Secas no Sul podem levar a novos aumentos nos preços das carnes
19 de janeiro de 2022
MS deve registrar geada no inverno
20 de janeiro de 2022

Commodities: Com Rússia e Ucrânia no radar, trigo lidera alta dos grãos em Chicago

A escalada das tensões na fronteira entre Rússia e Ucrânia continuou oferecendo suporte consistente ao trigo negociado na bolsa de Chicago nesta quarta-feira. Os dois países são grandes fornecedores mundiais do cereal, e qualquer conflito entre os dois pode gerar consequências na oferta.

Nesse contexto, o contrato com entrega para março, o mais negociado, avançou 3,58% (27,50 centavos de dólar), a US$ 7,9650 o bushel. A posição seguinte, maio, teve alta de 3,73% (28,75 centavos de dólar), a US$ 7,990 o bushel.

Com as negociações travadas entre Estados Unidos e Rússia, o governo americano alertou na terça-feira que um ataque russo aos ucranianos poderia ocorrer “a qualquer momento”. Enquanto isso, o governo Putin segue aumentando sua presença militar na região fronteiriça.

Segundo agências internacionais, a Rússia tem mostrado insatisfação com o avanço do ocidente sobre seus vizinhos, e usa o imbróglio com a Ucrânia para passar um recado a outras nações e reafirmar sua soberania na região que engloba os países da antiga União Soviética.

“Qualquer invasão de tropas russas na Ucrânia elevaria drasticamente os preços mundiais dos grãos”, reforçou a AgResource. “Qualquer conflito desta ordem poderá gerar sanções econômicas às exportações agrícolas russas”, completou a consultoria.

O “The Wall Street Journal” informou nesta quarta-feira que o governo Biden aprovou US$ 200 milhões em nova assistência militar defensiva à Ucrânia, embora os EUA também tenham dito que não fornecerão força militar direta no caso de um ataque russo.

Com o impulso do trigo, o milho encontrou espaço para sua terceira alta seguida em Chicago. O contrato para março, o mais ativo, subiu 1,83% (11 centavos de dólar), a US$ 6,1050 o bushel. A posição seguinte, maio, também avançou 1,83% (11 centavos de dólar), a US$ 6,110 o bushel.

Sem grandes novidades para os fundamentos nesta sessão, o cereal contou, mais uma vez, com o apoio da forte alta do trigo e o bom momento do petróleo. Quando essas commodities se valorizam, aumentam a competitividade do milho produzido nos EUA.

“Milho e trigo parecem fortes nos gráficos, auxiliados por um dólar mais baixo e preços robustos do petróleo, e a soja também conseguiu se recuperar de seu menor valor em duas semanas”, resumiu à Dow Jones Newswires o analista Matt Zeller, da StoneX.

Ainda assim, o mercado segue monitorando a demanda pelo cereal dos EUA, que vem perdendo espaço na safra 2021/22 para os grãos produzidos na Ucrânia, por exemplo. Ademais, a depender da produção na América do Sul, poderá haver pouco espaço para o milho americano no mercado internacional.

Por fim, a soja também voltou a subir na bolsa de Chicago após acumular três quedas seguidas. O contrato para março, o mais ativo no momento, avançou 2,20% (30 centavos de dólar), para US$ 13,9125 o bushel. A posição seguinte, para maio, teve alta de 2,17% (29,75 centavos de dólar), a US$ 14,075 o bushel.

Segundo analistas, a alta decorre de dois fatores, sendo o primeiro de ordem técnica, em que os gráficos indicaram resistências importantes para os futuros. O outro é uma percepção de melhor demanda pela oleaginosa nos Estados Unidos — mercado referência para as negociações de Chicago.

Na terça-feira, a Associação Nacional de Processadores de Oleaginosas (Nopa, na sigla em inglês) indicou aumento de quase 2% no esmagamento de soja nos EUA, para 5,1 milhões de toneladas, acima da expectativa dos traders. Isso seguiu se refletindo na sessão desta quarta, com o farelo e o óleo subindo mais de 2% e oferecendo impulso extra ao grão.

Para além desta sessão, o mercado segue monitorando a previsão de chuvas para as áreas agrícolas do Sul do Brasil e da Argentina. No momento, espera-se que as precipitações ocorram por até duas semanas, mas, qualquer mudança neste cenário, poderá gerar volatilidade aos contratos.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.