade animal, ressaltando que somente ações integradas como esse evento podem ajudar no combate e erradicação dessas doenças. O painel foi encerrado com a participação da secretária estadual da Saúde, Maria Luiza Jaeger.
A secretária destacou o papel fundamental da educação e saúde na vida das pessoas. “Precisamos de maior conscientização da população, dos trabalhadores, dos grandes e pequenos produtores. Precisamos de mudanças, não somente em nível econômico, mas também social. Precisamos, acima de tudo, de uma mudança de comportamento”. Maria Luiza enfatizou ainda a importância de ações intergovernamentais, tanto no âmbito municipal, como estadual e federal, com maior compromisso e engajamento na produção de alimentos, saneamento e recursos hídricos.
Leptospirose
Entre as doenças destacadas, está a leptospirose, transmitida pela urina do rato, e que demanda mais de R$ 1,2 milhão por ano, em gastos com internações hospitalares, no Brasil, através do Sistema Único de Saúde. A médica e coordenadora de Doenças Transmitidas por Vetores e Antropozoonoses do Ministério da Saúde, Rosely Cerqueira de Oliveira, observa que, no Rio Grande do Sul, a incidência é de 5,35 casos para o universo de 100 mil habitantes, com maior ocorrência registrada no meio rural, em agricultores em idade ativa. O índice de mortalidade está entre os menores do País. Em outras regiões do Brasil, a doença é sazonal e urbana, relacionada especialmente com a ocorrência de inundações. Para intensificar o combate à leptospirose, a médica recomenda uma melhor capacitação da vigilância sanitária, além de alertar os profissionais para a comunicação dos casos, possibilitando, dessa forma, a investigação dos focos.
Tuberculose
O médico pneumologista da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Carlos Tietboehl Filho, destacou que o Brasil apresentou, no ano passado, 90 mil novos casos de tuberculose, 90% dos casos registrados em adultos e na forma pulmonar. O pneumologista destaca que o Rio Grande do Sul já possui uma política de controle da doença, que pode ser curada se ele for tratada corretamente. Para o controle da doença no Estado, Tietboehl sugere uma ação integrada entre as áreas da Saúde e Agricultura, busca ativa de casos em trabalhadores rurais através de exames laboratoriais, além de um trabalho de conscientização sobre a doença e forma de tratamento, entre outras.
O representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Vitor Gonçalves, lembrou que hoje existe um sistema de controle da doença, mas falta a implantação de um programa de erradicação da tuberculose, com um sistema eficiente de vigilância e ação no foco, com o sacrifício dos animais e desinfecção das propriedades atingidas.
Hidatidose
Para a hidatidose, está implantado, desde 1993, um programa estadual de combate à doença. A coordenadora da Política de Zoonoses e Vetores da SES, Lúcia Mardini, observa que a doença nunca foi zerada no Estado mas, nos últimos dois anos, não foi registrado óbito devido à enfermidade. A região de maior incidência da hidatidose são os municípios limítrofes ao Uruguai e Argentina, onde o controle é feito em parceria entre a SES e a SAA.
Teníase e cisticercose
Já a teníase e a cisticercose são doenças transmissíveis pelo homem aos animais, que são seus hospedeiros intermediários e, por sua vez, transmitem novamente ao homem. Ações de saneamento básico e higiene, além da fiscalização sanitária, são formas eficientes para conter a doença, ressaltou Germano Biondi, da Universidade Estadual de São Paulo. O neurologista Paulo Mattana, que abordou a neurocisticercose, aconselha, ainda, que as pessoas fervam a água e nunca comam alimentos sem lavá-los muito bem, evitando também o consumo de carne crua.
Participaram do painel a médica e coordenadora de Doenças Transmitidas por Vetores e Antropozoonoses do Ministério da Saúde, Rosely Cerqueira de Oliveira, os representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Guilherme Henrique Figueiredo Marques e Vitor Salvador Gonçalves; o pneumologista da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Carlos Nunes Tietboehl Filho; a Coordenadora da Política de Zoonoses e Vetores da SES, Lúcia Mardini; o diretor da Comissão de Luta contra a Hidatidose do Uruguai, Daniel Orlando; o professor da Universidade Estadual de São Paulo/Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública, Germano Francisco Biondi; e o neurologista e neurocirurgião e professor do departamento de Neurologia da Universidade de Caxias do Sul/RS, Paulo Ricardo Mattana.
Fonte: Governo do Estado do Rio Grande do Sul, adaptado por Equipe BeefPoint