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Commodities: Com aversão ao risco, grãos recuam em Chicago

O trigo encerrou o dia em forte queda e liderou as baixas dos grão na bolsa de Chicago nesta segunda-feira. O contrato do cereal para maio, o mais negociado no momento, caiu 4,11% (45,25 centavos de dólar), a US$ 10,570 o bushel, enquanto a posição seguinte, para julho, recuou 3,75% (41 centavos), para US$ 10,5150 o bushel.

A China anunciou um lockdown no centro financeiro de Xangai, medida que alimentou a aversão ao risco nas negociações de diversas commodities agrícolas. No caso do trigo, além desse fator, a possível realização de uma nova rodada de tratativas para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia também pesou sobre as cotações.

Ontem, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que, como parte de um acordo de paz com os russos, está disposto a aceitar que a Ucrânia adote um “status neutro” em sua relação com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). “Esse foi o primeiro ponto-chave para a Federação Russa, se bem me lembro. E, pelo que me lembro, eles começaram a guerra por causa disso”, disse ele a jornalistas.

Durante o pregão, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que os embarques de trigo do país totalizaram 341,2 mil toneladas na semana até 24 de março, um aumento de 2,2% em relação à semana anterior. No anosafra, iniciado em 1º de junho, as exportações somaram 16,9 milhões de toneladas, volume 17% menor que o do mesmo período da temporada anterior (20,3 milhões de toneladas).

Os preços do milho também encerraram o dia em baixa, mas o declínio foi mais modesto que o do trigo. O contrato com vencimento em maio, o mais negociado, caiu 0,73% (5,50 centavos de dólar), a US$ 7,4850 o bushel. Já a posição seguinte, para julho, recuou 0,58% (4,25 centavos), para US$ 7,3050 por bushel.

Milho

O milho foi pressionado tanto pela forte queda do trigo — os dois cereais são concorrentes no mercado de ração animal — quanto pela do petróleo, uma vez que, nos EUA, o etanol é majoritariamente feito a partir do milho. O barril do petróleo tipo Brent para junho, referência internacional, caiu 6,7% em Nova York.

Nesta semana, o mercado deverá concentrar suas atenções nos relatórios de intenção de plantio e estoques trimestrais que o USDA vai divulgar na quinta-feira. O analista Karl Setzer, da AgriVisor, pontuou que o mercado espera uma redução de área para o milho em virtude do aumento dos custos de produção, em especial dos fertilizantes — a oferta do insumo foi bastante afetada pela guerra na Ucrânia.

“Embora a redução da área de milho neste ano por causa do aumento custos de produção não venha a ser uma surpresa, a diminuição pode ser mínima”, disse ele, em relatório. Setzer alertou que o mercado do cereal poderá ficar ainda mais suscetível a problemas climáticos na temporada 2022/23 porque a área plantada nos EUA, maior produtor do cereal no mundo, está bem ajustada.

Ainda durante o pregão, o USDA informou que os embarques de milho do país somaram 1,61 milhão de toneladas na semana encerrada em 24 de março, volume 7,3% maio que o da semana anterior. No comparativo anual, a queda foi de 10,2%. No ano-safra 2021/22, os americanos despacharam 29 milhões de toneladas, 14,6% menos do que no mesmo período do ciclo passado (34 milhões de toneladas).

Soja

Nas negociações da soja, o contrato com vencimento em maio, que é hoje o de maior liquidez, caiu 2,69% (46 centavos de dólar), a US$ 16,6425 o bushel. A posição seguinte, julho, recuou 2,47% (41,75 centavos), a US$ 16,4675 o bushel.

O grão foi pressionado pela queda do óleo de soja. O derivado, principal insumo do biodiesel americano, acompanhou o declínio do petróleo na sessão.

O USDA informou que os Estados Unidos embarcaram 628,8 mil toneladas de soja na semana encerrada em 24 de março, uma alta de 13,6% em relação à semana anterior e de 39,5% no comparativo com a mesma semana de 2021. No ano safra 2021/22, iniciado em 1º de setembro, os americanos já embarcaram 43,4 milhões de toneladas, 20% menos do que no mesmo período da temporada passada (54,3 milhões de toneladas).

E, assim como ocorreu no milho, o mercado ajustou posições para a divulgação do relatório do USDA. A expectativa é de que haja mudanças em relação às projeções divulgadas no início do ano, antes da guerra na Ucrânia.

A previsão anterior era de aumento de 1,5% na área de soja e redução de 0,9% na destinada ao milho. Até quinta-feira, a tendência é que o mercado de grãos siga volátil.

Fonte: Valor Econômico.

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