Os grãos avançaram na bolsa de Chicago nesta quinta-feira, pautados por um movimento de correção técnica e ainda pela piora na condição das lavouras. Na soja, os contratos futuros para novembro, os de maior liquidez, subiram 3,23% (42,75 centavos de dólar), a US$ 13,6550 por bushel, e os papéis de segunda posição, para agosto, fecharam em alta de 2,68% (38,75 centavos de dólar), a US$ 14,8525 por bushel.
Segundo Marcela Marini, analista do Rabobank Brasil com foco no mercado de grãos e oleaginosas, os preços vêm “devolvendo” parte das quedas dos últimos pregões. “Nos últimas 30 dias, as cotações da soja caíram 2 dólares por bushel. Essa alta de hoje vem por uma correção, já que os fundamentos permanecem inalterados e houve piora nas lavouras americanas”, disse.
Segundo o USDA, na semana encerrada em 3 de julho, as lavouras em excelentes condições chegaram a 63%, outras 28% estavam em condição regular e 9% em condição ruim. Na semana anterior, os percentuais eram de 65%, 27% e 8%, nessa ordem.
Ainda de acordo com a analista do Rabobank, a tendência é de instabilidade nos preços até o início da colheita da safra americana. “Enquanto não tivermos a consolidação dos números da safra nos EUA, muita coisa pode acontecer nas lavouras.
Até o início da colheita, temos a expectativa de um mercado mais volátil”, complementou.
Milho
Após as quedas recentes, o milho também voltou a subir em Chicago. Os contratos mais líquidos, para dezembro, fecharam em alta de 1,92% (11,25 centavos de dólar), a US$ 5,9625 por bushel, e os papéis de segunda posição, para setembro, avançaram 1,54% (9,25 centavos de dólar), a US$ 6,09 por bushel.
O movimento de correção técnica deu suporte aos preços no fechamento de hoje, diz Marcela Marini. Segundo ela, nos últimos 30 dias, o cereal recuou 1 dólar por bushel. A piora nas condições das lavouras do EUA é outro elemento de sustentação dos preços.
Na semana encerrada em 3 de julho, o percentual de lavouras em excelentes condições chegou a 64%, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). As plantações em condição regular eram 27% do total, e as que estão em condições ruins somavam 9%. Na semana anterior, os percentuais eram de 67%, 25% e 8%, respectivamente.
De acordo com a analista, as lavouras de milho americanas vêm sendo prejudicadas pelo clima seco desde o início do plantio, e novas preocupações ainda estão no radar. “O período mais crítico para as lavouras será no fim de julho, quando as plantas estarão em fase de enchimento de grãos. Devemos redobrar a atenção sobre as condições a partir daí”, disse.
A tendência ainda é de chuvas insuficientes em áreas produtoras dos EUA. “Os modelos de previsão do tempo de oito a 14 dias mostram precipitação abaixo do normal para grande parte do Cinturão do Milho”, destaca, em relatório, o Zaner Group.
Em informação que diz respeito à demanda, a Administração de Informações de Energia (EIA, na sigla em inglês) informou hoje que a produção de etanol nos EUA caiu 1% na última semana. Esses dados servem de termômetro para o mercado de milho porque o cereal é a principal matéria-prima para fabricação do biocombustível no país.
Trigo
Após a queda no último pregão, o trigo fechou em forte alta na bolsa de Chicago. Os contratos para setembro, que são os de maior liquidez, subiram 3,98% (32 centavos de dólar), a US$ 8,3650 por bushel.
Segundo analistas, os futuros de trigo subiram devido à recente liquidação de grãos em Chicago, que tornou o cereal dos EUA mais atraente para compra no mercado global. “A oferta mundial de trigo de qualidade para moagem permanece confortável, especialmente com o produto da Ucrânia em grande parte bloqueado por causa da guerra com a Rússia”, disse Arlan Suderman, da StoneX, em nota à Dow Jones Newswires.
Sobre as condições das lavouras de trigo de inverno, o USDA informou que 31% apresentaram boas condições na semana encerrada em 3 de julho, 26% estavam em condição regular e 43% em situação ruim. Na semana anterior, os percentuais eram de 30%, 27% e 43%, respectivamente.
Já a colheita de trigo de primavera nos EUA alcançou 54% da área na semana encerrada em 3 de julho. No mesmo período do ano passado, a colheita havia ocorrido em 43% da área. A média dos últimos anos para essa data é de 48%.
Fonte: Valor Econômico.