Fechamento 11:50 – 15/01/02
15 de janeiro de 2002
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17 de janeiro de 2002

Comitê Veterinário da UE aprova reabertura parcial das exportações argentinas

O Comitê Veterinário da União Européia (UE) aprovou ontem a reabertura parcial para as importações de carne bovina provenientes da Argentina, a partir de 1o de fevereiro.

O aparecimento da febre aftosa no segundo maior produtor de carne da América do Sul foi oficialmente reconhecido em março do ano passado. A doença propiciou o fechamento dos principais mercados para o produto exportado pela Argentina: União Européia, EUA e Canadá.

“Será praticamente uma abertura total. Ainda existem alguns problemas nas províncias de La Pampa e Santiago del Estero, mas o mercado está sendo reaberto”, mencionou uma fonte do governo.

A Argentina promoveu um programa de vacinação do rebanho bovino e duas missões de inspeção veterinária da UE visitaram o país no ano passado, para vistoriar o trabalho de controle da doença. Segundo o Comitê Veterinário da UE, as autoridades argentinas equacionaram as principais preocupações em relação à doença e confirmaram que a aftosa foi erradicada, com exceção das duas províncias mencionadas.

A proposta aprovada pelo Comitê Veterinário ainda tem que ser referendada pela Comissão Européia. O comissário para Saúde e Proteção do Consumidor na UE, David Byrne, elogiou as medidas adotadas na Argentina para erradicar a doença.

Em 2000 a Argentina embarcou US$ 291 milhões em carnes bovinas para UE, considerando um total exportado de US$ 600 milhões. A UE tem um acordo de importação do produto com a Argentina, conhecido como Cota Hilton, para cortes especiais, o qual é revisado anualmente, sempre em junho. “Nós teremos acesso à nossa Cota Hilton. Desta maneira, teremos que trabalhar duro para atingir a cota até junho”, mencionou a fonte do governo.

Conseqüências para o Brasil

O embargo à carne argentina acabou favorecendo o Brasil. Com a Argentina – e também o Uruguai, até outubro – fora do mercado, os frigoríficos brasileiros conseguiram ganhar espaço em países como Chile, Israel e Alemanha.

A reabertura e a desvalorização do peso devem trazer de volta a concorrência do país, admite o gerente de exportação do frigorífico Bertin, Marco Bicchieri. Ele avalia, porém, que os frigoríficos argentinos “não estão dispostos a fazer loucura” para exportar, porque não têm interesse em derrubar os preços.

Para Bicchieri, num primeiro momento, os importadores devem segurar suas compras atentos ao comportamento dos exportadores argentinos.
“Os importadores devem deixar o Brasil de lado para comprar da Argentina”, aposta Elio Micheloni Jr, da Hencorp Commcor. Como os argentinos precisam vender, a oferta crescerá, pressionando as cotações no curto prazo, diz.

No entanto, para José Vicente Ferraz, da FNP, a Argentina só deve voltar a competir com o Brasil dentro de 90 dias. As turbulências na economia do país são um entrave para a retomada imediata das exportações. Um dos problemas, diz, são as linhas de crédito às exportações que precisam ser reativadas.

Fonte: Reuters, Estado de São Paulo e Valor Online (por Alda do Amaral Rocha e Fernando Lopes), adaptado por Equipe BeefPoint

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