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Comércio exterior de Goiás merece atenção

O crescimento econômico sustentável e simétrico do País está diretamente relacionado a uma melhor distribuição da participação dos estados da Federação no comércio exterior.

Historicamente, os Estados de São Paulo e Minas Gerais respondiam juntos por metade das trocas comerciais realizadas pelo Brasil. O Estado de São Paulo chegou a ter 37% das exportações e 48% das importações totais do País. Minas Gerais respondia por 15% das vendas externas e 7% das importações.

Em que pese os dois Estados ainda permaneçam na liderança do comércio exterior brasileiro, verifica-se uma mudança importante no que tange a diminuição da distância – ainda que limitada – entre os estados e no eixo exportador e importador brasileiro.

No que se refere ao Estado de Goiás, há dados relevantes, que merecem especial atenção para uma melhor visão sobre a atual posição do Estado em relação ao restante do País. A análise desses dados deve se dar com cautela para que se garanta um julgamento criterioso sobre o tema.

No ranking de onde se instalam as principais empresas exportadoras e importadoras, o Estado de Goiás se situa nas posições de 15o e 120, respectivamente. Vale ressaltar, entretanto, que Goiás ocupa a 8o colocação quando se trata do número de novas empresas exportadoras.

Mais importante, ainda, é ressaltar e reconhecer o avanço do Estado na relação daqueles que mais avançaram em suas importações. Goiás aumentou sua participação nas trocas comercias com outros países em 66%, entre os anos de 2003 e 2004.

A posição de 3o lugar na liderança dos que mais avançaram nesse período merece especial atenção, pois o comércio internacional é uma via de mão dupla, ou seja, quanto mais o Estado se internacionalizar e aumentar suas relações internacionais, mais as suas exportações tenderão a seguir a mesma trajetória.

No entanto, o Estado de Goiás ainda se situa atrás dos Estados que mais ganharam participação no comércio exterior brasileiro, entre 1993 e 2004, ficando à margem de Estados como Paraná, Mato Grosso e Rio de Janeiro, nas exportações, e Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul, nas importações.

É importante que se verifiquem os entraves ao comércio exterior do Estado e que se responda uma questão fundamental: qual a razão do pequeno e concentrado desenvolvimento do comércio exterior no Estado de Goiás?

Outros dados que não poderia deixar de registrar são os de que o Estado de Goiás ocupa a 11o posição no ranking dos estados que mais exportam e 13o no ranking das importações. A variação das exportações entre 2003 e 2004 foi positiva em 28%. No entanto, o Estado responde por somente 1,4% do total das exportações brasileiras.

Os Municípios que mais se destacam nas exportações do Estado de Goiás são em ordem de participação: Itumbiara (21%); Goiatuba (12,5%); Goiânia (7,4%); Rio Verde (3,8%). Luziânia e Anápolis figuram nas 11o e 12o posições de maiores Municípios exportadores e com 1%, cada, na participação do total.

Cabe registrar que o Estado de Goiás, ainda, é extremamente dependente do setor primário para a manutenção da sua economia. É fácil perceber isso quando se verifica que, dos quinze principais produtos exportados pelo Estado, doze são provenientes do agronegócio. No total das exportações do Estado a soja representa 52%, carne bovina 12,5%, aves 5,7%, couros 2,9%, carne suína 2,1%, algodão 1,9%, alimentos 1,2%, milho 1,2%, leite 1%, açúcar 0,8%, têxteis 0,6% e peixes e crustáceos 0,4%. Ou seja, 81% das exportações goianas são provenientes do agronegócio.

A evolução do volume das exportações de Goiás – considerando a sua participação no comércio exterior desde o ano de 1993 a 2004 – não demonstrou grande avanço, uma vez que registrou um tímido aumento de 0,6% para 1,4% do total Brasil, ao longo do período.

Considero que o aumento da capacidade exportadora do Estado de Goiás, em que pese alguns bons números apresentados, ainda está aquém da sua capacidade e dos benefícios amplamente reconhecidos e aceitos que essa atividade poderia trazer para o Estado.

Em função das informações apresentadas, fica o questionamento sobre as razões pelas quais as exportações de Goiás tiveram um comportamento tão tímido. Deve-se analisar aonde o modelo vem falhando, em relação e comparação aos demais estados da Federação e a suas próprias necessidades de maior asserção competitiva.

É preciso que uma reflexão a respeito dessa situação considere claramente e identifique as restrições existentes, ao planejar-se iniciativas de base para o desenvolvimento de um programa de incentivos.

Falta ao Estado de Goiás, a meu ver, a adoção de políticas institucionais e a sua aplicação adequada com vistas a atingir, com sucesso, os objetivos desejados, como investimento básico em ciência e tecnologia, melhoria do ensino básico ao superior e da infra-estrutura básica para o desenvolvimento dos negócios privados.

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